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Língua Portuguesa – O gênero discursivo peça teatral

Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.

Traditional theatre symbols flat composition background poster print with script roll and masks abstract vintage vector illustration Imagem 1: Peça teatral. Disponível  em: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/cartaz-liso-da-composicao-do-fundo-do-teatro_2869885.htm#query=pe%C3%A7as%20teatrais&position=7&from_view=search&track=ais> Acesso em: 04, ago. 2023

A peça teatral é um gênero discursivo muito especial, criado para ser encenado por atores e atrizes em um palco, para uma plateia que assiste à história se desenrolar ao vivo. A função social desse gênero é proporcionar entretenimento e emoção, além de transmitir mensagens importantes ao público. Escrever ou interpretar uma peça de teatro ajuda a explorar a criatividade e a expressão artística dos artistas envolvidos na elaboração do roteiro ou na encenação. A pessoa que escreve roteiros teatrais é chamada de dramaturgo.

Você já escreveu algum roteiro para ser encenado? Recorda-se dos elementos presentes nele?

Nas peças teatrais, é indispensável ter personagens em diálogo, desenvolvendo ações, cenários e figurinos, e, claro, um público. 

Roteiro: A redação de um roteiro teatral segue um esquema narrativo bem parecido com o texto narrativo, contendo enredo, personagens situados em tempo e espaço determinado. No caso do roteiro teatral, as falas do narrador costumam ser curtas, apenas situando os personagens e suas ações. O texto, visando separar mudanças de ação, de cenário ou personagens, por exemplo, é dividido em “atos”.

Diálogos e Personagens: Nas peças teatrais, a história é contada principalmente através de diálogos entre os personagens. É por meio das falas e ações dos personagens que a trama se desenvolve. Na escrita do roteiro, deve-se inserir o nome da personagem, dois pontos (:) e o conteúdo da fala. Veja o exemplo:

Maria: Com licença, Celeste! Estão chamando a senhorita lá fora.

Celeste: (Demonstrando preguiça) Toda hora me chamam lá fora. (Gritando) Diga que não estou!

No exemplo acima, observe que na fala de Celeste há trechos entre parênteses, direcionando a ação que a atriz deve fazer ao reproduzir a fala. O nome dado a esse recurso é rubrica.

Cenários e Figurinos: As peças teatrais geralmente acontecem em cenários que ajudam a criar o ambiente da história. Os figurinos também são importantes, pois ajudam a identificar a personalidade de cada personagem.

Atores e Atrizes: São os artistas que dão vida aos personagens e interpretam os diálogos escritos pelo autor da peça. Além das palavras, as ações físicas dos personagens  são essenciais para a compreensão da ação dramática encenada. Nesse sentido, as ações dos personagens são tão importantes quanto o que eles dizem.

Público e Interatividade: Nas peças teatrais, o público está presente e pode reagir às cenas, seja aplaudindo, rindo ou se emocionando. Essa interação é única e torna cada apresentação especial.

Na literatura brasileira, há muitas peças teatrais aclamadas, como “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna e “O Pagador de Promessas”, de Dias Gomes. “Auto da Compadecida” retrata a vida no sertão nordestino com personagens populares e cômicos, como Chicó e João Grilo. A peça mostra as aventuras desses dois malandros que enfrentam desafios e situações inusitadas. “O Pagador de Promessas” conta a história de Zé-do-Burro, um homem simples que faz uma promessa e enfrenta dificuldades para cumpri-la. A peça aborda temas como religiosidade e preconceito.

As peças teatrais são exemplos de arte e cultura. Assistir, escrever ou até mesmo participar de uma apresentação pode ser uma experiência muito enriquecedora, emocionante e divertida!

Para responder às questões 01 e 02, leia um trecho de “Hoje tem espetáculo: No país dos prequetés”, de Ana Maria Machado.

(Quando as luzes vão se acendendo, Juca, Zé, Lucinha, Chico e Nita estão começando sua brincadeira, e vão subindo o tom de voz na medida em que a luz vai ficando mais forte.)

Juca: Bento-que-bento-é-o-frade!

Todos: Frade!

Juca: Na boca do forno!

Todos: Forno!

Juca: Cozinhando um bolo!

Todos: Bolo!

Juca: Fareis tudo o que seu mestre mandar?

Todos: Faremos todos!

Juca:E quem não fizer?

Todos: Levará um bolo…

MACHADO, Ana Maria. Hoje tem espetáculo: no país dos prequetés. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 9

QUESTÃO 1

O trecho “(Quando as luzes vão se acendendo, Juca, Zé, Lucinha, Chico e Nita estão começando sua brincadeira, e vão subindo o tom de voz na medida em que a luz vai ficando mais forte.)”:

(A) indica um pensamento do personagem Juca.

(B) indica uma ação a ser executada pelos personagens.

