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Geografia – O mundo inteiro está globalizado?

Olá, educando (a). Esta videoaula de Geografia foi veiculada na TV no dia 12 de Agosto de 2021 (Quinta-Feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Na aula de hoje vamos compreender os três mundos propostos pelo geógrafo Milton Santos, a partir do processo de globalização.

Temática – Geografia – O mundo inteiro está globalizado? Disponível em: <pixabay.com/photo/>. Acesso em: 10 de Junho de 2021.

Assista a videoaula abaixo, com a temática – Geografia – O mundo inteiro está globalizado?

AGRUPAMENTO I| 9º ANO | CICLO DA ADOLESCÊNCIA |GEOGRAFIA | PROF.: AILTON

O mundo inteiro está globalizado?

A globalização não surgiu para servir ao capitalismo, mas foi apropriada por esse e possibilitou a sua expansão pelo mundo. Compreendemos a globalização pela interação e integração do globo mediado pelos fluxos de pessoas, informações, mercadorias e capital. Assistimos durante a última década do século XX o aumento desses fluxos, que intensificou o processo de globalização. 

Mas, a pergunta que fica é: O mundo inteiro está globalizado?  Não, acredite! Ainda é possível encontrar pessoas sem acesso a internet ou integradas ao mercado global, ainda que seja por nós conhecidas elas não estão inseridas nesse processo na mesma intensidade que você, que está lendo esse texto na internet por um equipamento em que seus componente provavelmente foram produzidos na China e com grande chances de ter utilizado minérios brasileiros. 

Ainda que a internet seja atualmente um dos principais meios de comunicação e pareça acessíveis a todos, essa não é a realidade para uma parcela significativa da população brasileira e mundial.  Existem lugares onde não encontramos sinal de internet 2G, 3G, 4G ou 5G e nem mesmo as conexões por cabo, conhecidas como ADSL (Linha Digital Assimétrica para Assinante). 

A exclusão, ou baixa inserção, desses povos no processo de globalização não se limita apenas à ausência de internet. Se torna visível nas diversas desigualdades presentes nesses territórios como deficiências no acesso à educação e saúde de qualidade, baixa tecnologia empregada nos setores produtivos, dentre outros. 

Três diferentes mundos de Milton Santos 

Milton Santos, geógrafo brasileiro, é um dos principais cientistas do nosso país, entre as suas contribuições para a ciência geográfica destacamos a compreensão da globalização como o estágio mais avançado do processo de internacionalização do mundo capitalista. Em sua obra Por uma outra Globalização, Milton Santos apresenta três diferentes mundos em um só: “O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.” (Santos, 2000, p.9)

O mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; Nessa perspectiva o autor compreende que existe uma fábula sendo contada pelos meios de comunicação e informação que nos trazem a ideia de uma aldeia global, é como se as distâncias do mundo fossem reduzidas e todo o planeta estivesse ao alcance das nossas mãos, onde tudo podemos conhecer e usar. Fortalecendo a construção da ideia de uma cidadania universal, a homogeneização do mundo pelo encurtamento das distâncias promovidos pela aceleração dos meios de transporte e comunicação. 

O mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; aqui compreendemos que ideia de aldeia global é frágil, pois apenas as pessoas que detém alto poder aquisitivo podem transitar livremente entre os países do globo, a lógica desenfreada de consumo estimulada pela mídia acentua as desigualdades sociais em todo o mundo. Essa é a globalização em que estamos inseridos onde ocorre o aumento da pobreza, as classes médias reduzem sua qualidade de vida, onde surgem novas doenças e os interesses do capital freiam as possibilidades de contenção, além do estímulo para a competitividade pautada pelo acúmulo de bens móveis e imóveis. Países centrais, quando se sentem ameaçados por altos fluxos migratórios constroem muros e barreiras para impedir o acesso dos migrantes aos seus territórios.

O mundo como ele pode ser: uma outra globalização; Milton Santos defende a possibilidade de uma outra globalização, mais humana e voltada para a cidadania. As mesmas bases que sustentam a globalização perversa podem servir para outros objetivos quando colocadas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos permitindo o surgimento de uma outra globalização. A quebra de patentes, das vacinas para COVID – 19, pode ser um bom exemplo de uma globalização centrada no bem estar coletivo e não na reprodução e ampliação do capital, vários laboratórios no mundo inteiro poderiam estar inseridos em todo o processo produtivo da vacina, desde os insumos até o produto final, ampliando a população vacinada em uma velocidade maior e reduzindo a pandemia causada pelo novo coronavírus.

