Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base as sequências didáticas propostas pelo Programa Aprender Sempre, da SME-Goiânia, com base no DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.
As lendas têm uma contribuição significativa para o povo brasileiro, impactando diversos aspectos da vida cultural e social. Aqui estão algumas das principais maneiras pelas quais as lendas contribuem para o Brasil:
1. Preservação da tradição e da história
Por meio da tradição oral, as lendas são veículos que transmitem conhecimentos, valores e histórias de geração para geração. Elas mantêm viva a memória coletiva e as tradições culturais que poderiam ser esquecidas com o tempo.
2. Fortalecimento da identidade cultural
As lendas ajudam a construir e fortalecer a identidade cultural do Brasil. Elas preservam a história e as crenças dos diferentes grupos culturais e etnias que formaram o Brasil, integrando influências indígenas, africanas e europeias. Personagens míticos e histórias compartilhadas servem como símbolos culturais que conectam as pessoas, proporcionando um senso de pertencimento e coesão nacional.
Diferentes regiões do Brasil têm suas próprias lendas que refletem a cultura local. Alguns exemplos são as lendas do Boto cor-de-rosa e da Iara, do Norte do país, e do Negrinho do Pastoreio, no Sul. As histórias compartilhadas criam uma narrativa comum que une as pessoas dentro de uma região ou país. Elas ajudam a promover um senso de comunidade e identidade coletiva.
Apesar das vastas diferenças regionais no Brasil, as lendas servem como um ponto de unificação cultural, oferecendo histórias e figuras que todos podem reconhecer e apreciar, promovendo uma coesão social maior.
3. Educação e turismo
Por despertar a curiosidade sobre a história e cultura do povo, as lendas incentivam o estudo das tradições e mitos locais, o que promove uma apreciação mais profunda da herança cultural. Além do mais, são frequentemente usadas em contextos educativos e turísticos para ensinar sobre a cultura brasileira e atrair visitantes interessados em conhecer mais sobre o país e suas tradições.
4. Ensino de valores e moralidades
Muitas lendas, além do caráter lúdico e propagador da cultura, têm lições morais e éticas, transmitindo valores importantes como coragem, justiça, respeito à natureza e solidariedade. Elas são usadas para educar as pessoas, especialmente crianças, sobre comportamentos e valores desejáveis na sociedade.
Ainda, as lendas podem abordar comportamentos e atitudes humanas, oferecendo reflexões sobre a moralidade e as consequências das ações, como é o caso da lenda da Comadre Fulozinha.
5. Conexão com a natureza e o meio ambiente
Muitas lendas estão intimamente ligadas à natureza e aos fenômenos naturais, apresentando explicação para eles e para sua origem. Muitas lendas falam sobre entidades que protegem a natureza ou castigam aqueles que a desrespeitam, podendo estimular a consciência ecológica e o respeito pelo meio ambiente. Assim, elas enfatizam a importância da preservação ambiental e ajudam a promover uma conexão mais profunda entre os leitores e o meio ambiente.
6. Inspiração para a arte e a cultura popular
Inspirando uma ampla gama de expressões artísticas, incluindo literatura, música, teatro e artes visuais, as lendas oferecem material rico para criadores e artistas, contribuindo para a cena cultural brasileira. Personagens e histórias das lendas brasileiras aparecem em novelas, filmes e séries, integrando-se à cultura popular e mantendo o interesse nas tradições culturais de forma acessível e divertida.
Em resumo, as lendas contribuem para o povo brasileiro ao preservar e transmitir tradições culturais, fortalecer a identidade nacional, ensinar valores morais, inspirar a arte, promover a consciência ambiental, e fomentar o interesse pela cultura. Elas desempenham um papel vital na construção e manutenção da rica tapeçaria cultural do Brasil.
Leia o texto a seguir para responder às questões 1 a 4.
A lenda do Negrinho do Pastoreio
Há muito tempo, em uma vasta fazenda nos campos do sul do Brasil, vivia um estancieiro rico, mas de coração duro e sem compaixão. Ele era conhecido por ser extremamente avarento e cruel, tratando todos ao seu redor com desprezo, inclusive seus escravos.