(C) indica uma fala do narrador direcionada para o público.

(D) indica todos os personagens que aparecem na peça.

QUESTÃO 2

O trecho da peça teatral demonstra que ação das crianças?

QUESTÃO 3

Todo gênero discursivo possui uma estrutura, um objetivo comunicativo e uma função social. Dentre as opções listadas a seguir, qual é a função social de maior alcance das peças teatrais? 

(A) Ensinar matemática e outros componentes de forma lúdica. 

(B) Entreter e emocionar o público com histórias encenadas ao vivo. 

(C) Treinar atores e atrizes para outras áreas profissionais. 

(D) Promover competições artísticas entre escolas.

QUESTÃO 4

Leia um fragmento da obra “Cinco Minutos”, de José de Alencar, e, em seguida, faça dele uma adaptação para peça teatral. Lembre-se das características do gênero.

A D…

I

É uma história curiosa a que lhe vou contar, minha prima. Mas é uma história, e não um romance.

Há mais de dois anos, seriam seis horas da tarde, dirigi-me ao Rocio para tomar o ônibus de Andaraí.

Sabe que sou o homem o menos pontual que há neste mundo; entre os meus imensos defeitos e as minhas poucas qualidades, não conto a pontualidade, essa virtude dos reis, e esse mau costume dos ingleses.

Entusiasta da liberdade, não posso admitir de modo algum que um homem se escravize ao seu relógio e regule as suas ações pelo movimento de uma pequena agulha de aço ou pelas oscilações de uma pêndula.

Tudo isto quer dizer que, chegando ao Rocio, não vi mais ônibus algum; o empregado a quem me dirigi respondeu :

— Partiu há cinco minutos.

Resignei-me, e esperei pelo ônibus de sete horas.

Anoiteceu.

Fazia uma noite de inverno fresca e úmida; o céu estava calmo, mas sem estrelas.

À hora marcada chegou o ônibus, e apressei-me a ir tomar o meu lugar.

Procurei, como costumo, o fundo do carro, a fim de ficar livre das conversas monótonas dos recebedores, que de ordinário têm sempre uma anedota insípida a contar, ou uma queixa a fazer sobre o mau estado dos caminhos.

O canto já estava ocupado por um monte de sedas, que deixou escapar-se um ligeiro farfalhar, conchegando-se para dar-me lugar.

Sentei-me; prefiro sempre o contato da seda à vizinhança da casimira ou do pano.

O meu primeiro cuidado foi ver se conseguia descobrir o rosto e as formas que se escondiam nessas nuvens de seda e de rendas.

Era impossível.

Além da noite estar escura, um maldito véu que caía de um chapeuzinho de palha não me deixava a menor esperança.

Resignei-me, e assentei que o melhor era cuidar de outra coisa.

Já o meu pensamento tinha-se lançado a galope pelo mundo da fantasia, quando de repente fui obrigado a voltar por uma circunstância bem simples.

Senti no meu braço o contato suave de um outro braço, que me parecia macio e aveludado como uma folha de rosa.

Quis recuar, mas não tive ânimo; deixei-me ficar na mesma posição, e cismei que estava sentado perto de uma mulher que me amava e que se apoiava sobre mim.

Pouco e pouco fui cedendo àquela atração irresistível e reclinando-me insensivelmente; a pressão tornou-se mais forte; senti o seu ombro tocar de leve o meu peito; e a minha mão impaciente encontrou uma mãozinha delicada e mimosa, que se deixou apertar a medo.

Assim, fascinado ao mesmo tempo pela minha ilusão e por este contato voluptuoso, esqueci-me, a ponto que, sem saber o que fazia, inclinei a cabeça e colei os meus lábios ardentes nesse ombro, que estremecia de emoção.

Ela soltou um grito, que foi tomado naturalmente como susto causado pelos solavancos do ônibus, e refugiou-se no canto.

Meio arrependido do que tinha feito, voltei-me como para olhar pela portinhola do carro, e, aproximando-me dela, disse-lhe quase ao ouvido:

— Perdão!

Não respondeu; conchegou-se ainda mais ao canto.

Tomei uma resolução heróica.

— Vou descer, não a incomodarei mais.

Ditas estas palavras rapidamente, de modo que só ela ouvisse, inclinei-me para mandar parar.

Mas senti outra vez a sua mãozinha, que apertava docemente a minha, como para

impedir-me de sair.

ALENCAR. José de. Cinco Minutos; A viuvinha.  30 ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 13-14


Autoria:Marlon Santos
Formação:Letras – Português
Componente Curricular:Língua Portuguesa
Habilidade:(EF67LP28-A) Ler, de forma autônoma, peças teatrais, romances infanto-juvenis, contos, contos populares, crônicas, entre outros, levando em conta suportes e características.
Referências:GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 3° Bimestre; Goiânia, 2023.