Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental.
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Você já parou para pensar em como a leitura pode ser uma atividade incrível para compartilhar com a sua família? Além de ser divertido, o ato de ler textos literários com outras pessoas pode nos levar a explorar diferentes perspectivas sobre identidades, sociedades e culturas. A literatura nos permite estabelecer múltiplos olhares e nos conectar com o contexto social e histórico em que as obras foram produzidas, além de nos proporcionar novas experiências.
Veja, a seguir, cinco tópicos em que as experiências literárias podem ser abarcadas.
- A magia dos textos literários: A literatura tem o poder de nos transportar para outros lugares e tempos, despertando a nossa imaginação. Ao ler textos literários em família, é possível embarcar juntos em aventuras emocionantes, conhecer personagens fascinantes e mergulhar em histórias cativantes. Essa experiência compartilhada pode fortalecer os laços familiares e criar momentos inesquecíveis.
- Múltiplos olhares sobre as identidades: Ao ler textos literários, podemos entrar em contato com personagens que têm experiências de vida diferentes das nossas. Isso nos ajuda a desenvolver empatia e compreensão pelos outros, permitindo-nos enxergar o mundo através de múltiplas perspectivas. Livros podem retratar identidades diversas, como diferentes culturas, gêneros e origens, ampliando o nosso entendimento sobre a riqueza da diversidade humana.
- Contexto social e histórico: Cada obra literária é escrita por um autor em um determinado contexto social e histórico. Ler em família nos dá a oportunidade de discutir sobre esses contextos, refletir sobre as influências e desafios enfrentados pelo autor durante a escrita e entender como isso afeta a história contada. Essa abordagem nos ajuda a apreciar a complexidade das obras literárias, enquanto aprendemos sobre diferentes períodos da história e as mudanças sociais ao longo do tempo.
- Culturas e sociedades: A literatura é uma excelente forma de conhecermos diferentes culturas e sociedades. Ao ler textos que retratam contextos culturais diversos, podemos aprender sobre tradições, costumes, valores e desafios enfrentados por diferentes comunidades. Essa imersão nos ajuda a expandir nossos horizontes e nos torna mais tolerantes e abertos ao mundo ao nosso redor.
- Discussões enriquecedoras: A leitura em família proporciona um ambiente propício para discussões enriquecedoras. Ao compartilhar as suas interpretações e opiniões sobre as obras literárias, cada membro da família pode contribuir com perspectivas únicas. Essas conversas não apenas estimulam o pensamento crítico, mas também nos ajudam a compreender os pontos de vista dos outros e a respeitar diferentes opiniões.
Leia, a seguir, algumas sugestões de textos literários para ler com sua família.
“Meu Pé de Laranja Lima” – José Mauro de Vasconcelos
Uma história emocionante sobre a infância de Zezé, um menino de família pobre que encontra refúgio na amizade com um pé de laranja lima. O livro aborda temas como família, amizade e superação.
“Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada” – Carolina Maria de Jesus
Nesse livro, Carolina Maria de Jesus narra sua vida como catadora de papel em uma favela de São Paulo nos anos 1950. Uma obra que permite refletir sobre as desigualdades sociais e a realidade das comunidades marginalizadas.
“A Bolsa Amarela” – Lygia Bojunga
Nesse livro infantojuvenil, a autora Lygia Bojunga trata de questões como imaginação, sonhos e a importância de sermos nós mesmos. Uma história envolvente que certamente renderá boas conversas em família.
“O Menino Maluquinho” – Ziraldo
Uma divertida história que acompanha as travessuras e a imaginação fértil do Menino Maluquinho. O livro aborda temas como amizade, família e infância.
“O Fantástico Mistério de Feiurinha” – Pedro Bandeira
Uma releitura dos contos de fadas, em que os personagens clássicos se unem para ajudar a princesa Feiurinha. O livro aborda questões sobre o papel das princesas e a importância da igualdade de gênero.
