Esta proposta de atividade de HISTÓRIA é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.
Fonte: Um tanque de guerra no Congresso Nacional do Brasil, durante o Golpe de Estado de 1964. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:War_tanks_in_Brasilia,_1964.jpg>. Acesso em 27 de set. de 2024.
A relação entre o Brasil e os Estados Unidos durante as décadas de 1960 a 1980
A relação entre o Brasil e os Estados Unidos durante as décadas de 1960 a 1980 foi marcada por interferências políticas e econômicas significativas. Esse período coincide com momentos de grande turbulência, tanto no cenário interno brasileiro quanto no contexto global, fortemente influenciado pela Guerra Fria, uma disputa geopolítica entre os EUA e a União Soviética, que gerou impactos em diversas nações, especialmente na América Latina. A partir de 1964, com o golpe militar no Brasil, a interferência dos Estados Unidos se tornou ainda mais evidente, principalmente em questões políticas e econômicas.
Tanques de guerra em Brasília
Fonte: Um tanque de guerra no Congresso Nacional do Brasil, durante o Golpe de Estado de 1964. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:War_tanks_in_Brasilia,_1964.jpg>. Acesso em 27 de set. de 2024.
A Guerra Fria e a Doutrina de Segurança Nacional
A Guerra Fria moldou as políticas externas dos Estados Unidos, que buscavam conter o avanço do comunismo em todo o mundo. Na América Latina, esse combate ganhou força por meio da Doutrina de Segurança Nacional, defendida pelos EUA e apoiada pelos governos militares. A doutrina justificava a repressão a qualquer movimento ou partido que fosse considerado “subversivo” ou “comunista”. No Brasil, a política de segurança nacional foi um dos pilares que legitimou o golpe de 1964, que instaurou uma ditadura militar que perduraria até 1985.
Os Estados Unidos, temendo a ascensão de regimes de esquerda, como havia acontecido em Cuba, deram suporte direto ao golpe militar de 1964. Documentos históricos comprovam que o governo norte-americano estava preparado para apoiar logisticamente os militares brasileiros caso houvesse resistência armada ao golpe. O objetivo principal era assegurar um governo alinhado aos interesses econômicos e políticos dos EUA.
Alianças da Guerra Fria meados de 1975
Fonte: Alianças da Guerra Fria. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cold_War_alliances_mid-1975.svg>. Acesso em 27 de set. de 2024.
Em 1964, o governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Lyndon B. Johnson, preparou a Operação Brother Sam, uma operação militar secreta cujo objetivo era oferecer apoio logístico e material aos militares brasileiros que planejavam depor João Goulart. A operação consistia no envio de suprimentos como combustível, munições e armas, além da possibilidade de intervenção militar direta, caso a resistência ao golpe fosse maior do que o esperado. Embora o apoio militar direto nunca tenha sido necessário, o simples fato de os Estados Unidos estarem prontos para agir contribuiu para o sucesso do golpe.
A Operação Brother Sam simbolizou o comprometimento dos Estados Unidos em garantir que o Brasil não se tornasse um país aliado ao bloco comunista. Após o golpe, o regime militar se consolidou no poder, implementando um governo autoritário, marcado por censura, repressão, tortura e a suspensão de direitos políticos.
Influência Econômica dos Estados Unidos no Brasil
Após o golpe militar, os Estados Unidos exerceram forte influência sobre a economia brasileira. Na década de 1960, o Brasil passou por um processo de modernização industrial impulsionado por capital estrangeiro, principalmente dos EUA. Durante o governo de Castelo Branco (1964-1967), o Brasil adotou políticas econômicas liberais que beneficiaram empresas multinacionais e promoveram a entrada de investimentos externos, porém essas políticas também contribuíram para o aumento da dependência econômica do Brasil em relação aos Estados Unidos.
Construção da Ponte Rio-Niterói
Fonte: Construção da Ponte Rio-Niterói. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Constru%C3%A7%C3%A3o_da_Ponte_Rio-Niter%C3%B3i.tif?page=1>. Acesso em 27 de set. de 2024.
Nos anos 1970, durante o “milagre econômico”, o Brasil vivenciou um rápido crescimento econômico, impulsionado por grandes obras de infraestrutura e pela abertura do mercado para o capital internacional, a edificação da Ponte Rio-Niterói em 1971, foi uma das obras marcantes daquela época. Esse crescimento, no entanto, estava fortemente atrelado a empréstimos e financiamentos internacionais, que geraram uma grande dívida externa. Durante o governo Geisel (1974-1979), o cenário começou a mudar, e o Brasil tentou diversificar suas relações econômicas e políticas, buscando reduzir a dependência dos Estados Unidos.
