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História – Os discursos de ódio virtuais e sua relação com o racismo.

Olá, estudante. Esta videoaula de História foi veiculada na TV no dia 07/10/2021 (Quinta-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Nesta aula será apresentado questões relacionadas ao racismo na era digital. Problematizado a necessidade de se conhecer, identificar e combater o racismo e quaisquer outras formas de discriminação, seja por serem negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc.

Temática – História – Os discursos de ódio virtuais e sua relação com o racismo. Disponível em: <https://senadofederal.tumblr.com/post/107305524777/o-que-e-afinal-discurso-de-odio>. Acesso em: 13 de Setembro de 2021.

Assista a videoaula abaixo, com a temática – História – Os discursos de ódio virtuais e sua relação com o racismo.

HISTÓRIA | 9º ANO | ENSINO FUNDAMENTAL | PROF.: UILSON DUARTE

Os discursos de ódio virtuais e sua relação com o racismo.

Observem com extrema atenção a imagem abaixo:

Disponível em: <https://twitter.com/folha/status/617052697032814592?lang=pt>. Acesso em: 14 de setembro de 2021.

A imagem em questão faz referência à jornalista Maju Coutinho que foi escalada para ser âncora do Jornal Nacional da Rede Globo. Observem a imagem novamente e leiam as mensagens direcionadas a ela por vários internautas.

Hoje em nossa aula de história vamos analisar a sociedade sob alguns aspectos. Mesmo sendo uma sociedade miscigenada, multicultural nos deparamos com situações de racismo, preconceito para com negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc. 

O que precisamos de fato fazer para que isso não aconteça mais?

Precisamos debater, fornecer informações precisas e estudar para que tenhamos uma tomada de consciência e sejamos capazes de  construir  uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas.

Digamos não ao discurso de ódio! 

O que é, afinal, discurso de ódio? Vamos ler uma matéria produzida pelo Senado Federal.

“O discurso do ódio pode ser conceituado como o ataque a grupos étnicos, raciais, religiosos, minorias sexuais ou a qualquer outro grupo vítima de preconceito, inclusive em decorrência de origem territorial, caracterizado por pregar a intolerância em relação aos discriminados, buscando ou propondo, direta ou indiretamente, sua exclusão da sociedade, eliminação física, remoção do lugar em que vivem”, explica o Procurador da República Rômulo Moreira Conrado. E complementa: o discurso do ódio está longe de contribuir para a formação de um debate plural, por apresentar a pretensão de destruir um determinado segmento social.

Riva Sobrado de Freitas e Micheli Bordignon, da Universidade do Oeste de Santa Catarina, afirmam que o discurso de ódio é caracterizado por “atos de comunicação que inferiorizam uma pessoa com base em suas características (sexo, etnia, orientação sexual, por exemplo)”. Mas destacam, para que o ato de comunicação entre na categoria de discurso de ódio precisa ter dois elementos básicos: discriminação e externalidade.

A discriminação seria, de acordo com o artigo, atitude de marginalização e desqualificação que insufle o ‘desrespeito pelo diferente’ e reduza o ser humano à condição de objeto, além de causar “efeitos deletérios” em suas vítimas. A externalidade é “a transposição de ideias do plano mental (abstrato) para o plano fático (concreto)”.  Ou seja, o pensamento só se torna discurso de ódio quando é comunicado a outras pessoas.

O que é, afinal, discurso de ódio? Disponível em: <https://senadofederal.tumblr.com/post/107305524777/o-que-e-afinal-discurso-de-odio>. Acesso em: 14 de setembro de 2021.

Vou apresentar para vocês agora os resultados de uma pesquisa realizada por Luiz Valério P. Trindade (PhD em Sociologia | University of Southampton, UK) e vamos relacionar a pesquisa com o assunto que estamos estudando. Procure identificar na leitura elementos que nos ajudem a combater o racismo e o discurso de ódio.

Disponível em: <https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2018/07/FormasContemporaneasRacismo_Portuguese-final.pdf> Acesso em: 14 de setembro de 2021.

Contexto

Em seu mais recente relatório sobre racismo(28 de junho de 2021) , o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas classificou o racismo na internet e nas redes sociais como uma preocupação crescente em diversas sociedades. No Brasil, a base de usuários ativos do Facebook representa 58,3% da população, sendo que cada usuário passa, em média, 3:43 horas por dia conectado à plataforma. Tem havido um número crescente de casos relatados de racismo no Facebook no Brasil (11.090 casos em 2014), causando crescente preocupação junto à sociedade civil e, especialmente, entre a comunidade Negra.

Discursos racistas no Facebook podem causar impacto não somente na pessoa objeto do conteúdo depreciativo, mas também a seus familiares diretos e bem como a comunidade Negra mais amplamente.

Principais resultados

1. 81% das vítimas de racismo no Facebook no Brasil são mulheres negras de classe média, com ensino superior completo e na faixa etária de 20 a 35 anos.

2. Os usuários brasileiros do Facebook que se engajam na prática de disseminar intolerância racial são predominantemente homens (65,6% dos casos), em seus 20 e poucos anos. Além disso, para insultarem pessoas Negras, eles tendem utilizar vocabulário mais pesado (sobretudo palavrões) do que as usuárias do sexo feminino.

