Silêncio e saudade dão lugar à esperança com vacinação em escola
Diretora da Escola Municipal Bárbara de Souza Morais, Benaia Miranda Pereira, relata o sentimento em gerir uma unidade escolar sem alunos, mas que cedeu o espaço para vacinação contra a Covid-19
Era 16 de março de 2020 quando os mais de 800 alunos dos três turnos da Escola Municipal Bárbara de Souza Morais estiveram pela última vez em uma de muitas salas de aula da unidade escolar, localizada na Avenida Uruguaiana, no Jardim Novo Mundo. A expectativa era que fosse apenas uma pausa e com o retorno breve já com pandemia sob controle. Após cerca de um ano, as salas continuam vazias e o espaço escolar deu espaço à vacinação contra o novo coronavírus.
“A escola que os estudantes deixaram para trás ainda conta com o silêncio e percorrer salas, corredores e espaços de convivência somente causa saudade”, conta a diretora Benaia Miranda Pereira, que trabalha desde 2016 na escola e está há seis anos na direção. Com os olhos lacrimejando e caminhando até a quadra de esportes, local onde ocorre a vacinação e a testagem ampliada, ela expressa que uma escola sem criança perde a vida. “Acostumados com a dinâmica de uma escola, nunca conseguiremos achar essa realidade normal”, diz.
Benaia Miranda lembra que, apesar de tudo, as atividades escolares nunca pararam, mas conforme ela, o ato de chegar à escola todos os dias ainda dá para sentir que algo não está completo. “Sempre falta aquele abraço, o sorriso às 6h50 da manhã cheio de energia positiva que alegrava os nossos dias”, pontua a diretora, acrescentando que os encontros virtuais têm diminuído a saudade e fortalecido o propósito de levar educação a todos os alunos, sempre preocupados com suas especificidades.
O espaço, que hoje tem ausência de movimentos e sons, está completamente cheio de memórias, saudades e esperança. “Abrir os portões às 7h50 para recepcionar as pessoas dos grupos prioritários, aptos a receber os imunizantes contra a Covid-19, foi uma honra para todos nós da Escola Municipal Bárbara de Souza Morais. O tradicional barulho foi transformado em amor e esperança pela vida, e está sempre presente no olhar de cada um ao entrar na escola para ser imunizado”, afirma.
A diretora conta que a parceria entre as secretarias municipais de Educação (SME) e de Saúde (SMS) foi extremamente profícua, uma vez que a escola faz parte do convívio social da comunidade. “Nos dias de vacinação e testagem ampliada, nós servidores da escola sempre somamos forças aos profissionais da Saúde, auxiliando na triagem, na organização de filas, no direcionamento das doses das vacinas e no cumprimento dos protocolos sanitários”. Ela disse que o pico de atendimento na escola chegou a 3,6 mil moradores da região no dia.
Na escola, a presença física precisou dar um tempo, mas eles, professores e alunos, sabem que é possível estarem juntos de um jeito diferente e com os sentimentos conectados. “A certeza das oportunidades por trás de uma escola vazia é a esperança em cada dia de vacinação. Vamos vencer esse desafio e logo poderemos viver juntos em uma escola repleta de alunos e educadores comprometidos com a educação plena e de qualidade”, conclui Benaia Miranda.
Mauro Júnio, da Superintendência de Jornalismo e Redes