Repressão Política e Interferências Externas
Além das influências econômicas, a interferência dos Estados Unidos no Brasil durante a ditadura militar também se manifestou no apoio direto à repressão política. Durante as décadas de 1960 e 1970, os EUA financiaram e treinaram forças de segurança brasileiras por meio de programas como a Escola das Américas. O objetivo era capacitar militares e policiais para combater movimentos de esquerda, que eram considerados uma ameaça à estabilidade regional. Esse apoio norte-americano permitiu que o regime militar brasileiro aumentasse a repressão aos opositores, promovendo prisões, torturas e mortes.
Perseguidos pelo regime militar brasileiro
Fonte: ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. 29p. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024.
A interferência norte-americana, no entanto, não foi apenas direta. Ela também ocorreu por meio da criação de um ambiente de legitimidade para a repressão em nome da luta contra o comunismo. Os Estados Unidos exerceram uma forte influência sobre a mídia e as elites econômicas brasileiras, ajudando a consolidar a ideia de que o regime militar era necessário para garantir a ordem e o progresso no país.
Mudanças e o Processo de Abertura
Na década de 1980, com a crise da dívida externa e o esgotamento do modelo econômico adotado pelos governos militares, o Brasil começou a passar por um processo de abertura política e econômica. As pressões internas por democratização, somadas à diminuição do apoio externo dos Estados Unidos, especialmente com a mudança de foco da política norte-americana para outras regiões do mundo, facilitaram o fim do regime militar e a transição para um governo civil em 1985.
Manifestação pelas eleições diretas em 1984
Fonte: ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. 40p. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024.
A interferência dos Estados Unidos no Brasil durante as décadas de 1960 a 1980 deixou marcas profundas nas esferas política, econômica e social do país. A ditadura militar, apoiada e incentivada pelos EUA, gerou uma série de violações aos direitos humanos e aprofundou a dependência econômica do Brasil em relação ao capital estrangeiro.
As Consequências das Relações de Poder
As interferências internacionais, especialmente dos Estados Unidos, moldaram grande parte da história política e econômica do Brasil durante as décadas de 1960 a 1980. O apoio norte-americano ao golpe militar de 1964 e à repressão política, além da influência econômica que incentivou o endividamento e a dependência externa, tiveram impactos duradouros. Esse período da história brasileira é um exemplo claro de como relações de poder e interesses internacionais podem influenciar o desenvolvimento de um país, afetando sua soberania e as liberdades civis.
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
Como a Operação Brother Sam exemplifica a influência dos Estados Unidos na política interna do Brasil durante a Guerra Fria?
QUESTÃO 02
Quais foram as consequências da aliança entre o regime militar brasileiro e os Estados Unidos para o desenvolvimento político e econômico do Brasil nas décadas seguintes?
QUESTÃO 03
A relação entre o Brasil e os Estados Unidos durante as décadas de 1960 a 1980 foi marcada por interferências políticas e econômicas significativas. Esse período coincide com momentos de grande turbulência, tanto no cenário interno brasileiro quanto no contexto global, fortemente influenciado pela Guerra Fria, e a principal justificativa dos Estados Unidos para apoiar o golpe militar de 1964 no Brasil foi o medo de
(A) um crescimento industrial e econômico acelerado no Brasil.
(B) uma possível invasão chinesa e soviética na América Latina.
(C) a disseminação do comunismo no Brasil e na América Latina.
(D) a queda da influência do governo dos EUA na América do Sul.
QUESTÃO 04
As interferências internacionais, especialmente dos Estados Unidos, moldaram grande parte da história política e econômica do Brasil durante as décadas de 1960 a 1980. E uma das características do alinhamento do Brasil com os Estados Unidos durante a ditadura militar foi a
(A) total independência econômica do Brasil.
(B) parceria em apoio ao bloco comunista.
(C) cooperação em políticas anti-comunistas.
(D) expansão de políticas educacionais comunistas.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | História |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (GO-EF09HI19-B) Conhecer e analisar as diversas relações de poder e interferências internacionais na situação política e econômica no Brasil, nas décadas de 1960 a 1980. |
Matriz de habilidades essenciais: | Conhecer e analisar as diversas relações de poder e interferências internacionais, como no caso dos Estado Unidos, na situação política e econômica no Brasil, nas décadas de 1960 a 1980. |
Referências: | ARAUJO, Maria Paula; SILVA, Izabel Pimentel da; SANTOS, Desirree dos Reis. Ditadura militar e democracia no Brasil : história, imagem e testemunho. organização. 1º edição, Ponteiro, Rio de Janeiro, 2013. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/central-de-conteudo_legado1/anistia/anexos/ditadura-militar-_-versao-final.pdf>. Acesso em 09 de set. de 2024. HOBSBAWM, E. A era dos extremos: o breve século XX. 2. ed. 9. reimp. SãoPaulo: Companhia das Letras, 1995. |