“A Turma da Rua Quinze” – Marçal Aquino
A história se passa em um bairro da cidade de São Paulo, onde um grupo de amigos se reúne diariamente na Rua Quinze para brincar e viver aventuras. O livro retrata a infância e a amizade de forma sensível, abordando temas como imaginação e descobertas. Através das histórias desse grupo, os leitores podem se identificar com as experiências, alegrias e desafios típicos dessa fase da vida.
“Anne de Green Gables” – Lucy Maud Montgomery
Uma obra clássica da literatura infantojuvenil, a história se passa na Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, e gira em torno da vida de Anne Shirley, uma órfã de 11 anos que é adotada por engano por um casal de irmãos solteirões. Através das páginas do livro, acompanhamos as aventuras, os desafios e as descobertas de Anne, uma menina inteligente, sonhadora e com uma imaginação fértil. O livro aborda temas como amizade, amor, família e superação, cativando leitores de todas as idades com sua narrativa encantadora.
“O Menino no Espelho” – Fernando Sabino
Uma história cativante sobre a infância de Fernando, um garoto que vive diversas aventuras ao se deparar com seu reflexo no espelho. O livro traz reflexões sobre identidade e imaginação.
Por meio da literatura, ampliamos nossa visão de mundo, podendo nos tornar mais tolerantes. Ler textos literários em família pode ser uma experiência emocionante e enriquecedora, além de ser uma maneira divertida de explorar novos horizontes. Então, que tal escolher um livro junto com a sua família e embarcar nesta incrível jornada literária? Vocês descobrirão um mundo de conhecimento, empatia e diversão!
Leia um trecho de “Meu Pé de Laranja Lima” para responder às questões.
Mamãe quem teve a ideia.
— Hoje, todo mundo para ver a casa.
Totoca me chamou de lado e me avisou num sussurro:
— Se você contar que a gente já conhece a casa, eu te rebento.
Mas eu não tinha nem pensado nisso.
Foi aquele mundão de gente pela rua. Glória me dava a mão e tinha ordens para não me desgrudar um minuto. E eu segurava a mão de Luís.
— Quando é que a gente tem de mudar, Mamãe?
Mamãe respondeu para Glória com uma certa tristeza.
— Dois dias depois do Natal temos que começar a arrumar os cacarecos.
Ela falava com uma voz cansada, cansada. E eu estava com muita pena dela. Mamãe nasceu trabalhando. Desde os seis anos de idade quando fizeram a Fábrica que puseram ela trabalhando. Sentavam Mamãe bem em cima de uma mesa e ela tinha que ficar limpando e enxugando ferros. Era tão pequenininha que fazia molhado em cima da mesa porque não podia descer sozinha… Por isso ela nunca foi à Escola e nem aprendeu a ler. Quando eu escutei essa história dela fiquei tão triste que prometi que quando fosse poeta e sábio eu ia ler minhas poesias para ela…
E o Natal se anunciava pelas lojas e armarinhos. Já tinham desenhado Papai Noel em tudo que era vidro de porta. Tinha gente comprando cartão para que quando chegasse a hora não enchesse demais de gente tudo quanto era casa de comércio. Eu tinha uma esperança lá longe que dessa vez o Menino Deus fosse nascer. Ele mesmo para mim. Enfim quando eu ficasse da idade da razão, talvez eu melhorasse um pouco.
— É aqui.
Todos ficaram encantados. A casa era um pouco menor. Mamãe ajudada por Totoca destorceu um arame que prendia o portão e foi aquele avança. Glória soltou a minha mão e esqueceu-se que estava ficando mocinha. Desabalou à carreira e abraçou a mangueira.
— A mangueira é minha. Peguei primeiro. Antônio fez a mesma coisa com o pé de tamarindo. Não sobrara nada para mim. Olhei quase chorando para Glória.
— E eu, Godóia?