Entre seus escravos, havia um menino negro, jovem e bonito, conhecido simplesmente como “Negrinho”. Ele não tinha nome próprio, nem padrinhos, e era constantemente maltratado pelo estancieiro e pelo filho dele, um garoto mimado e cruel. O Negrinho, apesar de todo o sofrimento, era uma criança de alma pura e devota, que considerava a Virgem Maria sua madrinha, já que não tinha uma madrinha terrena.
Todos os dias, o Negrinho cumpria suas tarefas com diligência, apesar das condições difíceis. Cuidava dos cavalos, especialmente de um baio de cabos-negros, o preferido do estancieiro. Além disso, preparava o chimarrão e era constantemente atormentado pelo filho do estancieiro.
Certa vez, o estancieiro ordenou que o Negrinho cuidasse de uma tropa de cavalos durante a noite. O Negrinho, cansado e sozinho, tentou fazer o seu melhor, mas adormeceu debaixo de um arbusto. Quando acordou, percebeu que os cavalos haviam fugido. Desesperado, sabia que o castigo seria severo. O estancieiro, furioso ao descobrir o ocorrido, ordenou que o Negrinho encontrasse todos os cavalos antes do amanhecer.
O Negrinho procurou por toda a noite, mas não conseguiu encontrar os animais. Ao retornar de mãos vazias, o estancieiro o castigou cruelmente, amarrando-o a um tronco e o chicoteando impiedosamente. Mesmo depois de tanto sofrimento, o Negrinho não se queixou. Quando o estancieiro achou que o menino já estava morto, o jogou em um formigueiro, achando que assim se livraria dele.
No entanto, no dia seguinte, o Negrinho foi encontrado ileso, montado em um cavalo baio e cercado por todos os cavalos perdidos. Ao seu lado, brilhava uma figura luminosa: a Virgem Maria, que o protegia. Ao ver essa visão, o estancieiro e todos os que presenciaram ficaram aterrorizados. O Negrinho então desapareceu na luz, deixando para trás apenas o mistério e a certeza de que a justiça divina havia sido feita.
Desde então, o Negrinho do Pastoreio se tornou uma figura lendária, conhecida como o protetor dos animais perdidos e dos oprimidos. As pessoas passaram a acender velas e rezar para ele quando perdem algo, na esperança de que ele os ajude a encontrar o que procuram, guiado pela proteção da Virgem Maria.
Elaborado pela equipe do NEC/SME-Goiânia para fins didáticos.
QUESTÃO 1
Na lenda do Negrinho do Pastoreio, o estancieiro é
(A) um homem justo que ajuda o Negrinho a encontrar os cavalos perdidos.
(B) um personagem secundário que não influencia a história.
(C) um homem cruel e avarento, cujas ações injustas levam à intervenção divina.
(D) o padrinho do Negrinho, responsável por sua proteção.
QUESTÃO 2
O conceito de justiça divina é representado no final da lenda do Negrinho do Pastoreio
(A) pela punição do Negrinho e sua submissão ao estancieiro.
(B) quando o estancieiro ajuda o Negrinho a encontrar os cavalos.
(C) pela intervenção da Virgem Maria, que protege o Negrinho e restaura a ordem.
(D) de maneira alguma, sendo apenas uma invenção do Negrinho.
QUESTÃO 3
O Negrinho do Pastoreio é visto como uma figura de resistência e fé. Como a lenda transmite esses valores por meio da narrativa?
QUESTÃO 4
Analise como a lenda do Negrinho do Pastoreio reflete as condições sociais e raciais do Brasil em que foi criada.
QUESTÃO 5
A lenda do Negrinho do Pastoreio é apenas um exemplo das tantas narrativas que foram se cristalizando no ideário brasileiro ao longo dos séculos. Algumas lendas denunciam certos comportamentos, enquanto outras idealizam outros comportamentos. Na sua opinião, como essas histórias que resistem ao tempo ajudam a falar sobre a formação identitária do povo brasileiro?
Autoria: | Marlon Santos |
Formação: | Letras – Português |
Componente curricular: | Língua Portuguesa |
Habilidade estruturante: | (EF69LP44-B) Reconhecer, em textos literários, formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção. |
Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 01, set. 2023 GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 3° Bimestre; Goiânia, 2024. Imagem 1: Disponível em: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-apache-desenhada-a-mao_37368090.htm#fromView=search&page=1&position=34&uuid=ad675b50-4eeb-445a-85a2-3f0ec3e667e7 >. Acesso em: 08, ago. 2024 |