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História – A Revolução Francesa

Olá! Esta aula de História é destinada a educandos da 7ª Série da Eaja.

Temática – História – A Revolução Francesa. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Execu%C3%A7%C3%A3o_de_Robespierre_e_seus_c%C3%BAmplices..jpg>. Acesso em: 02 de Agosto de 2021.

Nesta aula procuramos responder à pergunta: por que aconteceu a Revolução Francesa?


Assista a videoaula abaixo, com a temática – História – A Revolução Francesa.

7ª SÉRIE | Eaja |HISTÓRIA| PROF.: ANÍSIO FILHO

A Revolução Francesa

Qual a melhor forma de organizar o governo e o poder? Uma pessoa sozinha deve mandar em tudo? Ou é melhor criar mecanismos para que o poder seja exercido por várias pessoas, de modo que um fiscalize o outro e as decisões sejam tomadas em conjunto? Uma pessoa ser dona das terras e das riquezas e distribuí-las de acordo com a sua vontade? Ou formar um patrimônio público para que o governo, formado por várias pessoas, decida como gastar? Antigamente os governos eram ocupados por uma pessoa só, o rei, que era dono de tudo e concentrava as decisões. Na França, no século XVIII, ocorreu uma revolução que foi o pontapé inicial da instauração de governos onde o poder é descentralizado. A Revolução Francesa, como ficou conhecida, é um dos mais importantes acontecimentos políticos do Ocidente, abriu caminho para as repúblicas. As mudanças foram tão grandes que os historiadores, a partir do século XIX, começaram a usar esse acontecimento como marco que inaugurou um novo tempo. Mas, por que essa revolução ocorreu? Como foi isso? É o que veremos.

A estrutura social do Antigo Regime

Eric Hobsbawm, um dos mais importantes historiadores do século XX, estudou a Revolução Francesa. Sua pesquisa nos permite observar o cenário e os acontecimentos que explicam por que houve uma revolução.

Para entender isso, é preciso lembrar que a sociedade francesa, no século XVIII, estava estruturada em três ordens: o clero, a nobreza e o povo. O clero e a nobreza desfrutavam de muitos privilégios. A terceira ordem, o povo, era formada por toda a população que não possuía título de nobreza nem pertencia ao clero; incluía a burguesia, um grupo formado basicamente por comerciantes, gente que se tornava cada vez mais rica e consequentemente com um peso político, mas que não possuía status social, nem desfrutava dos privilégios da nobreza e do clero.

Cinco fatores que levaram à Revolução

Pois bem, Hobsbawm aponta cinco elementos que nos ajudam a entender porquê a Revolução aconteceu.

I

No século XVIII, vivia-se um período de crise daquele modelo de sociedade. A burguesia tornava-se uma força social cada vez mais importante, fortalecendo ideias novas que defendiam a necessidade de mudanças na estrutura social. A França era a mais poderosa e em certos aspectos a mais típica das velhas e aristocráticas monarquias absolutas da Europa. Os conflitos entre os interesses do Antigo Regime e as novas forças sociais ascendentes eram mais agudos. Na década de 1770, o ministro Turgot não conseguiu aplicar um programa de reformas que visava modernizar a economia e a administração do país. Essas ideias de reformas foram difundidas em vários países mas, na França, fracassaram mais rapidamente diante da resistência dos poderes estabelecidos. Com esse fracasso, a burguesia transferiu suas esperanças numa monarquia esclarecida para o povo ou a nação, o que foi catastrófico para a monarquia.

II

A nobreza gozava de consideráveis privilégios como a isenção de vários impostos e o direito de receber tributos feudais. Mas a sua situação política e econômica não era boa. Politicamente, a monarquia absoluta a destituiu de sua independência e responsabilidade política e reduziu ao mínimo suas velhas instituições representativas, além de ter criado uma classe média governamental enobrecida. Economicamente, os nobres dependiam das rendas de suas propriedades ou de casamentos milionários, pensões e presentes. Os gastos que o status de nobre exigia eram grandes e cada vez maiores, a inflação tendia a reduzir o valor de rendas fixas. Os nobres recorreram a seu único e principal recurso: os privilégios de ordem. Invadiram os postos oficiais que a monarquia preferira preencher com homens da classe média. Para tentar neutralizar o declínio de suas rendas, usaram ao máximo seus direitos feudais para extorquir dinheiro e, mais raramente, serviços do campesinato.

