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Língua Portuguesa – A crônica

 Olá, estudante! Esta videoaula de Língua Portuguesa para o 8º ano do Ensino Fundamental foi veiculada na TV no dia 24/11/2021 (quarta-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

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Você tem dúvidas a respeito do gênero crônica? Neste estudo, você poderá conhecer algumas características desse texto que é tão produzido por inúmeros brasileiros. Bons estudos!

Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.

8 ano – Língua Portuguesa

O gênero crônica é um texto, geralmente, curto, escrito em prosa, que retrata os aspectos da vida cotidiana. 

É muito comum encontrarmos crônicas em meios de comunicação como, por exemplo, jornais, revistas e sites jornalísticos. Uma característica forte desse gênero está relacionada também à sua extensão, uma vez que também possui uma “vida curta”, isto é, por retratar assuntos corriqueiros, do cotidiano, a crônica corre o risco de, facilmente, cair no esquecimento. Isso não quer dizer que ela vá perdendo seu valor com o tempo, mas, acaba ficando fora do contexto ao qual era muito conectada.

Inicialmente, esse gênero era exclusivamente voltado ao meio jornalístico, assumindo um estilo muito particular desse meio. Contudo, vários cronistas passaram a trazer para esse gênero o estilo literário de contistas e romancistas. Não é à toa que escritores como José de Alencar e Machado de Assis, grandes romancistas, produziram muitas crônicas. Desse modo, o gênero, com o passar do tempo, foi evoluindo e transitando entre o meio jornalístico e literário. Um fator muito importante para a “durabilidade” ou o fácil acesso, posteriormente, às crônicas foi a publicação delas em livros, pelos seus autores. Um grande exemplo é o cronista Rubem Braga, que escreveu mais de 15 mil crônicas. 

Dentre as principais características desse gênero, podem ser listadas sua aproximação com a vida cotidiana e com o leitor, os traços recorrentes de ironia e humor e sua brevidade.

Com tantas crônicas e cronistas, esse gênero passou a ser agrupado em tipos.

Crônica argumentativa

Nesse tipo de crônica, o autor defende alguma opinião e apresenta argumentos para justifica-la, porém, sem sentir-se obrigado a convencer o leitor. Seu objetivo é, basicamente, expor sua opinião por meio de uma linguagem leve, sem muitas formalidades.

Crônica narrativa

Essa crônica, como o nome já diz, narra uma história, verídica ou ficcional. Nela, há personagens em determinado tempo e espaço. Pode conter diálogos entre as personagens e pode ser escrita na 1ª ou na 3ª pessoa do singular.

Crônica poética ou lírica

Esse tipo de crônica poética trata-se de um texto em prosa em que o autor traz ao texto uma linguagem poética, com lirismo. Para isso, há o emprego de figuras de linguagens. Por seu caráter poético, nessa crônica o autor costuma retratar sentimentos e até se empenha em emocionar seu leitor.

Leia, a seguir, uma crônica de Carlos Drummond de Andrade 

Furto de flor

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.

Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida

Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.

– Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro, José Olympio, 1985. p. 80.

Observe que a crônica de Carlos Drummond de Andrade retrata um acontecimento da vida cotidiana do narrador de forma breve. A respeito desse acontecimento, o narrador apresenta seu olhar e sua reflexão para a responsabilidade que carrega ao tomar a decisão de furtar a flor.

Leia, a seguir, a crônica de Luís Fernando Veríssimo.

O homem trocado

O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.

     – Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.

  – Eu estava com medo desta operação…

  – Por quê? Não havia risco nenhum.

        – Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos…

        E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.

        – E o meu nome? Outro engano.

        – Seu nome não é Lírio?

        – Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…

        Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.

        – Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.

        – O senhor não faz chamadas interurbanas?

        – Eu não tenho telefone!

        Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.

        – Por quê?

        – Ela me enganava.

        Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:

        – O senhor está desenganado.

        Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.

        – Se você diz que a operação foi bem…

        A enfermeira parou de sorrir.

        – Apendicite? – perguntou, hesitante.

        – É. A operação era para tirar o apêndice.

        – Não era para trocar de sexo?

                                                              VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

Observe que, enquanto a primeira crônica apresenta um olhar reflexivo, esta se envereda pelo humor ao relatar uma vida toda trocada do personagem. Para compor essa história que parece surreal, por acontecer com apenas uma pessoa tantos equívocos, o autor utiliza erros que podem acontecer no cotidiano das pessoas. 

Atividade

Neste estudo, você conheceu um pouco sobre o gênero crônica. Aproveite as orientações e os exemplos dados para produzir sua crônica. Lembre-se de considerar um acontecimento cotidiano e atual para seu texto. Boa escrita.


Habilidade estruturante:(EF89LP33-A) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – romances, contos contemporâneos, minicontos, fábulas contemporâneas, romances juvenis, biografias romanceadas, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poema, dentre outros, 
Referências:https://www.significados.com.br/cronica/ 
https://www.todamateria.com.br/cronica/ 

Professor, essa aula segue a Matriz Curricular das Habilidades Estruturantes 2021-2021. Foi elaborada no ano de 2020, com a suspensão das aulas presenciais devido à pandemia da Covid-19 e segue as orientações de flexibilização curricular para o biênio 2020/2021 (Ofício Circular 147/2020 Dirped).