Esta proposta de atividade de HISTÓRIA é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.
Fonte: A marcha da família com Deus pela liberdade. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1964_marcha.jpg>. Acesso em 09 de set. de 2024.
Os processos políticos e sociais que resultaram na ditadura civil-militar no Brasil
A ditadura civil-militar no Brasil, que durou de 1964 a 1985, foi resultado de uma série de processos políticos e sociais que se desenrolaram no contexto da Guerra Fria. A tensão entre as forças conservadoras e progressistas, a instabilidade econômica e a intervenção militar são alguns dos fatores que contribuíram para o golpe de 1964. Este regime autoritário foi marcado pela repressão, censura e controle político sobre a sociedade, com consequências profundas para o país.
Fonte: ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. 11p. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024.
O contexto da Guerra Fria e o anticomunismo
No início dos anos 1960, o Brasil, como muitos países da América Latina, estava imerso no clima da Guerra Fria, no qual os Estados Unidos e a União Soviética disputavam a hegemonia mundial. Dentro desse cenário, o medo do comunismo se espalhou, especialmente entre as elites políticas, empresariais e militares brasileiras. A Revolução Cubana (1959) intensificou esse temor, gerando receio de que o Brasil pudesse seguir um caminho semelhante ao de Cuba. Esse medo foi amplamente explorado por grupos conservadores, que associavam o governo de João Goulart a uma inclinação esquerdista e a políticas populares que ameaçariam seus interesses.
Crise econômica e polarização política
A presidência de João Goulart, que assumiu o poder em 1961 após a renúncia de Jânio Quadros, enfrentou uma série de desafios. O Brasil passava por uma grave crise econômica, com alta inflação, desvalorização da moeda e crescente desigualdade social. As reformas propostas por Goulart, como a reforma agrária e a reforma urbana, buscavam reduzir essas desigualdades, mas foram recebidas com resistência por parte das elites econômicas e por setores conservadores da sociedade.
Fonte: ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. 12p. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024.
A polarização política se intensificou com o crescimento das ligas camponesas, sindicatos e movimentos sociais que apoiavam Goulart. Ao mesmo tempo, a classe média e setores empresariais demonstravam crescente insatisfação com as medidas do governo. Grupos como o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD) começaram a articular uma forte campanha contra o governo, acusando-o de conduzir o país ao comunismo.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade
Entre os eventos mais significativos do período pré-golpe de 1964, destaca-se a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, ocorrida entre 19 de março e 8 de junho de 1964. Essas manifestações de massa foram organizadas por setores conservadores da sociedade, incluindo líderes religiosos, empresários e membros da classe média. A Marcha teve como objetivo expressar apoio às Forças Armadas e se opor às reformas de Goulart, que eram vistas como uma ameaça ao “modo de vida cristão” e à propriedade privada. Esse movimento foi essencial para a construção de uma base social que legitimasse o golpe militar, fornecendo apoio popular às ações das Forças Armadas contra o governo.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade
Fonte: A marcha da família com Deus pela liberdade. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:1964_marcha.jpg>. Acesso em 09 de set. de 2024.
A ação das Forças Armadas e o Golpe de 1964
A crescente polarização e instabilidade política levaram as Forças Armadas, com apoio de setores civis, a planejar a derrubada de João Goulart. Em 31 de março de 1964, o golpe militar foi deflagrado, com tropas marchando em direção ao Rio de Janeiro e Brasília. Goulart fugiu para o Uruguai, e o poder foi assumido pelos militares.
Os militares justificaram o golpe como uma ação necessária para “salvar a democracia” e evitar que o Brasil caísse no comunismo. Contudo, o regime que se seguiu foi marcado pela repressão, com o fechamento do Congresso Nacional, a suspensão de direitos políticos, a prisão e exílio de opositores, além da censura aos meios de comunicação.
Fonte: ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. 16p. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024.
A consolidação do regime ditatorial
Após o golpe, os militares institucionalizaram o regime mediante uma série de Atos Institucionais (AIs), o mais notório sendo o AI-5, de 1968, que concedeu poderes excepcionais ao presidente e intensificou a repressão contra opositores. A censura, tortura e perseguição política se tornaram práticas comuns durante os anos de chumbo (1968-1974), período mais repressivo do regime. Apesar disso, a ditadura contou com o apoio de setores empresariais e da classe média, que viam no governo militar uma forma de estabilidade frente às turbulências políticas anteriores.
Os impactos do Regime Ditatorial no Brasil
O golpe de 1964 e a ditadura civil-militar no Brasil foram o resultado de um conjunto de fatores políticos, sociais e econômicos, amplamente influenciados pelo contexto internacional da Guerra Fria. A instabilidade interna, o medo do comunismo e a articulação entre forças conservadoras, como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, e militares culminaram na instalação de um regime autoritário que perdurou por 21 anos, marcando profundamente a história do Brasil. As consequências dessa repressão, incluindo a perda de liberdades civis e a violação de direitos humanos, deixaram legados que ainda hoje são debatidos e estudados.
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
Escreva um texto sobre como as diferentes preocupações de grupos sociais, como a classe média e as elites, influenciaram suas ações e o apoio ao golpe de 1964?
QUESTÃO 02
Faça uma pesquisa e escreva um texto sobre a sociedade brasileira durante o golpe de 1964, de forma que você entenda, como os diferentes grupos sociais enxergavam o Brasil naquele momento? E quais foram as principais preocupações que motivaram as ações desses grupos?
QUESTÃO 03
No início dos anos 1960, o Brasil, como muitos países da América Latina, estava imerso no clima da Guerra Fria, no qual os Estados Unidos e a União Soviética disputavam a hegemonia mundial. Dentro desse cenário, o medo do comunismo se espalhou, especialmente entre
(A) os estudantes universitários e professores brasileiros.
(B) as elites políticas, empresariais e militares brasileiras.
(C) as populações indígenas e quilombolas do Brasil.
(D) os professores universitários e estudantes do Ensino Médio.
QUESTÃO 04
A presidência de João Goulart, que assumiu o poder em 1961 após a renúncia de Jânio Quadros, enfrentou uma série de desafios. O Brasil passava por uma grave crise econômica, com alta inflação, desvalorização da moeda e crescente desigualdade social. As reformas propostas por Goulart, buscavam reduzir essas desigualdades, mas foram recebidas com resistência por parte das elites econômicas e por setores conservadores da sociedade. Tais reformas se referiam às
(A) Reforma das rodovias e aeroportos.
(B) Reforma Agrária e Reforma Urbana.
(C) Reforma dos estádios de futebol.
(D) Reforma das leis indigenistas.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | História |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (EF09HI19) Identificar e compreender o processo que resultou na ditadura civil-militar no Brasil e discutir a emergência de questões relacionadas à memória e à justiça sobre os casos de violação dos direitos humanos. |
Matriz de habilidades essenciais: | Analisar os processos políticos e sociais que resultaram na ditadura civil-militar, bem como a imposição dos atos institucionais que culminaram com o fechamento das instituições democráticas brasileiras. |
Referências: | ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. Ditadura militar e democracia no Brasil : história, imagem e testemunho. organização. 1º edição, Ponteiro, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024. CORDEIRO, Janaína Martins. A Marcha da Família com Deus pela liberdade em São Paulo: direitas, participação política e golpe no Brasil, 1964. Revista de História, São Paulo, n. 180, p. 1–19, 2021. DOI: 10.11606/issn.2316-9141.rh.2021.167214. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/167214.. Acesso em: 9 set. 2024. |