III

Os camponeses compreendiam em torno de 80% da população. Eram em geral livres e, não raro, proprietários de terra. A grande maioria dos camponeses não tinha terra ou tinha em quantidade insuficiente, essa deficiência era aumentada pelo atraso técnico, o aumento da população intensificou a fome geral de terra. Tributos feudais, dízimo e taxas tomavam uma proporção grande e cada vez maior da renda camponesa, a inflação diminuía o resto. Só a minoria que possuía excedente constante para a venda se beneficiava dos preços crescentes. 

IV

O quadro foi agravado pelos problemas financeiros da monarquia, a estrutura fiscal e administrativa era obsoleta e a tentativa de reforma fracassou. A vitória contra a Inglaterra na guerra de independência americana foi conseguida à custa da bancarrota final. Várias tentativas fracassaram para reverter a situação em que os gastos excediam as rendas em 20%. A guerra e a dívida partiram a espinha dorsal da monarquia. A metade dos gastos do governo era consumida pelo serviço da dívida.

A crise deu à aristocracia a sua oportunidade. A primeira brecha no front do absolutismo foi uma assembleia de notáveis convocada em 1787. A segunda e decisiva brecha foi a convocação dos Estados Gerais, uma velha assembleia feudal, à qual não se recorria desde 1614. A Revolução começou como uma tentativa aristocrática de recapturar o Estado. Tentativa mal calculada por duas razões: subestimou as intenções independentes do Terceiro Estado e desprezou a profunda crise socioeconômica em que lançava suas exigências políticas. 

V

O Terceiro Estado representava o povo, nos Estados Gerais, obteve sucesso contra a resistência unificada do rei e das ordens privilegiadas porque representava não só a opinião de uma minoria militante e instruída, mas também dos trabalhadores pobres das cidades e do campesinato revolucionário. Uma limitada agitação reformista transformou-se numa revolução porque a convocação dos Estados Gerais coincidiu com uma profunda crise socioeconômica. 

Os últimos anos da década de 1780 tinham sido de grandes dificuldades para a economia francesa. Em 1788 houve uma safra ruim e um inverno difícil que causou o sofrimento dos camponeses e dos pobres das cidades. O custo de vida ficou bastante alto, o empobrecimento do campo reduzia o mercado de manufaturas e levava à depressão industrial. Começaram a ocorrer distúrbios nas cidades e banditismo no campo. Nos anos de  1788 e 1789 essas turbulências ganharam uma perspectiva política: libertar-se da nobreza e da opressão. A ação da monarquia tentando impedir a Revolução acabou mobilizando contra si as massas de Paris. Em 14 de julho de 1789 ocorreu o acontecimento que se tornou o símbolo da Revolução Francesa, a multidão tomou a Bastilha, a prisão que era símbolo da monarquia absoluta. Hobsbawm nos lembra que “em tempos de revolução, nada é mais poderoso do que a queda de símbolos” (HOBSBAWM, 1996, p. 24-5). Com a queda da Bastilha, a estrutura social do feudalismo rural e a máquina estatal real ruíram. 

Atividade

Questão 1. Quais os fatores apontados por Hobsbawm que nos ajudam a entender por que a Revolução Francesa aconteceu?


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:(EAJAHI0714) Contextualizar a Revolução Francesa aos inúmeros problemas naturais, políticos, sociais e econômicos pelos quais passava a França no século XVIII.
Referências? HOBSBAWM, Eric. A Revolução Francesa. Tradução Maria Tereza Lopes Teixeira e Marcos Penchel. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996, (Coleção Leitura).