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Língua Portuguesa – Entre a fantasia e a realidade: texto ficcional e texto não ficcional

Olá, educando (a)! Esta videoaula de Língua Portuguesa para o Agrupamento F (6º ano) do Ciclo da Adolescência foi veiculada na TV no dia 02/08/2021 (Terça-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Os textos podem apresentar uma maior ou menor carga de veracidade e de semelhança com a realidade de uma dada sociedade. Contudo, a depender do objetivo de um texto, a fantasia possui lógica e até mesmo traços da realidade. O mesmo pode acontecer com o texto não ficcional. Reflita sobre essas diferenças. Bons estudos!

Assista agora a videoaula a seguir com a temática: Texto ficcional e não ficcional

Ciclo da Adolescência – Língua Portuguesa – Agrupamento F – 6º ano

Todo texto que relata um fato, seja ficção ou não, é denominado narração. Narrar é contar uma história. Sendo assim, a narração tem como centro a ação, o fato. Um texto narrativo é uma sequência de ações que se sucedem através do tempo e do espaço.

A narrativa pode ser ficcional ou não ficcional. A narrativa não ficcional (ou real), conta os fatos reais, sem recriá-los, limitando-se a mostrá-los como realmente aconteceram. Como exemplos temos: biografia, relato, resenha, artigo de opinião, ensaio, reportagem, notícia, entre outros. A narrativa ficcional (ou fictícia) cria ou recria fatos. Como exemplos temos: romance, novela, conto, crônica, fábula, parábola, apólogo, anedota, lenda.

No entanto, definir o que é ficção não parece ser uma tarefa fácil. Um relato autobiográfico, por exemplo, pode ser considerado ficção, mas, para outras pessoas, pode ser um texto factual ou histórico. Assim, como podemos dizer se um texto é ficção ou não? 

Leia o seguinte verbete:

[…] Pacto ficcional é o acordo que se estabelece entre leitor e texto, no sentido de não se questionar o estatuto fantasioso de uma obra. Esse pacto se realiza tanto a partir da leitura de obras literárias escritas em prosa, como contos, novelas e romances, dirigidos a adultos, jovens e crianças, como também a partir de obras em linguagens que mesclam o verbal e o visual, como novelas e séries televisivas, filmes, histórias em quadrinhos, tirinhas de jornal, desenhos animados e outras produções de vários gêneros. […] Há outros tipos de pactos de leitura, conforme as especificidades dos gêneros textuais, e dessa forma poderíamos pensar em pacto científico (para a leitura de trabalhos científicos como artigos, dissertações e teses); pacto factual (para a leitura de notícias, reportagens, relatórios, boletins de ocorrência) […] Ressalte-se, porém, que uma forma de pacto não precisa necessariamente excluir outra. Assim, podemos ler um romance relativizando o que pode ser mais ou menos calcado numa dada realidade ou ler um texto histórico pensando no quanto o historiador também pode ficcionalizar ao imprimir seu ponto de vista no relato.  

CORRÊA, Hércules Toledo. Pacto Ficcional. Glossário Ceale, 2004. 

De acordo com o texto lido, podemos relativizar o que é ficcional ou não, nesse sentido, uma história pode ser mais ou menos calcada em uma dada realidade, assim como um texto histórico pode apresentar algum fato fantasioso. A construção de sentido mais ou menos fantasioso, na leitura, acontece na relação leitor-texto.

Ficção é o estatuto fantasioso de uma obra, no qual vale a verossimilhança, isto é, a coerência entre o contexto inventado e as ações das personagens. Agora, leia um texto ficcional, um fragmento de “O Pequeno Príncipe”:

O pequeno príncipe

O pequeno príncipe atravessou o deserto e encontrou apenas uma flor. Uma flor de três pétalas, uma florzinha insignificante….

– Bom dia – disse o príncipe.

– Bom dia – disse a flor.

– Onde estão os homens? – Perguntou ele educadamente.

A flor, um dia, vira passar uma caravana:

– Os homens? Eu creio que existem seis ou sete. Vi-os faz muito tempo. Mas não se pode nunca saber onde se encontram. O vento os leva. Eles não têm raízes. Eles não gostam das raízes.

-Adeus – disse o principezinho.

-Adeus – disse a flor.

O pequeno príncipe escalou uma grande montanha. As únicas montanhas que conhecera eram os três vulcões que batiam no joelho. O vulcão extinto servia-lhe de tamborete. “De uma montanha tão alta como esta”, pensava ele, “verei todo o planeta e todos os homens…” Mas só viu pedras pontudas, como agulhas.

– Bom dia! – disse ele ao léu.

– Bom dia… bom dia… bom dia… – respondeu o eco.

– Quem és tu? – perguntou o principezinho.

– Quem és tu… quem és tu… quem és tu… – respondeu o eco.

– Sejam meus amigos, eu estou só… – disse ele.

– Estou só… estou só… estou só… – respondeu o eco.

“Que planeta engraçado!”, pensou então. “É completamente seco, pontudo e salgado. E os homens não têm imaginação. Repetem o que a gente diz… No meu planeta eu tinha uma flor; e era sempre ela que falava primeiro.”

 (SAINT-EXUPÉRY, Antoine de. O Pequeno Príncipe. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015, 62–64)

 Observe que no texto há situações ficcionais, que não acontecem em nossa realidade, como o fato de o principezinho dialogar com as rosas. Contudo, dentro da narrativa, esse diálogo faz sentido, possui uma lógica interna, portanto. Assim, o leitor, mesmo sabendo que é uma ficção, consegue acompanhar a história, compreender o papel de cada personagem e até relacionar as ações desses personagens com sua vida. Quando o pequeno príncipe fala com o eco, por exemplo, compreendemos que a situação é possível, uma vez que essa repetição causada pela reflexão de uma onda sonora por uma superfície acontece. Assim, a narrativa se apropria de um dado real e o emprega em uma situação ficcional.

Atividade

Você já ouviu falar em ficção científica? Esse gênero parte de descobertas científicas para criarem possibilidades ficcionais, geralmente, relacionadas ao futuro, ciência e tecnologia e seus impactos na sociedade. Pesquise um filme na internet pertencente ao gênero ficção científica e convide sua família para assistirem juntos. Ao término do filme, reflita e anote em seu caderno: quais acontecimentos do filme são ficcionais e quais não são? Mesmo os acontecimentos não sendo verídicos, no contexto da história, eles possuem alguma lógica?

Parabéns, você finalizou a atividade de Língua Portuguesa! Aguardamos você até a próxima! Bons estudos!

Habilidades trabalhadas

Habilidades(EF15LP15) Reconhecer que os textos literários fazem parte do mundo do imaginário e apresentam uma dimensão lúdica, de encantamento, valorizando-os, em sua diversidade cultural, como patrimônio artístico da humanidade.
(EF67LP28-A) Ler, de forma autônoma, peças teatrais, romances infanto-juvenis, contos, contos populares, crônicas, entre outros, levando em conta suportes e características.