Esta proposta de atividade de GEOGRAFIA é destinada aos estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.
Fonte: IBGE, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
O racismo estrutural: A desigualdade de trabalho e renda no Brasil
A desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros no Brasil é um dos reflexos mais persistentes do racismo estrutural que atravessa a história do país. Apesar de avanços políticos e sociais, como a implementação de cotas raciais e maior acesso à educação, a população negra continua enfrentando desvantagens significativas no mercado de trabalho. Essa disparidade, que resulta em taxas mais altas de desemprego, salários menores e menor acesso a posições de liderança, reflete a manutenção de estruturas sociais e econômicas historicamente excludentes.
O racismo estrutural no Brasil em dados – 2019
Fonte: IBGE, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
Origens históricas e racismo estrutural
A desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros no Brasil não pode ser dissociada do passado escravista do país. Durante mais de três séculos, negros foram explorados como mão de obra escrava, sem acesso a direitos básicos, educação ou propriedade. Mesmo após a abolição da escravidão, em 1888, não houve políticas públicas para integrar os negros à sociedade de forma igualitária. Pelo contrário, muitos foram marginalizados e relegados ao trabalho informal ou precário.
Essa exclusão inicial deu origem ao que se conhece hoje como racismo estrutural, ou seja, práticas e políticas que, mesmo não sendo explícitas, perpetuam a desigualdade entre brancos e negros. No mercado de trabalho, isso se traduz em barreiras de acesso a empregos de maior prestígio e remuneração, além de uma concentração da população negra em funções de baixa qualificação e rendimento.
Taxa de desocupação segundo cor/raça de 2019 a 2024 no Brasil
Fonte: DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. p. 02. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/conscienciaNegra.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
Dificuldades na inserção e condições desfavoráveis no mercado de trabalho
Dados do DIEESE (2024) mostram que negros têm maior dificuldade em ingressar no mercado de trabalho. A taxa de desocupação da população negra é de 8,0%, comparada a 5,5% entre não negros. Essa diferença é ainda mais expressiva entre as mulheres negras, cuja taxa de desemprego chega a 10,1%, mais que o dobro da registrada entre homens não negros (4,6%).
Gráfico sobre a taxa de desocupação segundo sexo e cor no Brasil – 2º trimestre de 2024
Fonte: DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. p. 03. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/conscienciaNegra.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
Além disso, quase metade dos trabalhadores negros está inserida na informalidade. Entre as mulheres negras, 46% trabalham sem proteção trabalhista, e para os homens negros, esse índice é de 45%. Essa inserção em empregos precarizados, sem direitos trabalhistas básicos, impede o acesso a benefícios e dificulta a estabilidade financeira.
Disparidades nos rendimentos
O mercado de trabalho no Brasil reflete as desigualdades raciais em diferentes níveis. Negros são maioria nos setores de trabalho informal, como vendedores ambulantes, diaristas e outros empregos precarizados, enquanto os brancos predominam em funções formais e de alta qualificação, como executivos, médicos e engenheiros. Além disso, estudos indicam que, mesmo com a mesma formação e ocupando cargos semelhantes, negros recebem salários significativamente menores do que brancos.
Negros e não negros nas 10 ocupações com maiores salários no Brasil em 2024
Fonte: DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. p. 06. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/conscienciaNegra.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
A desigualdade salarial é marcante: os negros ganham, em média, 40% menos que os não negros. Além disso, a concentração de negros em ocupações de baixa remuneração é significativa. Eles representam 70% dos trabalhadores nas dez profissões com menores rendimentos, enquanto ocupam apenas 27% das dez profissões mais bem pagas. Um exemplo disso é o trabalho doméstico, uma das ocupações mais precarizadas: 15,5% das mulheres negras empregadas estão nessa função, recebendo, em média, menos que o salário mínimo.
Negros e não negros nas 10 ocupações com menores salários no Brasil em 2024
Fonte: DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. p. 07. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/conscienciaNegra.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024.
A desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros tem implicações econômicas e sociais significativas. Do ponto de vista econômico, a subutilização do potencial da população negra representa uma perda de produtividade e inovação para o país. Além disso, as disparidades reforçam a concentração de renda e dificultam o desenvolvimento de uma economia mais inclusiva e sustentável.
