Esta proposta de atividade de GEOGRAFIA é destinada aos estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.

Fonte: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Movimento_dos_Trabalhadores_Rurais_Sem_Terra,_2007_(cropped).jpg>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O movimento dos trabalhadores rurais sem terra no Brasil
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, atuando desde a década de 1980 na luta pela reforma agrária e pela democratização do acesso à terra. A questão agrária no país é um problema histórico, marcado pela concentração de terras nas mãos de poucos e pela exclusão de milhões de trabalhadores rurais que não têm acesso a um pedaço de terra para viver e produzir.
Assentamentos rurais no Brasil em 2022

Fonte: Atlas geográfico escolar do IBGE. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/brasil/3048-espaco-economico/assentamentos-rurais.html>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
Neste texto, vamos analisar o MST sob a perspectiva da Geografia, entendendo como a luta pela terra está relacionada com questões territoriais, sociais e econômicas, e como esse movimento se enquadra dos direitos legais territoriais de diversos grupos sociais, como indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais.
A concentração de terras no Brasil
O Brasil é um país com uma das maiores concentrações de terras do mundo. Desde o período colonial, a estrutura fundiária brasileira foi marcada pelo latifúndio, ou seja, grandes extensões de terra nas mãos de poucos proprietários. Essa concentração de terras gerou desigualdades sociais profundas, especialmente no campo, onde milhões de famílias camponesas vivem em situação de pobreza e sem acesso à terra para plantar e viver. A Geografia nos ajuda a entender que a terra não é somente um recurso natural, mas também um espaço de vida, de trabalho e de identidade para as comunidades rurais.
Tabela sobre os estabelecimentos agropecuários no Brasil em 2017

Fonte: IBGE — INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/atlasrural/pdfs/02_00_Texto.pdf>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O MST e a luta pela reforma agrária
O MST surgiu na década de 1980 como uma resposta à exclusão social no campo. O movimento organiza trabalhadores rurais sem terra para ocupar latifúndios improdutivos e pressionar o governo a realizar a reforma agrária. A reforma agrária é uma política que visa redistribuir terras, garantindo que famílias camponesas possam ter acesso a um pedaço de terra para viver e produzir alimentos. O MST não luta somente pela terra, mas também por melhores condições de vida no campo, como acesso à educação, saúde e infraestrutura.
Bandeira do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Fonte: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Movimento_dos_Trabalhadores_Rurais_Sem_Terra,_2007_(cropped).jpg>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
A partir da análise geográfica entendemos que a luta do MST é também uma luta territorial. O território não é somente um espaço físico, mas um espaço de relações sociais, políticas e econômicas, mas também espaços de cultura, identidade e sobrevivência para essas comunidades.
Quando o MST ocupa uma terra, ele está disputando o controle desse território com o agronegócio, sendo um modelo de produção agrícola baseado em grandes propriedades, monoculturas e exportação. O agronegócio avança sobre terras públicas e áreas de preservação ambiental, gerando conflitos com comunidades tradicionais e movimentos sociais.
A questão agrária e os direitos territoriais
A luta do MST está diretamente relacionada com os direitos territoriais de outros grupos sociais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e povos da floresta. Esses grupos também lutam pelo reconhecimento de seus territórios tradicionais, que muitas vezes são ameaçados pelo avanço do agronegócio, da mineração e de grandes obras de infraestrutura.
O MST, assim como outros movimentos sociais, defende que a reforma agrária deve incluir o respeito aos direitos territoriais desses grupos. Isso significa que a redistribuição de terras não pode ser feita de qualquer maneira, mas deve considerar a diversidade de formas de vida no campo e a importância dos territórios tradicionais para a preservação da biodiversidade e da cultura.
Os desafios do MST na atualidade
Atualmente, o MST enfrenta grandes desafios. Por um lado, o agronegócio continua avançando sobre terras públicas e áreas de preservação, especialmente na Amazônia. Por outro lado, as políticas de reforma agrária têm sido insuficientes para atender às demandas dos trabalhadores rurais. O governo federal prioriza a regularização fundiária, ou seja, a legalização de terras já ocupadas, em vez de desapropriar latifúndios improdutivos para criar novos assentamentos. Isso leva a um aumento no tempo de espera das famílias acampadas, que desistem muitas vezes da luta por falta de perspectivas.
Manifestantes do MST

