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People read books in different poses. Vector flat illustration of reading club or library with persons sitting in chair, on stool, standing and lying with books isolated on white background

Língua Portuguesa – O texto literário e o clube de leitura

Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental.

People read books in different poses. Vector flat illustration of reading club or library with persons sitting in chair, on stool, standing and lying with books isolated on white background  Disponível em: <https://www.freepik.com/free-vector/people-read-books-different-poses_29156951.htm> Acesso em: 14, set. 22

A literatura reflete os valores, a cultura de um povo. Com o passar do tempo, certos textos literários vão se cristalizando na sociedade e tornam-se clássicos.

Um clássico da literatura é aquele texto atemporal, ou seja, seus temas nunca saem de moda, como diz a escritora Ana Maria Machado. Os clássicos são textos universais e que servem de inspiração para tantas outras histórias. Certamente, você já deve ter ouvido falar de Romeu e Julieta. Há muitas histórias, atrações artísticas e filmes, por exemplo, que têm por inspiração o clássico Romeu e Julieta, de William Shakespeare, um clássico.

Na literatura brasileira temos vários clássicos, como: “O Alienista”, de Machado de Assis, “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, “A Hora da Estrela”, de Clarice Lispector, “Quarto de Despejo – Diário de uma favelada”, de Carolina Maria de Jesus, “Iracema”, de José de Alencar, “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, “O Quinze”, de Rachel de Queiroz, “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos e “Ciranda de Pedra”, de Lygia Fagundes Telles, por exemplo.

Mas, como podemos fazer um clássico circular na sociedade e, ainda, ter sua linguagem, que às vezes é bem rebuscada, compreendida pelo leitor? O clube de leitura pode ser uma boa alternativa.

O clube de leitura diz respeito a um grupo de pessoas que decide ler o mesmo livro, no mesmo período, para, em um encontro, discutir a obra selecionada. Esse momento pode ser muito prazeroso, uma vez que os participantes compartilham suas impressões sobre o livro e dialogam sobre elas com os demais. A ideia do clube de leitura pode se difundir para outras manifestações artísticas, como filmes e séries, por exemplo.

Você participa ou já participou de algum clube de leitura? Essa possibilidade pode oferecer um mundo de descobertas a partir do texto literário.

Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.

Canal Portal Conexão Escola – Aprender Sempre – L. Portuguesa – 9º Ano – 3º Bim – Videoaula 2 – O TEXTO LITERÁRIO E O CLUBE DE LEI – Disponível em: <https://youtu.be/iFWLl2F3UF4> Acesso em: 26, set. 22

Responda às questões a seguir.

Leia o segundo capítulo do clássico de José de Alencar: Iracema.

Iracema

      Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. 

    Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. 

     O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. 

    Mais rápida que a corça selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. 

   Um dia, ao pino do Sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. 

    Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. 

      A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão. 

    Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturbase. 

       Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. 

       Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. 

      De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida. 

      O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. 

    A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. 

       O guerreiro falou: 

      — Quebras comigo a flecha da paz? 

    — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu? 

      — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus. 

     — Bem-vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema.


ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1991

QUESTÃO 1

No decorrer do texto é possível identificar vários elementos que confirmam a origem indígena de Iracema. Destaque alguns desses elementos. 

QUESTÃO 2

Para caracterizar Iracema, o narrador tece uma série de comparações. De maneira global, a personagem é comparada com o quê? Apresente um exemplo retirado do texto que comprove sua resposta.

QUESTÃO 3

Ao realizar a leitura do fragmento, é possível perceber que a cena descrita está situada em um tempo muito distante do nosso presente. Iracema vive na floresta e tem costumes relacionados à vida nesse ambiente.

a) Se o narrador fosse apresentar a personagem Iracema em uma metrópole, na atualidade, o que seria alterado no texto?

b) Reescreva os cinco primeiros parágrafos do texto adequando-o ao contexto atual, no espaço urbano.

Releia o seguinte trecho para responder às questões 4 e 5.

O guerreiro falou: — Quebras comigo a flecha da paz? — Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu? — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus.

QUESTÃO 4

De acordo com as pistas textuais sobre o contexto sócio-histórico, qual é a origem do guerreiro branco?

(A) Portuguesa

(B) Norte-americana

(C) Brasileira

(D) Inglesa

QUESTÃO 5

Podemos constatar que a obra “Iracema” dialoga com qual acontecimento sócio-histórico do Brasil?

(A) Colonização do Brasil pelos portugueses.

(B) Proclamação da República.

(C) Independência do Brasil.

(D) Tráfico negreiro.

QUESTÃO 6

José de Alencar foi um grande escritor do século XIX. Pertencente ao movimento literário chamado Romantismo, o romancista escreveu grandes clássicos como “Iracema”, “O Guarani”, “Senhora”, “A Viuvinha” e “Lucíola”. 

A) Faça uma pesquisa em livros ou na internet sobre a vida de José de Alencar e sua contribuição para a cultura brasileira.

B) Em um clube de leitura, os membros fazem a curadoria de livros para serem lidos e debatidos posteriormente. Pesquise sobre algumas obras de José de Alencar e faça a indicação daquele que mais chamou sua atenção para um eventual clube de leitura. Para isso, justifique sua escolha.


Autoria:Marlon Santos
Formação:Letras – Português
Componente curricular:Língua Portuguesa
Habilidades estruturantes:(EF69LP46) Participar de práticas de compartilhamento de leitura/recepção de obras literárias/ manifestações artísticas, como rodas de leitura, clubes de leitura, eventos de contação de histórias, de leituras dramáticas, de apresentações teatrais, musicais e de filmes, cineclubes, festivais de vídeo, saraus, slams, canais de booktubers, redes sociais temáticas (de leitores, de cinéfilos, de música etc.), entre outros, tecendo, quando possível, comentários de ordem estética e afetiva. 
(EF69LP44-A) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo em textos literários. 
(EF69LP44-B) Reconhecer, em textos literários, formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção.
Referências:ALENCAR, José de. Iracema. São Paulo: Ática, 1991.
GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 3° Bimestre; Goiânia, 2022.