Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base o DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental.

As palavras e seus efeitos de sentido
Quando lemos um texto argumentativo, como uma notícia comentada, um artigo de opinião, uma carta argumentativa ou mesmo um post nas redes, percebemos que ele não cumpre apenas a função social de informar. Ele também visa convencer o leitor de alguma ideia. Para isso, o autor utiliza recursos persuasivos, ou seja, estratégias que ajudam a fortalecer seu ponto de vista e influenciar o leitor.
Entre esses recursos, um dos mais importantes é a seleção vocabular: as palavras escolhidas para compor o texto. Cada palavra carrega sentidos, emoções e intenções específicas. Por isso, mudar uma única expressão pode alterar totalmente a interpretação do leitor.
A escolha das palavras pode ser estratégica desde o título do texto. O título é a porta de entrada do texto. Ele pode ser informativo, avaliativo ou, até mesmo, provocativo. Veja os seguintes exemplos:
“Campanha incentiva o uso de bicicletas na cidade”
“Mais uma ótima iniciativa para melhorar o trânsito”
“Por que insistimos em usar carros para tudo?”
Perceba que os três títulos tratam do mesmo tema, mas cada um produz um efeito de sentido diferente. O autor escolhe o tipo de título de acordo com a imagem que quer construir do tema e com a reação que deseja provocar.
O exemplo nos faz perceber que as palavras nunca são neutras. Compare:
“O governo investiu em educação.”
“O governo gastou com educação.”
Embora se refiram à mesma ação, investir transmite a ideia de algo positivo, planejado e necessário; já gastar pode sugerir desperdício ou uso exagerado ou equivocado de recursos. É por isso que, ao escrever, é importante pensar no efeito que a palavra escolhida pode causar no leitor, se ela reforça, por exemplo, o ponto de vista defendido no texto.
Outro recurso que perpassa a seleção vocabular implica no uso das figuras de linguagem no processo de comunicação, como as metáforas, que são comparações implícitas que ajudam a tornar uma ideia mais clara ou mais impactante. Observe o exemplo:
“A desinformação é um vírus que se espalha rápido.”
A metáfora “vírus” cria uma imagem forte, associada a algo perigoso, que contamina e que precisa ser combatido. O autor utiliza esse recurso para reforçar sua tese de que a desinformação é um problema grave. Assim, metáforas não servem apenas para “embelezar” o texto: elas produzem efeitos de sentido e ajudam a persuadir.
Ao produzir um texto argumentativo, o produtor precisa ter consciência de que suas escolhas linguísticas constroem sentidos. Cada palavra, cada expressão, cada estrutura contribui para tornar o texto mais convincente, claro, expressivo e adequado ao público. Quanto mais consciente o autor do texto ou o falante for dessas escolhas, mais domínio terá sobre o texto e a comunicação como um todo e sobre os efeitos de sentido que deseja criar.
Assista à videoaula do professor Marlon Santos com essa temática.
Responda às questões a seguir.
Leia os cartazes a seguir para responder às questões 1 e 2.

Cartaz 1

QUESTÃO 1
Retome a mensagem em destaque nos dois cartazes:
Cartaz 1: “Vacinação: uma proteção coletiva”
Cartaz 2: “Vacinas: risco ou segurança?”
Embora o conteúdo seja semelhante, os títulos criam expectativas distintas no leitor e influenciam seu olhar sobre o tema. A diferença entre os dois títulos evidencia que
(A) o título não interfere na relação do leitor com o conteúdo.
(B) o título é irrelevante para o sentido do texto.
(C) a escolha do título é estratégica e persuasiva.
(D) títulos diferentes garantem que o texto é científico.
QUESTÃO 2
Com base nos recursos persuasivos e nos efeitos de sentido produzidos pela seleção vocabular, explique como cada mensagem central orienta o leitor a interpretar o tema da vacinação de maneira diferente. Em sua resposta, analise a intenção comunicativa sugerida por cada escolha lexical e o posicionamento implícito de cada título.
QUESTÃO 3
Leia o trecho de uma carta argumentativa:
“É inaceitável que uma escola moderna ainda desperdice tanto papel. Precisamos de medidas urgentes para reduzir o consumo. Implantar plataformas digitais não é apenas uma economia — é uma atitude responsável com o planeta.”
Ao pensar na seleção vocabular, a escolha da palavra “desperdice” em vez de “use” reforça a intenção do autor de
(A) suavizar o impacto negativo para não parecer crítico demais.
(B) criar uma avaliação negativa da ação, fortalecendo o argumento.
(C) substituir fatos importantes por opiniões neutras e leves.
(D) conferir ao texto um tom exclusivamente informativo.
QUESTÃO 4
Leia o seguinte comentário:
“Enquanto alguns afirmam que o comércio local ‘está em crise’, outros dizem que ‘vive um período de transformação’. As duas expressões descrevem a mesma situação, mas cada uma constrói uma interpretação diferente sobre o cenário econômico.”
O contraste entre “crise” e “transformação” mostra que
(A) o emprego de palavras diferentes não alteram a intenção do autor.
(B) a escolha lexical pode orientar a visão do leitor para o mesmo fato.
(C) expressões negativas são sempre mais corretas em textos argumentativos.
(D) sinônimos sempre produzem efeitos de sentido idênticos em textos.
| Autoria: | Marlon Santos |
| Formação: | Letras – Português |
| Componente curricular: | Língua Portuguesa |
| Conteúdo(s)/Objeto(s) de conhecimento | Implicações do suporte, do gênero e/ou do enunciador na compreensão do texto |
| Habilidade estruturante: | (EF89LP06) Analisar o uso de recursos persuasivos em textos argumentativos diversos (como a elaboração do título, as escolhas lexicais, as construções metafóricas, a explicitação ou a ocultação de fontes de informação) e seus efeitos de sentido. |
| Descritor: | D18 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de uma determinada palavra ou expressão. |
| Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 03, fev. 2025 CEREJA, Willian Roberto; CLETO, Ciley. Interpretação de textos: desenvolvendo a competência leitora 9º ano. São Paulo: Atual, 2013. |
