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Língua Portuguesa – Tipos de argumento

Olá, educando (a)! Esta videoaula de Língua Portuguesa para o Agrupamento I (9º ano) do Ciclo da Adolescência foi veiculada na TV no dia 03/08/2021 (Quarta-feira). Aqui no Portal Conexão Escola, ela está disponível juntamente com a proposta de atividade.

Nesta aula você estudará sobre os tipos de argumento. Assista a videoaula do professor Marlon sobre a temática.

Língua Portuguesa – 9º ano

Nesta aula você estudará o texto argumentativo, de modo mais específico, alguns tipos de argumento e como eles podem ser identificados no texto. Para tanto, leia a crônica a seguir, de Rubem Alves.

Ouvir para aprender

É do silêncio que nasce o ouvir.

Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. Sabem disso os poetas, esses seres de fala mínima. Eles falam, sim – para ouvir as vozes do silêncio. […]

Não nos sentimos em casa no silêncio. Quando a conversa para por não haver o que dizer, tratamos logo de falar qualquer coisa, para pôr um fim ao silêncio. Vez por outra tenho vontade de escrever um ensaio sobre a psicologia dos elevadores. Ali estamos, nós dois, fechados naquele cubículo. Um diante do outro. Olhamos nos olhos um do outro? Ou olhamos para o chão? Nada temos a falar. Esse silêncio é como se fosse uma ofensa. Aí falamos sobre o tempo. Mas nós dois bem sabemos que se trata de uma farsa para encher o tempo até que o elevador pare.

Os orientais entendem melhor do que nós. Se não me engano, o nome do filme em que vi esta cena é “Aconteceu em Tóquio”. Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas, sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não ter nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras. A filosofia ocidental é obcecada pela questão do ser.
A filosofia oriental, pela questão do vazio, do nada. É no vazio da jarra que se colocam flores. […]

Todo mundo quer falar. Ninguém quer ouvir. Todo mundo quer ser escutado. (Como não há quem os escute, os adultos procuram um psicanalista, profissional pago do escutar.) Toda criança também quer ser escutada. Encontrei, na revista pedagógica italiana “Cem Mondialità” a sugestão de que, antes de iniciarem as atividades de ensino e aprendizagem, os professores se dedicassem por semanas, talvez meses, a simplesmente ouvir as crianças. No silêncio das crianças, há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência. A inteligência é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. 

É preciso escutar as crianças para que a sua inteligência desabroche. Sugiro então aos professores que, ao lado da sua justa preocupação com o falar claro, tenham também uma preocupação com o escutar claro. Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito. A escuta bonita é um bom colo para uma criança se assentar…

ALVES, Rubem. Ouvir para aprender. Folha de São Paulo, 21 dez. 2004(adaptado). 

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/sinapse/sa2112200415.htm


O texto que você acabou de ler é uma crônica, publicada em um jornal de grande circulação nacional. Esse texto apresenta a visão pessoal do cronista sobre um fato noticiado no jornal ou colhido do cotidiano. O fato colhido do cotidiano nesse texto relaciona-se ao saber ouvir, saber silenciar para aprender. Esta crônica é argumentativa, porque nela há diferentes argumentos que conduzem à dedução ou à indução de uma ideia. Tudo isso, a fim de convencer o leitor sobre uma tese já definida pelo autor.

Na crônica de Rubem Alves, que você acabou de ler, o cronista apresenta seu ponto de vista sobre o assunto que se propõe a discutir. Logo no início do texto, ele expõe a tese, que é o ponto de vista central do texto, enfatizando que entre todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, da vida em conjunto e da cidadania é a audição. Nos parágrafos seguintes, ele vai argumentar sobre essa tese com o objetivo, portanto, de convencer o leitor. Antes de observar como isso é feito no texto, leia algumas características da crônica argumentativa.

Em uma crônica narrativa argumentativa é contada uma pequena história, com personagens, tempo e espaço. Esse tipo de crônica pode ter discurso direto, indireto e indireto livre.

Uma boa crônica argumentativa deve ter:

• Argumentação e persuasão;

• Linguagem coloquial, simples e direta;

• Textos relativamente pequenos;

• Temas do dia a dia e polêmicos;

• Crítica, humor e ironia;

• Induz a reflexão;

• Subjetividade e criatividade;

• Fusão do estilo jornalístico e literário;

• Poucos personagens, se houver;

• Tempo e o espaço limitados;

• Caráter contemporâneo.