3. Foram identificadas oito categorias de eventos que desencadeiam a publicação de posts racistas contra mulheres Negras no Facebook:

a. expressar discordância com algum post ou comentário anterior de cunho negativo contra Negros;

b. evidência de engajamento com profissões consideradas mais ‘nobres’ e de prestígio (por exemplo: medicina, jornalismo, direito, engenharia, etc.);

a. relacionamento inter racial;

b. exercer posição de liderança ou bem-sucedida em programa de televisão ou até mesmo como convidada de honra;

c. desfrutar de viagens de férias no exterior (sobretudo em países localizados no Hemisfério Norte);

d. utilizar e/ou enaltecer a adoção de cabelo cacheado natural estilo Afro;

e. vencer concurso de beleza;

f. rejeitar proposta de relacionamento afetivo

9. No entanto, uma vez que casos de racismo chegam às manchetes de noticiários, os usuários do Facebook que postaram o conteúdo depreciativo geralmente adotam uma das seguintes iniciativas:

a. alteram o status de seu perfil de público para privado;

b. apagam o post depreciativo;

c. cancelam sua conta;

d. alegam que o post era tão-somente uma piada inofensiva.

Luiz Valério P. Trindade. Formas contemporâneas de racismo e intolerância nas redes sociais. 13 de agosto de 2018. Disponível em: https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2018/07/FormasContemporaneasRacismo_Portuguese-final.pdf acesso em 14 de setembro de 2021.

Além de apelar para a piada inofensiva, ou dizer que não teve intenção de ofender ou depreciar aparece a famosa justificativa: 

E cadê minha liberdade de expressão?

Disponível em: <https://www.facebook.com/JusticaGovBr/photos/a.264848146991103.1073741828.262699747205943/473425759466673/>. Acesso em: 14 de setembro de 2021.

Leia a publicação feita pelo Ministério da Justiça em sua página do Facebook em 3 de outubro de 2014.

Em publicação no Facebook, o Ministério da Justiça abordou o problema, associando-o à questão da liberdade de expressão: “Liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões e ideias. Entretanto, o exercício dessa liberdade não deve afrontar o direito alheio, como a honra e a dignidade de uma pessoa ou determinado grupo. O discurso do ódio é uma manifestação preconceituosa contra minorias étnicas, sociais, religiosas e culturais, que gera conflitos com outros valores assegurados pela Constituição, como a dignidade da pessoa humana. O nosso limite é respeitar o direito do outro”.

Tendo por base o que foi apresentado e as discussões geradas por esses temas, você se identifica como alguém que evita ou que combate esse tipo de comportamento ou em alguma medida você se identificou como participante desse discurso de ódio? Faça uma análise sobre suas ações e comportamento em sala de aula, em seu trato com com seus colegas.

Disponível em: <https://www.facebook.com/JusticaGovBr/photos/a.264848146991103.1073741828.262699747205943/473425759466673/>. Acesso em: 14 de setembro de 2021.

Revisão

Nesta aula foram apresentados dados, pesquisas e informações que visam combater qualquer modo de discriminação seja contra negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc. Essas exposições têm a intenção de despertar consciência e a construção de uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas em nossa sociedade.

Atividades

Questão 1 – Sobre as mensagens destinadas a jornalista Maju Coutinho:

A) O que vocês percebem nas falas dessas pessoas?

B) Identifiquem o porquê das agressões a jornalista?

Questão 2 – O que é um discurso de ódio?

Questão 3 – Explique a frase: “Não confunda discurso de ódio com liberdade de expressão”.

A atividade abaixo pode ser realizada em consonância com o componente curricular de Língua Portuguesa: (EF08LP03) Produzir artigos de opinião, tendo em vista o contexto de produção dado, a defesa de um ponto de vista, utilizando argumentos e contra-argumentos e articuladores de coesão que marquem relações de oposição, contraste, exemplificação, ênfase.

Questão 4 – A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabelece que: 

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988

PREÂMBULO

Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

TÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

(…)

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;

(…)

IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

(…)

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm acesso em 14 de setembro de 2021.

Releia os “princípios fundamentais” de nossa Constituição e em seguida escreva um texto dissertativo-argumentativo onde sejam debatidos e exemplificados esses objetivos da República Federativa do Brasil.


Habilidades estruturantes: (EF09HI26) Discutir e analisar as causas da violência contra populações marginalizadas (negros, indígenas, mulheres, homossexuais, camponeses, pobres etc.) com vistas à tomada de consciência e à construção de uma cultura de paz, empatia e respeito às pessoas.
Referências: BOULOS JÚNIOR, Alfredo. Sociedade e Cidadania. São Paulo: FTD, 2015.
DIAS, Adriana Machado Vontade de saber: história: 9° ano: ensino fundamental: anos finais / Adriana Machado Dias, Keila Grinberg, Marco César Pellegrini. — 1. ed. — São Paulo: Quinteto Editorial, 2018.
VICENTINO, Cláudio Teláris história, 6° ano: Ensino Fundamental, anos finais /Cláudio vicentino, José Bruno Vicentino. 1. Ed. São Paulo: Ática, 2018.