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Língua Portuguesa – Narrativas ficcionais: dicas de leitura

Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.

Manager prioritizing tasks in to do list. Man taking notes, planning his work, underlining important points. Vector illustration for agenda, checklist, management, efficiency concept Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.

A leitura de narrativas ficcionais pode nos transportar para mundos imaginários, nos apresentar personagens fascinantes e nos envolver em histórias emocionantes. Para que possamos aproveitar ao máximo essas experiências literárias, é importante entender os elementos da estrutura narrativa, como enredo, tempo, espaço, personagens e narrador, bem como a construção do discurso direto e indireto. Neste texto, explore esses elementos e atente-se às dicas para melhorar a sua compreensão de narrativas ficcionais.

Elementos da estrutura narrativa

Enredo: é a sequência de eventos que compõem a história. Para compreendê-lo bem, procure identificar o conflito central, a ação que desencadeia esse conflito e como ele se desenvolve ao longo do tempo. Faça perguntas como: Quais são os eventos mais importantes? Como o problema foi resolvido? Isso ajuda você a entender a trama da história.

Tempo: Refere-se à ordem e à duração dos eventos na narrativa. Observe se a história ocorre no passado, presente ou futuro. Identifique se os acontecimentos são narrados em ordem cronológica ou se há flashbacks (quando a história volta no tempo). Dessa forma, você tem uma visão clara da sequência temporal dos acontecimentos.

Espaço: Refere-se ao local ou ambiente onde a história se desenrola. Para identificá-lo, observe as pistas transmitidas pelo autor para identificar o cenário da narrativa. Assim, você pode visualizar o ambiente e entender o contexto da história.

Personagens: são os indivíduos que desempenham papéis na narrativa e vivem as ações narradas. Identifique o protagonista (personagem principal), antagonista (personagem em conflito com o protagonista) e personagens secundários. Analise suas características, motivações e como elas se relacionam entre si. Isso ajuda você a entender as dinâmicas e o desenvolvimento dos personagens ao longo da história.

Narrador: é quem conta a história. Identifique se o narrador é um personagem da história (narrador-personagem) ou um observador externo (narrador-observador). Observe o ponto de vista do narrador e como isso afeta a maneira como a história é contada. Essa ação colabora para a sua compreensão do foco narrativo e da perspectiva da narrativa.

Construção do discurso

Discurso direto: é a reprodução literal das falas dos personagens. Para identificar seu emprego, observe os sinais de pontuação, como aspas e travessões, que indicam quando o discurso direto está sendo utilizado. Ao ler o discurso direto, você estará ouvindo diretamente o que os personagens estão dizendo, o que pode revelar suas emoções e intenções. Exemplo: 

Eu não posso acreditar que ganhei!“, exclamou Ana.

Laura logo pediu: 

Quero mais um pedaço de bolo!

Discurso indireto: o narrador relata o que os personagens dizem, mas não de forma literal. Preste atenção às palavras do personagem e às palavras que o narrador utiliza para relatar o diálogo dos personagens. O discurso indireto é introduzido por verbos como “disse”, “perguntou” ou “respondeu”, e, na sequência, há a presença das conjunções “que” ou “se”, por exemplo. Ao ler o discurso indireto, você receberá uma interpretação do que foi dito, acomodado pelo narrador.

Exemplo: 

Maria exclamou que não podia acreditar que tinha recebido o prêmio.

Lucas perguntou se o ônibus chegaria no horário.

Dicas para melhorar a leitura e compreensão de narrativas ficcionais

A seguir, leia algumas dicas para ampliar sua experiência e compreensão leitora de narrativas ficcionais.

Leia atentamente: reserve um tempo para ler com calma, prestando atenção aos detalhes e aos elementos narrativos. Faça anotações e destaque partes importantes da história. Observe como o tempo influencia o desenvolvimento do enredo, como o espaço afeta as ações dos personagens. Fazer essas conexões ajuda você a entender melhor a história como um todo.

Identifique as pistas contextuais: observe como o autor caracteriza o ambiente, os personagens e as emoções transmitidas. Essas faixas contextuais podem fornecer insights sobre a trama e os sentimentos dos personagens.

Imagine visualmente: ao ler, tente visualizar as cenas e os personagens em sua mente. Isso ajuda a tornar a história mais viva e envolvente.

Pergunte a si mesmo: faça perguntas durante a leitura para melhorar a compreensão. O que os personagens querem alcançar? Como os eventos se conectam? Por que o narrador escolheu contar a história dessa maneira?

Discuta sobre o texto com os outros: compartilhe suas impressões e interprete a história com colegas, amigos ou professores. Ouvir diferentes perspectivas pode enriquecer sua compreensão da narrativa.

Ao explorar os elementos da estrutura narrativa e a construção do discurso direto e indireto, você estará se capacitando para ler e compreender narrativas ficcionais de forma mais profunda. Lembre-se de ler com atenção, fazer conexões, identificar pistas contextuais, visualizar a história, fazer perguntas e discutir com os outros. Aproveite sua jornada pela literatura e deixe sua imaginação voar por esses cenários e personagens incríveis.

Para responder às questões, leia um fragmento da obra “Cinco Minutos”, de José de Alencar.

A D…

I

É uma história curiosa a que lhe vou contar, minha prima. Mas é uma história, e não um romance.

Há mais de dois anos, seriam seis horas da tarde, dirigi-me ao Rocio para tomar o ônibus de Andaraí.

Sabe que sou o homem o menos pontual que há neste mundo; entre os meus imensos defeitos e as minhas poucas qualidades, não conto a pontualidade, essa virtude dos reis, e esse mau costume dos ingleses.