Os tipos de argumento mais comuns são: de autoridade, por comparação, de exemplificação, de princípio ou de causa e consequência. 

Argumento de autoridade: determinada ideia é sustentada por citação de fonte confiável, como dados de pesquisas, texto de alguém considerado um autoridade no assunto ou fala de um especialista da área. 

O exemplo a seguir, retirado da crônica de Rubem Alves, tem origem no texto bíblico, considerado como uma fonte confiável e detentora de verdade para milhares de pessoas.

Disse o escritor sagrado: “No princípio era o verbo”.

Argumento de princípio: determinada ideia é sustentada por uma crença pessoal, baseada numa constatação aceita como verdadeira ou como verdade universal.

O cronista recria o argumento de autoridade dizendo que “antes do verbo era o silêncio” e, assim, apresenta seu argumento de princípio:

É do silêncio que nasce o ouvir.

Argumento de causa e consequência: determinada ideia é sustentada por meio de uma relação clara estabelecida entre fato ou constatação que é causa de outro fato ou outra constatação, ou seja, uma consequência. 

No segundo parágrafo da crônica, o autor usa um argumento de causa e consequência para explicar o princípio de que é do silêncio que nasce o ouvir. Veja:

Argumento de exemplificação: determinada ideia é firmada com base em exemplos representativos para justificá-las.

No texto, o autor pontua que as pessoas não se sentem à vontade com o silêncio e para exemplificar essa opinião, ele exemplifica com o comportamento das pessoas quando estão no elevador:

Ali estamos, nós dois, fechados naquele cubículo. Um diante do outro. Olhamos nos olhos um do outro? Ou olhamos para o chão? Nada temos a falar. Esse silêncio é como se fosse uma ofensa. Aí falamos sobre o tempo. Mas nós dois bem sabemos que se trata de uma farsa para encher o tempo até que o elevador pare.

Argumento por comparação: determinada ideia é sustentada por comparações com base em fatores de semelhança evidenciadas por dados.

Na crônica, a comparação realizada está relacionada a cultura oriental e a cultura ocidental. Enquanto a cultura oriental está voltada para a questão do vazio/do nada, a cultura ocidental está voltada para a questão do ser. Assim, o cronista defende que os orientais entendem melhor o silêncio.

Os orientais entendem melhor do que nós. […] Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas, sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não ter nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras. A filosofia ocidental é obcecada pela questão do ser.

Ao verificar todos esses argumentos, você pode perceber que todos tem um único objetivo: confirmar a tese inicial do texto. Lembre-se disso toda vez que for produzir um texto argumentativo.

Atividade 1

Quando você vai pedir alguma coisa para seu responsável, é comum ele cobrar de você explicações que justifiquem seu pedido? Certamente, não é? Quem nunca passou por isso? Preste atenção na proposta de produção de texto a seguir:

Elabore um texto argumentativo em que você esteja pedindo algo para alguém de sua casa. Nesse texto que você irá entregar para essa pessoa, você precisa utilizar alguns argumentos. Lembre-se dos argumentos que você aprendeu: de autoridade, de princípio, de causa e consequência, por comparação e por exemplificação. Depois de finalizar seu texto, faça uma boa leitura dele para fazer correções, por exemplo. Passe a limpo e entregue para essa pessoa. 

E aí, seu pedido será atendido?    

Parabéns! Você finalizou a atividade de Língua Portuguesa. Até a próxima!

Referênciashttps://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/cronica-argumentativa 
https://blog.redacaonota1000.com.br/tipos-de-argumentos/ 
Componente CurricularHabilidade
Língua PortuguesaEstruturante
(EF89LP04) Identificar e avaliar teses/opiniões/posicionamentos explícitos e implícitos, argumentos e contra-argumentos em textos argumentativos do campo (resenha crítica, entre outros), posicionando-se frente à questão controversa de forma sustentada. 
(EF67LP06) Identificar os efeitos de sentido provocados pela seleção lexical, topicalização de elementos e seleção e hierarquização de informações, uso de 3ª pessoa etc.