Em ato alusivo ao Dia Nacional de Enfrentamento das Violências Sexuais contra Crianças e Adolescentes, Rogério Cruz destaca que profissionais da Educação recebem formação contínua para identificar possíveis casos de violência

O prefeito Rogério Cruz participou, na manhã desta quinta-feira (18/05), no Parque Campininha das Flores José Mulce, do “Dia D” para enfrentamento de violências contra crianças e adolescentes, ato que compõe a campanha “Faça Bonito”.

Promovido pela Secretaria Municipal de Educação, pela Rede de Atenção às Pessoas em Situação de Violência de Goiânia e Fórum Goiano de Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o evento – que é alusivo ao 18 de Maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, contou com a presença de profissionais das áreas de educação e psicologia, membros de Conselhos Tutelares, além de estudantes de colégios públicos municipais, estaduais e privados de Goiânia.

Rogério Cruz lembrou que a proteção das crianças e adolescentes é garantida pela Constituição Federal e prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “motivo pelo qual a administração pública e os demais poderes constituídos têm a obrigação de envidar todos os esforços possíveis no combate, conscientização e punição dos casos de abusos sexual contra crianças e adolescentes”, observou.

“Esse tema faz parte de nossas prioridades. A Prefeitura tem se empenhado vigorosamente nessa, que é uma luta de toda a sociedade e, a esse respeito, temos nos preocupado, sobretudo,com as crianças com deficiência. Quando assumi, tínhamos cerca de 19 salas preparadas para elas e hoje já chegamos a 50 salas”, afirmou Rogério Cruz.

O prefeito ressaltou que a formação e capacitação contínuas dos profissionais da educação assegura que “tenham um olhar apurado para identificar eventuais vítimas e conduzir os casos da melhor forma”. “Contudo, faço aqui também um apelo para que pais e responsáveis busquem observar suas crianças, e não apenas eles: qualquer pessoa, em qualquer ambiente, que perceba algum indício nesse sentido deve denunciar porque, infelizmente, isso ocorre em todo lugar, o tempo todo. Dentro das casas, empresas, locais de trabalho, locais de práticas de esportes, dentre tantos outros. É preciso denunciar. Não podemos permitir que isso ocorra impunemente” , pontuou o prefeito.

Rogério Cruz também dirigiu suas palavras aos estudantes presentes, orientando-os a não permitir que alguém lhes toque contra suas vontades e, ainda, que caso isso ocorra, tenham a coragem e confiança de denunciar a situação. “A administração pública municipal tem várias estruturas para o combate e acolhimento desses casos, e vamos continuar trabalhando para implementar mais e mais projetos com essa finalidade”, garantiu.

Prioridade
O secretário municipal de Educação, Wellington Bessa, afirmou que, embora esse seja um dos temas prioritários da gestão de Rogério Cruz, “de nada adianta todo o aparato ofertado se a sociedade, as famílias, os pais e responsáveis não se envolverem também com essa luta”. “O 18 de maio foi instituído justamente para que a sociedade reconheça que, infelizmente, essa é uma realidade que precisa ser combatida todos os dias, não apenas hoje. E que se trata de um trabalho conjunto, do qual todos devem participar”, pontuou.

Integrante da Rede de Atenção às Crianças, a psicóloga Railda Martins, da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), lembrou que 70% dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes são praticados por pais, padrastos e outros familiares, 80% desses dentro de casa e 45% cometidos de forma reiterada. “Ano passado, tivemos 35 mil ligações no disque 100. Isso não pode continuar”, lamentou. O Disque 100 é um serviço de informações sobre direitos de grupos vulneráveis e de denúncias de violações de direitos humanos.

O 18 de Maio foi instituído pelo Congresso Nacional, no ano 2000, como Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes em alusão àquele que ficou conhecido como “Caso Araceli”, referente à morte da menina brasileira Araceli Cabrera Sánchez, que foi assassinada em 18 de maio de 1973, aos oito anos de idade. Seu corpo foi encontrado seis dias depois do desaparecimento dela, desfigurado por ácido e com marcas de violência e abuso sexual. O crime completa 50 anos hoje e os acusados nunca foram punidos.

Cartas
Como parte da programação do “Dia D”, estudantes foram incentivados, antecipadamente, a redigir cartas com o tema “O que Araceli tem a nos dizer depois de 50 anos?”. O prefeito Rogério Cruz recebeu algumas delas e quis ler, aos presentes, uma que lhe chamou a atenção, redigida por três alunas do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicado à Educação, sob o título “Será que acabou para mim?”.

“Sozinho, perdido, marcado por mãos que não eram minhas. Confuso, encardido, lágrimas escorrem, e não entendo o porquê. Esses olhares que me queimam, me destroem, me distorcem, me desconcentram, me desconcertam. Deixei de temer o escuro, quando minha mente escureceu. Clamo por ajuda. Mas quem diz me ajudar, toma de mim se não o aceitar. Diz que minha mãe vai me matar, que vai me estrangular, um brinquedo vai me tirar, se eu não fizer o que mandar. Terror duradouro se formou em mim. Não me toque. A inocência é o principal. Muitos agem como tal, sem consciência do que a gente pensa. A angústia nos atormenta a infância. O mundo nos condena com sua própria insistência. A violência está onde o Conselho Tutelar não pode olhar. Um minuto. Um instante. Será que acabou para mim? Disque 100”.

Todas as cartas das escolas selecionadas para exposição ou leitura das atividades foram penduradas em varais pelo parque onde o evento foi realizado e comporão um e-book, que será entregue oficialmente à Prefeitura de Goiânia, ao Governo de Goiás, à Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e à Câmara Municipal de Goiânia.

Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) – Prefeitura de Goiânia