Entusiasta da liberdade, não posso admitir de modo algum que um homem se escravize ao seu relógio e regule as suas ações pelo movimento de uma pequena agulha de aço ou pelas oscilações de uma pêndula.

Tudo isto quer dizer que, chegando ao Rocio, não vi mais ônibus algum; o empregado a quem me dirigi respondeu :

— Partiu há cinco minutos.

Resignei-me, e esperei pelo ônibus de sete horas.

Anoiteceu.

Fazia uma noite de inverno fresca e úmida; o céu estava calmo, mas sem estrelas.

À hora marcada chegou o ônibus, e apressei-me a ir tomar o meu lugar.

Procurei, como costumo, o fundo do carro, a fim de ficar livre das conversas monótonas dos recebedores, que de ordinário têm sempre uma anedota insípida a contar, ou uma queixa a fazer sobre o mau estado dos caminhos.

O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que deixou escapar-se um ligeiro farfalhar, conchegando-se para dar-me lugar.

Sentei-me; prefiro sempre o contato da seda à vizinhança da casimira ou do pano.

O meu primeiro cuidado foi ver se conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessas nuvens de seda e de rendas.

Era impossível.

Além da noite estar escura, um maldito véu que caía de um chapeuzinho de palha não me deixava a menor esperança.

Resignei-me, e assentei que o melhor era cuidar de outra coisa.

Já o meu pensamento tinha-se lançado a galope pelo mundo da fantasia, quando de repente fui obrigado a voltar por uma circunstância bem simples.

Senti no meu braço o contato suave de um outro braço, que me parecia macio e aveludado como uma folha de rosa.

Quis recuar, mas não tive ânimo; deixei-me ficar na mesma posição, e cismei que estava sentado perto de uma mulher que me amava e que se apoiava sobre mim.

Pouco e pouco fui cedendo àquela atração irresistível e reclinando-me insensivelmente; a pressão tornou-se mais forte; senti o seu ombro tocar de leve o meu peito; e a minha mão impaciente encontrou uma mãozinha delicada e mimosa, que se deixou apertar a medo.

Assim, fascinado ao mesmo tempo pela minha ilusão e por este contato voluptuoso, esqueci-me, a ponto que, sem saber o que fazia, inclinei a cabeça e colei os meus lábios ardentes nesse ombro, que estremecia de emoção.

Ela soltou um grito, que foi tomado naturalmente como susto causado pelos solavancos do ônibus, e refugiou-se no canto.

Meio arrependido do que tinha feito, voltei-me como para olhar pela portinhola do carro, e, aproximando-me dela, disse-lhe quase ao ouvido:

— Perdão!

Não respondeu; conchegou-se ainda mais ao canto.

Tomei uma resolução heróica.

— Vou descer, não a incomodarei mais.

Ditas estas palavras rapidamente, de modo que só ela ouvisse, inclinei-me para mandar parar.

Mas senti outra vez a sua mãozinha, que apertava docemente a minha, como para

impedir-me de sair.

ALENCAR. José de. Cinco Minutos; A viuvinha.  30 ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 13-14

QUESTÃO 1

No fragmento do texto de José de Alencar é possível identificar o narrador. Pelas pistas textuais identificadas, que tipo de narrador conta a história? Qual é o seu nome?

QUESTÃO 2

Releia o trecho:

 “O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que deixou escapar-se um ligeiro farfalhar, conchegando-se para dar-me lugar.

    Sentei-me; prefiro sempre o contato da seda à vizinhança da casimira ou do pano.

    O meu primeiro cuidado foi ver se conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessas nuvens de seda e de rendas.”

   Na narrativa, os termos “sedas” e “casimira” são alegorias. O que elas, respectivamente, representam?

QUESTÃO 3

No texto, a moça dá um grito porque:

(A) o ônibus dava muitos solavancos.

(B) o rapaz deu um beijo em seu ombro.

(C) o motorista não parou o ônibus.

(D) seu véu caiu.

QUESTÃO 4

Releia o seguinte trecho:

 “Meio arrependido do que tinha feito, voltei-me como para olhar pela portinhola do carro, e, aproximando-me dela, disse-lhe quase ao ouvido:

    — Perdão!

    Não respondeu; conchegou-se ainda mais ao canto.”

A respeito da construção do discurso direto no trecho acima, considere as seguintes afirmativas:

(I) Para indicar a fala do personagem, o autor utilizou o verbo de elocução “disse-lhe”.

(II) Após a palavra “ouvido”, o sinal de dois-pontos (:) indica a introdução do discurso direto no parágrafo seguinte.

(III) O travessão em “ Perdão” indica a fala dita pelo personagem.

(IV) O trecho “Não respondeu” é uma fala dita pelo personagem.

A respeito das afirmativas acima, estão corretas:

(A) Todas elas.

(B) Apenas I, II e III.

(C) Apenas II, III e IV.

(D) I, II e IV

QUESTÃO 5

No texto, o narrador conta sua história a alguém. Quem é essa pessoa? Comprove sua afirmação com um trecho do texto.

QUESTÃO 6

A história vivida e contada pelo narrador acontece em um tempo recente ou um tempo remoto ao da narração das ações? Comprove sua resposta com um trecho do texto.

QUESTÃO 7

Na narrativa, como a moça reage à “resolução heroica” do rapaz? O que sua ação sugere a respeito de seu interesse por ele?


Autoria:Marlon Santos
Formação:Letras – Português
Componente Curricular:Língua Portuguesa
Habilidade:(EF35LP26) Ler e compreender, com certa autonomia, narrativas ficcionais que apresentem cenários e personagens, observando os elementos da estrutura narrativa (enredo, tempo, espaço, personagens, narrador) e a construção do discurso indireto e discurso direto.
Referências:GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 2° Bimestre; Goiânia, 2023.