Distribuição de alimentos no mundo  

A produção e distribuição de alimentos pelo mundo nos permite entender como a globalização perversa está presente em nossa sociedade e como seria possível pensar em uma outra globalização. Existia o medo de que a produção de alimentos fosse menor do que a demanda de consumo, que teria como resultado fome e subnutrição. 

Com os adventos da revolução verde na segunda metade do século XX, foi possível ampliar a capacidade produtiva com técnicas agrícolas mais eficientes, fertilizantes, sementes melhoradas, maquinários, defensivos agrícolas, entre outras. No entanto, a situação de pessoas em condição de fome e subnutrição ainda é uma realidade em nossa sociedade. De acordo com relatório da FAO (A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) são necessários, por pessoa, 2.500kcal e 65 de gramas de proteínas por dia e ainda que sejamos capazes de produzir alimentos suficientes para atender toda população mundial quase 900 milhões de pessoas, algo próximo de 12% da população mundial, não tiveram acesso a alimentação em quantidade e qualidade adequada. 

O continente asiático é o que apresenta o maior número de pessoas desnutridas em 2017, segundo a FAO, 515,1 milhões de pessoas, seguido pela África com 256,5 milhões. A alimentação adequada é um direito humano, sendo responsabilidade do Estado garantir o acesso ao alimento, à terra para produzir ou ao capital econômico para adquirir a comida. 

Vários fatores são responsáveis pela insegurança alimentar, entre eles destacamos: guerras e conflitos internos que inviabilizam o ciclo produtivo dentro de uma região, desperdício de alimentos causados pelo consumismo ou até mesmo pela pressão para aumentar o valor de um produto, mudanças climáticas, aumento da agricultura para exportação e o principal que é a pobreza não permitindo que a pessoas possam comprar os seus alimentos ou ter acesso a terra para cultivá-los.   

O médico e geógrafo Josué de Castro vai dizer que “A fome não é um fenômeno natural e sim um produto artificial de conjunturas econômicas defeituosas” (Castro, 1960, p.26). Nesse sentido entendemos que a fome no mundo não é provocada pela incapacidade produtiva e sim pela distribuição ou inacessibilidade aos alimentos. Aqui compreendemos a globalização perversa, onde encontramos possibilidades técnicas de erradicação da fome, mas não garantimos o acesso aos alimentos por questões econômicas, considerando que as mercadorias atualmente circulam o globo em velocidades cada vez maiores e em tempos menores. 

Atividade 

Questão 1 – Milton Santos defende a existência de três mundos a partir da globalização, leia o texto novamente e faça uma representação (desenho, poema ou um pequeno texto) de como você compreende cada um desses mundos.  

Questão 2 – Responda as questões abaixo e registre as respostas no seu caderno. 

a) O que seria uma outra globalização defendida por Milton Santos? Quais seriam as influências de uma outra globalização na sua vida?  

b) Cite quais e como as conjunturas econômicas impossibilitam o acesso aos alimentos.


Habilidade estruturante:(EF09GE05-B) Analisar fatos e situações para compreender o processo histórico da globalização, como a integração econômica, política e cultural, bem como os seus aspectos excludentes e promotores de desigualdades sociais mundiais.
Referências:ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 9° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas: 8° ano. 3° Edição. São Paulo: Moderna, 2018. CASTRO, J. O livro negro da fome. São Paulo: Brasiliense, 1960.EDUCA IBGE. Uso de internet, televisão e celular no Brasil. Disponível em:<https://educa.ibge.gov.br/jovens/materias-especiais/20787-uso-de-internet-televisao-e-celular-no-brasil.html>. Acesso em: 27 de abril de 2021.
RIBEIRO, W. C. Globalização e geografia em Milton Santos. In: El ciudadano, la globalización y la geografía. Homenaje a Milton Santos. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, núm. 124, 30 de septiembre de 2002. Diponivel em: <http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-124h.htm#:~:text=O%20ge%C3%B3grafo%20brasileiro%20teorizou%20e,a%20globaliza%C3%A7%C3%A3o%20e%20suas%20conseq%C3%BC%C3%AAncias.>. Acesso em: 13 de março de 2021.
SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988.
SANTOS, M. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000.