— Corre lá no fundo. Deve ter mais árvore, bobo. Corri, mas só encontrei um capinzal crescido. Um bando de laranjeira velha e espinhuda. Junto do valão tinha um pequeno pé de Laranja Lima.
Fiquei desapontado. Todos estavam visitando os cômodos e determinando para quem seriam os quartos.
Puxei a saia de Glória.
— Não tinha nada mais.
— Você não sabe procurar direito. Espere aí que vou achar uma árvore para você.
E logo depois ela veio comigo. Examinou as laranjeiras.
— Você não gosta daquela? Olhe que é uma bela laranjeira.
Não gostava de nenhuma mesmo. Nem daquela. Nem daquela e nem de nenhuma. Todas tinham muito espinho.
— Pra ficar com essas feiúras eu ainda preferia o pé de Laranja Lima.
— Onde?
Fomos lá.
— Mas que lindo pezinho de Laranja Lima! Veja que não tem nem um espinho. Ele tem tanta personalidade que a gente de longe já sabe que é Laranja Lima. Se eu fosse do seu tamanho, não queria outra coisa.
— Mas eu queria um pé de árvore grandão.
— Pense bem, Zezé. Ele é novinho ainda. Vai ficar um baita pé de laranja. Assim ele vai crescer junto com você. Vocês dois vão se entender como se fossem dois irmãos. Você viu o galho? É verdade que o único que tem, mas parece até um cavalinho feito pra você montar.
Estava me sentindo o maior desgraçado da vida. Me lembrava da garrafa de bebida que tinha a figura dos anjos escoceses. Lalá disse, esse sou eu. Glória apontou outro para ela. Totoca pegou outro pra ele e eu? Eu fiquei sendo aquela cabecinha lá atrás, quase sem asa. O quarto anjo escocês que nem era um anjo inteiro… Sempre eu tinha que ser o último. Quando crescesse iam ver só. Ia comprar uma selva amazônica e todas as árvores que tocavam no céu, seriam minhas. Compraria um armazém de garrafas cheias de anjo e ninguém ganhava um pedaço de asa.
Emburrei. Sentei no chão e encostei a minha zanga no pé de Laranja Lima. Glória se afastou sorrindo.
— Essa zanga não dura, Zezé. Você vai acabar descobrindo que eu tinha razão.
Cavouquei o chão com um pauzinho e começava a parar de fungar. Uma voz falou vindo de não sei onde, perto do meu coração.
— Eu acho que sua irmã tem toda a razão.
— Sempre todo mundo tem toda a razão. Eu é que não tenho nunca.
— Não é verdade. Se você me olhasse bem, você acabava descobrindo.
Eu levantei assustado e olhei a arvorezinha. Era estranho porque sempre eu conversava com tudo, mas pensava que era o meu passarinho de dentro que se encarregava de arranjar fala.
— Mas você fala mesmo?
— Não está me ouvindo?
E deu uma risada baixinha. Quase saí aos berros pelo quintal. Mas a curiosidade me prendia ali.
— Por onde você fala?
— Árvore fala por todo canto. Pelas folhas, pelos galhos, pelas raízes. Quer ver? Encoste seu ouvido aqui no meu tronco que você escuta meu coração bater.
Fiquei meio indeciso, mas vendo o seu tamanho, perdi o medo. Encostei o ouvido e uma coisa longe fazia tique… tique…
— Viu?
— Me diga uma coisa. Todo mundo sabe que você fala?
— Não. Só você.
— Verdade?
— Posso jurar. Uma fada me disse que quando um menininho igualzinho a você ficasse meu amigo, que eu ia falar e ser muito feliz.
— E você vai esperar?
— O quê?
— Até eu me mudar. Vai demorar mais de uma semana. Será que você não vai se esquecer de falar nesse tempo?
— Nunca mais. Isto é, para você só. Você quer ver como eu sou macio?
— Como é que…
— Monte no meu galho.
Obedeci.
— Agora, dê um balancinho e feche os olhos.
Fiz o que mandou.
