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Língua Portuguesa – Do caso ao causo, do relato ao poema.

Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 5ª Série da Eaja.

Temática – Língua Portuguesa – Do caso ao causo, do relato ao poema. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/34/Monumento_Cora_Coralina_3.jpg>. Acesso em: 05/08/2021.

A aula de hoje abordará a literatura de Cora Coralina, escritora goiana que foi reconhecida tardiamente e imortalizada pelas “estórias da casa velha da ponte”, são lições e relatos de um tempo carregados de valores. Vamos conhecer nesta aula o caso de uma preciosa porcelana que se quebrou, o acidente torna-se motivo de cruel castigo reservado as crianças daquela época que por descuido quebravam porcelanas.


Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – Do caso ao causo, do relato ao poema.

5ª SÉRIE | Eaja |LÍNGUA PORTUGUESA| PROF.ª: REGINA

Do caso ao causo, do relato ao poema.

Hoje, iremos estudar a um pouco sobre a obra de Cora Coralina, conhecida em tempo como Ana Lins Peixoto Bretas. Nascida em Goiás, Cora Coralina é um marco recente na literatura brasileira, suas obras foram reconhecidas de forma tardia, tinha 76 anos quando o seu primeiro livro foi publicado. Desde então sua literatura vem conquistando a crítica e o público, de forma singular a partir de relatos pitorescos, recortes de um tempo de assombrações e castigos severos reservados as crianças.

A autora não ficou presa a nenhuma corrente literária, não se filiou a nenhum estilo, apenas recontava casos de profunda sabedoria e com lirismo brilhante redigia seus poemas. Com estilo bastante particular foi poeta e grande contadora de histórias e causos de Goiás. 

Tanto em prosa com em poesia, o legado de Cora Coralina é real e imortalizado, não apenas pela escrita, mas pelos “tesouros” espalhados pela “casa velha da ponte” e pelas belezas históricas da Cidade de Goiás. Suas obras trazem um relato vivo de suas tradições e preceitos morais de uma época provinciana. E para melhor exemplificar a obra de Cora Coralina vamos mencionar o celebre poema: O prato azul-pombinho, trata-se de um conjunto de porcelana que narra uma história dos tempos de um imperador chinês. A bisavó é a voz enunciativa que conta de forma detalhada para sua neta os feitos desenhados na belíssima porcelana. No entanto o final do poema é marcado pelo cruel castigo de um pedaço de caco preso ao pescoço da criança como colar, evidenciado a punição por ter quebrado de maneira acidental a tão requinta porcelana.

CORA CORALINA – O PRATO AZUL-POMBINHO

(…)

E o castigo foi comutado

para outro, bem lembrado, que melhor servisse a todos

de escarmento e de lição:

trazer no pescoço por tempo indeterminado,

amarrado de um cordão,

um caco do prato quebrado.

O dito, melhor feito.

Logo se torceu no fuso

um cordão de novelão.

Encerdo foi. Amarrou-se a ele um caco, de bom jeito,

em forma de meia-lua.

E a modo de colar, foi posto em seu lugar,

isto é, no meu pescoço.

Ainda mais

agravada a penalidade:

proibição de chegar na porta da rua..

Era assim, antigamente.

Dizia-se aquele, um castigo atinente, 

de ótima procedência. Boa coerência.

Exemplar e de alta moral.

Chorei sozinha minhas mágoas de criança.

Depois, me acostumei com aquilo.

no fim, até brincava com o caco pendurado

E foi assim que guardei

no armarinho da memória, bem guardado,

e posso contar aos meus leitores,

direitinho,

a estória, tão singela,

do prato azul- pombinho.

(Cora Coralina, Melhores Poemas, Seleção Darcy França Denófrio)

A poesia apresenta uma metalinguagem entre a história da porcelana e a história da menina. A porcelana rara, bela com todos os seus desenhos e relatos, enquanto a menina vivencia o sofrimento do castigo. No trecho acima, Cora Coralina narra o cruel costume que existia na Goiás Velho do final do século XIX de castigar as crianças que quebravam uma louça amarrando um caco da mesma em seus pescoços pequenos.

Há relatos locais que dizem que a história se passa no finalzinho do século XIX na cidade de Goiás Velho, antiga capital do Estado de Goiás, onde ocorrem diversos episódios da infância da poeta, narrado de forma lúdica, dramática e envolvente.

ATIVIDADES

Questão 1 – As obras de Coralina estão dispersas na oralidade do povo goiano, e claro na citação de sua poesia, conheça um pouco mais assistindo ao vídeo: CORA CORALINA | Entrevista com a Poeta.

Vídeo: CORA CORALINA | Entrevista com a Poeta. Disponível no canal: Inspiração Literária.

Você observou que o vídeo faz um apontamento sobre as histórias da cidade de Goiás e as histórias de Cora Coralina? Tornando-as próximas da nossa linguagem e da nossa gente típica do interior.

Questão 1 – Agora chegou a sua fez, troque ideias com seus familiares e veja o quanto os modelos de educação eram severos. Discuta entre seus pares: era mesmo preciso castigar uma criança de forma tão dura para que ela de fato aprendesse? E atualmente, como nossa sociedade tem educado nossas crianças?


Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:LÍNGUA PORTUGUESA 
(EAJALP0547) Narrar e recontar histórias da tradição oral.
(EAJALP0462) Identificar e considerar as variedades linguísticas no contexto social.
(EAJALP0465) Compreender, em narrativas, os efeitos do narrador, dos personagens, dos conflitos e do clímax
Referências:Cora Coralina  recita “O prato azul-pompinho”. Site Tudo e poema. Disponível em:https://www.tudoepoema.com.br/cora-coralina-o-prato-azul-pombinho/ Acessado em 05/08/2021.