Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base o DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental.

A inferência é um processo mental que consiste em tirar conclusões a partir de informações que não estão diretamente expressas, mas que podem ser deduzidas com base em pistas, contextos ou conhecimentos prévios. Em outras palavras, inferir é “ler nas entrelinhas”, percebendo sentidos ocultos ou implícitos no que é dito ou escrito.
Na leitura, inferir é essencial para uma compreensão mais profunda do texto. Muitas vezes, autores não dizem tudo de forma explícita: eles sugerem, indicam, insinuam. O leitor atento capta essas pistas e constrói significados mais completos e ricos. Na escrita, o autor usa recursos como metáforas, ironias, contextos culturais e omissões estratégicas para provocar inferências no leitor.
Ao ler o texto, é possível inferir o sentido de uma palavra ou expressão com base no contexto, em que o leitor entende o que uma palavra significa, mesmo que não a conheça. Também é possível inferir uma informação implícita no texto, em que o leitor percebe algo que não foi diretamente dito, como sentimentos, intenções ou consequências.
Veja o exemplo a seguir.
Clara chegou em casa mais cedo naquele dia. Colocou o celular na mesa, largou a mochila no chão e foi direto para o quarto. Nem respondeu ao “boa tarde” da mãe. Trancou a porta, deitou-se na cama e ficou olhando o teto, com os olhos marejados. Ao lado da cama, o boletim escolar ainda estava aberto, exibindo as notas da última prova de matemática.
Vamos fazer algumas inferências sobre o texto acima.
Primeiramente, podemos inferir que Clara está triste. Deduzimos isso pelo comportamento dela — ir direto para o quarto, não falar com a mãe, olhar o teto com olhos marejados. Outro dado que podemos inferir é que, provavelmente, ela tirou uma nota ruim na prova de matemática. Isso é sugerido pela presença do boletim aberto ao lado da cama chamando atenção para a disciplina e para o contexto emocional de Clara. Uma terceira inferência que podemos fazer é o fato de a personagem poder estar preocupada com a reação da mãe. Ela evita contato e se isola. Ao ler o texto você conseguiu fazer todas essas inferências? Que tal passar a fazer inferências a partir de suas próximas leituras?
Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.
Responda às questões a seguir.
Leia um trecho de “Morte e vida severina”, de João Cabral de Melo Neto, para responder às questões 1 a 5.
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue,
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Somos muitos Severinos
iguais em tudo e na sina:
a de abrandar estas pedras
suando-se muito em cima,
a de tentar despertar
terra sempre mais extinta,
a de querer arrancar
alguns roçado da cinza.
Mas, para que me conheçam
melhor Vossas Senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
MELO NETO, João Cabral. Morte e Vida Severina e outros poemas para vozes. 4ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
QUESTÃO 1
A expressão “mesma morte severina” se refere à morte
(A) causada por guerras.
(B) trágica de heróis históricos.
(C) precoce e miserável dos pobres.
(D) natural pela idade avançada.
QUESTÃO 2
Na fala do eu lírico, ao afirmar que “morremos de velhice antes dos trinta”, podemos inferir que os Severinos
(A) vivem bem até os trinta anos e depois adoecem e morrem.
(B) têm vida longa e saudável devido às condições de vida.
(C) envelhecem precocemente devido às condições de vida.
(D) não sofrem com a dureza do trabalho braçal.
QUESTÃO 3
A repetição do nome “Severino” ao longo do poema indica
(A) a individualização do personagem principal.
(B) a diversidade de nomes típicos do sertão nordestino.
(C) a dificuldade de lembrar o nome verdadeiro das pessoas.
(D) a representação coletiva de uma população oprimida.
QUESTÃO 4
A partir da imagem da “cabeça grande que a custo é que se equilibra”, o que podemos inferir sobre as condições físicas e de saúde dos Severinos?
QUESTÃO 5
O poema mostra que os Severinos “emigram”. Por que, segundo o contexto do poema, eles precisam deixar sua terra? O que podemos inferir sobre essa migração forçada?
QUESTÃO 6
Leia o seguinte texto:
“O céu estava cinzento, e o vento frio cortava como lâmina. Mesmo assim, ele ficou parado na porta, esperando.”
O texto sugere que o personagem
(A) gosta de dias frios e cinzentos.
(B) estava determinado a esperar alguém.
(C) estava indeciso sobre entrar.
(D) não percebeu o clima frio e cinzento.
Autoria: | Marlon Santos |
Formação: | Letras – Português |
Componente curricular: | Língua Portuguesa |
Conteúdo(s)/Objeto(s) de conhecimento | Procedimentos de leitura |
Habilidade estruturante: | (EF89LP33-A) Ler, de forma autônoma, e compreender – selecionando procedimentos e estratégias de leitura (seleção, antecipação, inferência e verificação) adequados a diferentes objetivos e levando em conta características dos gêneros e suportes – contos contemporâneos, romances juvenis, novelas, crônicas visuais, narrativas de ficção científica, narrativas de suspense, poemas de forma livre e fixa (como haicai), poemas concretos, ciberpoemas, entre outros. |
Descritores: | D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão. D4 – Inferir uma informação implícita em um texto. |
Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 03, fev. 2025 |