— Que tal? Você alguma vez na vida teve cavalinho melhor?
— Nunca. É uma delícia. Até vou dar o meu cavalinho Raio de Luar para meu irmão menor. Você vai gostar muito dele, sabe?
Desci adorando o meu pé de Laranja Lima.
— Olhe, eu vou fazer uma coisa. Sempre quando puder, antes de mudar, eu venho dar uma palavrinha com você… Agora preciso ir, já estão de saída lá na frente.
— Mas, amigo não se despede assim.
— Psiu! Lá vem ela.
Glória chegou mesmo na hora em que eu o abraçava.
— Adeus, amigo. Você é a coisa mais linda do mundo!
— Não falei a você?
— Falou, sim. Agora se vocês me dessem a mangueira e o pé de tamarindo em troca da minha árvore, eu não queria.
Ela passou a mão nos meus cabelos, ternamente.
— Cabecinha, cabecinha!…
Saímos de mãos dadas.
— Godóia, você não acha que sua mangueira é meio burrona?
— Ainda não deu para saber, mas parece um pouco.
— E o pé de tamarindo de Totoca?
— É meio sem jeitão, por quê?
— Não sei se posso contar. Mas um dia eu conto um milagre para você, Godóia.
VASCONCELOS, José Mauro de. Meu pé de laranja lima. São Paulo: Melhoramentos, 2000, p. 30-35.
QUESTÃO 1
Por que o narrador promete ler suas poesias para sua mãe quando for poeta e sábio?
(A) Porque sua mãe sempre quis aprender a ler.
(B) Porque o narrador acredita que suas poesias farão sua mãe feliz.
(C) Porque o narrador quer impressionar sua mãe com seu talento.
(D) Porque o narrador acha que sua mãe não conhece poesia.
QUESTÃO 2
Por que, a princípio, o narrador personagem não queria ficar com o pé de laranja lima?
(A) Porque ele queria um pé de árvore grandão.
(B) Porque o pé de laranja lima não tinha frutos.
(C) Porque ele não gostava de laranja.
(D) Porque ele queria um pé de árvore no quintal da frente.
QUESTÃO 3
No fragmento do romance “Meu Pé de Laranja Lima”, o protagonista Zezé e parte de sua família vão conhecer a nova casa. Lá, as crianças escolhem, cada, uma árvore para si. Essa prática faz parte de sua vida? Converse com as pessoas mais velhas de sua família e pergunte a elas se, em sua infância ou adolescência, era comum cada filho ter uma árvore para chamar de sua.
QUESTÃO 4
Você sabe o que é uma leitura dramática? A leitura dramática consiste na leitura em voz alta de um texto que possa ser teatralizado para um determinado público. O fragmento de texto de José Mauro de Vasconcelos é um texto que explora bastante o recurso do discurso direto em sua construção. Em outras palavras, há sempre a fala direta dos personagens em situação de diálogo, o que facilita muito sua leitura de forma interativa e teatral, assim como a leitura dramática. Pensando nisso, organize com sua família ou colegas a leitura dramática do referido trecho. Estabeleça que irá ler a parte textual que se refere ao narrador personagem Zezé, sua irmã Glória e o Pé de Laranja Lima. Se quiserem, os momentos de narração e das falas de Zezé podem ser lidos por pessoas diferentes. Lembre-se de ler com expressividade, obedecendo as intencionalidades explícitas por meio dos sinais de pontuação.
| Autoria: | Marlon Santos |
| Formação: | Letras – Português |
| Componente curricular: | Língua Portuguesa |
| Habilidades estruturantes: | (EF69LP53-A) Ler, em voz alta, textos literários diversos – como contos, crônicas humorísticas e críticas- bem como realizar leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros de maior extensão (narrativas de aventura da literatura juvenil). (EF69LP44-B) Reconhecer, em textos literários, formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção. |
| Referências: | GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – E. Fundamental; Língua Portuguesa; 2° Bimestre; Goiânia, 2023. |