Olá! Esta aula de História é destinada a educandos da 6ª Série da Eaja.
Esta aula propõe uma reflexão sobre o caráter narrativo da história, apontando seus elementos subjetivos e buscando problematizá-los.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – História – A narrativa é uma forma de inventar a história
A narrativa é uma forma de inventar a história
Contar a história é uma arte, só os bons narradores conseguem conquistar a atenção de seu público. Há vários tipos de história. Os escritores, por exemplo, contam um tipo criado a partir de sua imaginação e de suas experiências. O historiador conta outro tipo. O modo como vai ser narrada é importante para os dois. O historiador trabalha com a história que chamamos de verdadeira, mas também inventa. Porém, a sua invenção quer dizer outra coisa.
A história verdadeira e a ficção são narrativas
Uma história contada, seja oralmente, seja escrita, é uma narrativa. O historiador Itamar Freitas retoma a reflexão do filósofo grego Aristóteles para pensar sobre esse assunto e diz que a narrativa é uma disposição de acontecimentos, indicadores de mudança de sorte, em um lapso de tempo apreensível pela memória e estruturado em começo, meio e fim. Ele lembra que a “narrativa é o principal elemento dos modos de representar os atos humanos… Esse representar, mediado pela narrativa, é inerente ao ser humano e serve para conhecer o mundo e experimentar prazer (FREITAS, 2019, p. 173)”.
O que acontece quando alguém narra uma história? Ela cria um enredo, ou seja, ela pega um personagem e liga-o a acontecimentos e a outros personagens. Pega um acontecimento e liga a outros acontecimentos. Uma narrativa é como uma costura. Só que em vez de juntar pedaços de pano com uma linha, quem narra junta acontecimentos entre si e com personagens.
Isso acontece tanto em histórias de ficção como em histórias verdadeiras. Ou seja, tanto em histórias criadas por escritores como na história contada por historiadores. É isso mesmo, as histórias verdadeiras também são inventadas. Só que a invenção que os historiadores fazem é bem diferente daquelas feitas pelos escritores.
A ficção e a história verdadeira são diferentes
O escritor inventa a história a partir da sua imaginação, da sua memória e suas experiências de vida. Os personagens de sua história não precisam ter existido de verdade, os acontecimentos não precisam ter acontecido, ele não precisa de provas concretas para relatar um fato.
Já o caso do historiador é bem diferente. Os personagens de sua história são pessoas que realmente existiram, os acontecimentos ocorreram de fato e ele precisa ter provas concretas, chamadas de fontes históricas. Um historiador não pode fazer nenhuma afirmação sobre um acontecimento se ele não tiver fontes que comprovem.
Como o historiador inventa a história
Mas se é assim, como é possível dizer que a história que o historiador conta é inventada? A invenção do historiador se dá noutros termos. Por exemplo, ele precisa de fontes para provar o que diz, mas seleciona a fonte que vai usar. Isso muda completamente a história – a história de uma greve contada por um historiador que usa como fonte um jornal ligado ao dono da fábrica vai ser diferente da história contada por um historiador que usa como fonte o jornal do sindicato.
Além de selecionar as fontes que usa, o historiador também pode variar o modo como as lê. Por exemplo, existe nos arquivos muitos processos crime da época da escravidão abertos para investigar os crimes cometidos pelos escravos. O historiador pode usar esses processos para assumir o ponto de vista da justiça da época e incriminar os escravos. Mas, nas últimas décadas, muitos historiadores usaram esses processos para entender o ponto de vista dos escravos, o modo como eles viviam, as formas que eles encontravam para reagir às violências que sofriam. Assim, a história contada muda completamente.
Dizer que o historiador também inventa a sua história é importante porque ressalta um aspecto sobre a verdade. Ela é uma criação humana, não está acima de todos independentemente do que as pessoas fazem. A verdade é construída exatamente a partir daquilo que as pessoas fazem em suas vidas. Ela muda dependendo do ponto de vista que se adota. A invenção que o historiador faz é, na verdade, entender que existem vários pontos de vista para se contar uma história.
Atividade
Questão 1. Pense num assunto que você gosta muito e escreva-o no caderno. Agora você vai procurar informações sobre ele, pode ser na internet, em jornais, livros, revistas, etc. Anote no mínimo duas opiniões diferentes sobre esse assunto. Responda: o que motivou essas opiniões diferentes, os autores usaram fontes diferentes ou usaram fontes iguais mas interpretando-as de modo diferente?
| Eaja – Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento: | (EAJAHI0519) Problematizar as subjetividades (seleção de fontes e interpretação dos historiadores) inerentes às narrativas históricas. |
| Referências: | FREITAS, Itamar. Narrativa histórica [Verbete]. In: FERREIRA, Marieta de Moraes. OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. (Orgs.). Dicionário de ensino de história. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2019. |