Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base o DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental.
Variações linguísticas são as variações que acontecem em uma língua em função da origem social, regional e cultural dos falantes, e da situação comunicativa.
Você sabe que nosso país é muito grande e está dividido em cinco grandes regiões. Cada região, por exemplo, tem características geográficas, culturais e históricas diferentes. Essas diferenças refletem na forma das pessoas falarem, nas palavras que usam no dia a dia, ou seja, na forma como se expressam. Todas essas diferenças e particularidades fazem parte da língua portuguesa. Conheça agora essas variações:
Variações históricas (diacrônicas)
As variações históricas são as alterações que acontecem na língua com o passar do tempo, ou seja, muitas palavras e expressões que usamos hoje surgiram recentemente ou se transformaram com a ação do tempo. Da mesma forma, outras palavras caíram em desuso. Veja o exemplo da palavra “você”. No português arcaico, esse pronome de tratamento era “vossa mercê”. A expressão foi sofrendo transformações de acordo com a sociedade, ao passar dos séculos, passando para “vosmecê”, depois “você” e em alguns contextos, atualmente, empregamos de maneira informal, “cê”, além da abreviação recorrente na internet: “vc”. É importante lembrar que as palavras “cê” e “vc” não são consideradas formais, ou seja, não foram incorporadas pela norma-padrão da língua portuguesa. Portanto, devemos evitá-las em textos formais, como uma redação, uma mensagem para professores e coordenadores, por exemplo.
Variações geográficas (diatópicas)
As variações geográficas são as diferenças de linguagem devido à região em que falantes da língua portuguesa vivem. Nas cinco grandes regiões do nosso país vemos muitas diferenças, seja nas palavras ou nos sotaques, por exemplo. Você prefere “aipim”, “macaxeira” ou “mandioca”? Bem, sabemos que os três nomes referem-se ao mesmo alimento, certo!? Mas qual desses nomes é o correto? Todos. Acontece que cada região do nosso país emprega mais um nome do que outro. E tudo bem por isso, não é verdade?
Variações sociais (diastráticas)
As variações sociais referem-se às diferenças de acordo com o grupo social do falante, ou seja, a variante está mais ligada à faixa etária do falante, classe social, grau de instrução e até mesmo profissão.
Há, ainda, expressões informais ligadas a grupos sociais específicos. Desse modo, temos as gírias e os jargões.
Imagine as expressões utilizadas por jogadores de futebol, por exemplo. A expressão “carrinho” não está relacionada com o brinquedo que uma criança utiliza em suas brincadeiras, mas, sim, ao ato de o futebolista atirar-se sentado, deslizando na grama com os pés levantados, ao tentar alcançar a bola. Provavelmente, quem não tem muito conhecimento a respeito do esporte, desconhece a expressão. Essa é mais uma variação social da língua. Outro exemplo pode ser coletado na conversa entre idosos e crianças. Sempre há alguma palavra, gíria desconhecida para as duas gerações.
Variações estilísticas (diafásicas)
As variações estilísticas remetem ao contexto que exige a adaptação da fala ou ao estilo dela. Em outras palavras, falamos da linguagem formal e informal, a adequação à norma-padrão ou despreocupação com seu uso. A seleção vocabular mais rebuscada (aquela com palavras diferentes e até difíceis, às vezes) remete à linguagem culta, que se contrapõe à linguagem mais coloquial e familiar. Na fala, o tom de voz acaba tendo papel importante também. Dessa forma, o vocabulário e a maneira de falar com amigos provavelmente não serão os mesmos que em uma entrevista de emprego ou com o diretor da escola. As variações estilísticas respeitam a situação da interação social, levando-se em conta o ambiente e expectativas dos interlocutores.
Em resumo, as diferenças linguísticas ocorrem em função de algumas condições que envolvem os interlocutores (as pessoas que interagem entre si):
• região em que a língua é utilizada;
• hábitos linguísticos do grupo com que o usuário convive;
• origem de quem fala ou escreve;
• situação, circunstância e contexto em que ocorre a interlocução;
• condição social e grau de escolaridade de quem a utiliza;
• intenção de quem produz a mensagem;
• pessoa ou público-alvo a quem se destina a mensagem;
• grupo em que é utilizada – jovens, profissionais de uma área, família etc.
Essas variedades são agrupadas em dois grandes grupos: a variedade padrão e a variedade não padrão.
• Variedade padrão, língua padrão ou norma culta é a variedade linguística de maior prestígio social usada numa comunidade.
• Variedade não padrão, língua não padrão ou norma popular abrange todas as variedades linguísticas diferentes da variedade padrão, como as variedades regionais.
Embora a variedade padrão tenha maior prestígio social, precisamos respeitar todas as variedades da língua. Devemos evitar o preconceito linguístico e respeitar as diferenças da língua, pois são essas diferenças que formam a identidade linguística de um povo.
Assista à videoaula do professor Marlon Santos sobre essa temática.
Responda às questões a seguir.
Leia o seguinte texto para responder às questões 1 a 3.
QUESTÃO 1
A expressão “se pá nóis vai” pode ser compreendida como
(A) uma gíria.
(B) um jargão.
(C) norma-padrão.
(D) uma piada.
QUESTÃO 2
O garoto não compreende o termo “friagem”, provavelmente, porque essa palavra
(A) faz parte da fala de outra região do país.
(B) não existe na língua portuguesa.
(C) não é reproduzida por pessoas de sua faixa etária.
(D) não diz respeito à norma-padrão da língua.
QUESTÃO 3
No contexto da narrativa acima, o que significa “se pá nóis vai” e “friagem”?
QUESTÃO 4
Explique o que é a variação linguística histórica.
QUESTÃO 5
Explique o que é a variação linguística geográfica (regional).
QUESTÃO 6
Agora é sua vez de se transformar em um pesquisador da língua portuguesa. Siga as instruções a seguir:
i) Divida a folha de atividades do seu caderno em duas colunas. Em uma, anote “variações regionais” e, na outra, “variações históricas”.
ii) Em seguida, entreviste as pessoas que vivem com você.
iii) Primeiramente, explique a elas o que são a variação histórica e a variação regional.
iv) Depois, pergunte-lhes as palavras ou expressões que conhecem que exemplificam essas variações.
v) Por fim, anote essas palavras no caderno de acordo com sua classificação, na coluna adequada.
Variações históricas | Variações regionais |
QUESTÃO 7
Depois de realizar a atividade da questão anterior, reflita e anote: “Eu já conhecia essas palavras ou expressões? Eu costumo reproduzi-las? Se as conheço e as reproduzo com frequência, isso acontece devido a quê?”
Autoria: | Marlon Santos |
Formação: | Letras – Português |
Componente curricular: | Língua Portuguesa |
Habilidades estruturantes: | (EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de norma-padrão e o de preconceito linguístico. |
Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 01, set. 2023 GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 3° Bimestre; Goiânia, 2024. https://mundoeducacao.uol.com.br/gramatica/variacoes-linguisticas.htm https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/variacoes-linguisticas-o-modo-de-falar-do-brasileiro.htm https://divesidadelinguistica.weebly.com/ |