Socialmente, a desigualdade gera tensões e perpetua a discriminação racial, impactando a coesão social. A marginalização econômica dos negros contribui para a perpetuação de problemas como violência, exclusão social e pobreza, que afetam não apenas a população negra, mas a sociedade na totalidade.
Caminhos para a Igualdade
Nos últimos anos, políticas públicas como as cotas raciais para universidades e concursos públicos têm buscado reduzir as desigualdades raciais no Brasil. Essas medidas têm sido fundamentais para ampliar o acesso dos negros à educação superior e a empregos formais. No entanto, ainda há muito a ser feito.
A adoção de políticas empresariais de diversidade e inclusão é essencial para combater a desigualdade no mercado de trabalho. Programas de treinamento e mentoria para negros, aliados a práticas que garantam igualdade salarial e de oportunidades, são passos fundamentais.
Sendo assim, a desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros no Brasil é um desafio complexo que requer esforços contínuos e integrados para ser superado. Investir em políticas públicas inclusivas, promover mudanças nas práticas empresariais e combater o racismo estrutural são ações essenciais para construir uma sociedade mais igualitária. Somente por meio de uma abordagem abrangente será possível romper com o ciclo de exclusão e garantir que todos os brasileiros tenham acesso às mesmas oportunidades no mercado de trabalho e na distribuição de renda.
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
Como o passado escravista do Brasil influencia a manutenção do racismo estrutural no mercado de trabalho atual, e de que forma políticas públicas podem ajudar a romper com esse ciclo de exclusão?
QUESTÃO 02
Faça uma pesquisa sobre as cotas raciais e explique de que forma as políticas de ação afirmativa, como as cotas raciais, podem contribuir para reduzir a desigualdade no mercado de trabalho, e quais são as limitações dessas políticas diante do racismo estrutural ainda presente nas instituições brasileiras?
QUESTÃO 03
A desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros no Brasil é um dos reflexos mais persistentes do racismo estrutural que atravessa a história do país. Apesar de avanços políticos e sociais, como a implementação de cotas raciais e maior acesso à educação, a população negra continua enfrentando desvantagens significativas no mercado de trabalho. A desigualdade de trabalho e renda entre brancos e negros é considerada um reflexo do racismo estrutural no Brasil, pois
(A) os negros ocupam exclusivamente posições de liderança no mercado de trabalho e na política.
(B) as práticas históricas e sociais perpetuam a exclusão de negros de cargos de prestígio e boa remuneração.
(C) a população negra sempre teve acesso igualitário e majoritário a empregos e uma renda elevada.
(D) as políticas de inclusão reduziram e acabaram completamente com as desigualdades raciais.
QUESTÃO 04
O mercado de trabalho no Brasil reflete as desigualdades raciais em diferentes níveis. Negros são maioria nos setores de trabalho informal, como vendedores ambulantes, diaristas e outros empregos precarizados, enquanto os brancos predominam em funções formais e de alta qualificação, como executivos, médicos e engenheiros. O principal obstáculo para a inserção de negros em cargos de liderança no Brasil é a
(A) igualdade salarial em relação aos não negros e o fácil desenvolvimento da carreira.
(B) predominância de negros em universidades e profissões técnicas e de alta qualificação.
(C) discriminação e a falta de políticas inclusivas que promovam diversidade nas empresas.
(D) predominância de negros com grandes salários e no mercado de trabalho formal.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | Geografia |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (EF08GE20-B) Analisar características de países e grupos de países da América e da África no que se refere aos aspectos populacionais, urbanos, políticos e econômicos. Discutir as desigualdades sociais e econômicas, bem como as pressões sobre a natureza e suas riquezas, sua apropriação e valoração na produção e circulação, em diferentes tempos, resultando na espoliação dos povos originários. |
Matriz de habilidades essenciais: | Analisar as desigualdades sociais e econômicas, bem como as pressões sobre a natureza e suas riquezas, sua apropriação e valoração na produção e circulação, em diferentes tempos, resultando na espoliação dos povos originários. |
Referências: | DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. 20 de novembro – Dia da Consciência Negra Boletim Especial – Apesar dos avanços, desigualdade racial de rendimentos persiste. São Paulo, 2024. Disponível em: <https://www.dieese.org.br/boletimespecial/2024/conscienciaNegra.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024. IBGE. Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil. Estudos e Pesquisas, Informação Demográfica e Socioeconômica, n.41, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2019. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf>. Acesso em 22 de nov. de 2024. |