Fonte: Manifestantes do MST bloqueiam BR-367 em Eunápolis, Bahia, em abril de 2018. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bloqueio_da_BR-367_pelo_MST_contra_pris%C3%A3o_de_Lula,_Eun%C3%A1polis_BA.JPG>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
Além disso, o MST tem que lidar com a criminalização de suas ações. As ocupações de terra são frequentemente tratadas como atos de violência, e os líderes do movimento são perseguidos e criminalizados. Essa criminalização é uma forma de deslegitimar a luta pela terra e proteger os interesses do agronegócio.
A importância da soberania alimentar
Um dos principais argumentos do MST é a defesa da soberania alimentar. Soberania alimentar significa que os povos têm o direito de decidir o que plantar, como plantar e para quem produzir.
Agricultura familiar: Produção de orgânicos

Fonte: Agricultura orgânica no Distrito Federal, no Brasil. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Abr_horta_Antonio_Cruz.jpg>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O agronegócio, por outro lado, prioriza a produção de commodities para exportação, como soja e cana-de-açúcar, em detrimento da produção de alimentos para o mercado interno. O MST defende que a reforma agrária deve priorizar a produção de alimentos saudáveis e acessíveis para a população brasileira, garantindo a segurança alimentar e nutricional.
Um movimento social fundamental
O MST é um movimento social fundamental para a democratização do acesso à terra no Brasil. Sua luta pela reforma agrária está diretamente relacionada com questões territoriais, sociais e econômicas, e com os direitos legais de diversos grupos sociais, como indígenas, quilombolas e povos da floresta. A Geografia nos ajuda a entender que a terra não é somente um recurso natural, mas um espaço de vida, de trabalho e de identidade para milhões de pessoas. A luta do MST é também uma luta pela soberania alimentar, pela preservação do meio ambiente e pela justiça social no campo.
No entanto, o movimento enfrenta grandes desafios, como o avanço do agronegócio, a insuficiência das políticas de reforma agrária e a criminalização de suas ações. Para superar esses desafios, é necessário que a sociedade brasileira reconheça a importância da reforma agrária e dos direitos territoriais dos povos tradicionais. A luta do MST não é somente uma luta dos sem-terra, mas uma luta de todos que acreditam em um país mais justo e igualitário.
Assista ao vídeo sobre o movimento dos trabalhadores rurais sem terra no Brasil.
Fonte: @EstúdioConexãoEscola
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
A partir da análise das informações do texto e da observação do mapa, responda à questão a seguir.
Assentamentos rurais no Brasil em 2022

Fonte: Atlas geográfico escolar do IBGE. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/brasil/3048-espaco-economico/assentamentos-rurais.html>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O Brasil é conhecido por ter uma das maiores concentrações de terras do mundo. Explique como essa concentração de terras contribui para as desigualdades sociais no campo e como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) busca combater esse problema. Utilize exemplos do texto para embasar sua resposta.
QUESTÃO 02
A partir da análise das informações do texto e da observação da notícia, responda à questão a seguir.

Fonte: Agência Brasil. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-07/agricultura-familiar-e-8a-maior-produtora-de-alimentos-do-mundo>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O MST defende a soberania alimentar como um dos pilares da reforma agrária. Explique o que significa soberania alimentar e por que ela é importante para o Brasil. Como a produção de alimentos no modelo do agronegócio difere da produção defendida pelo MST, e quais são os impactos desses dois modelos para a população brasileira?
QUESTÃO 03
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é um dos mais importantes movimentos sociais do Brasil, atuando desde a década de 1980 pela democratização do acesso à terra, e o principal objetivo do MST é
(A) promover a expansão do agronegócio no Brasil de forma democrática.
(B) lutar pela reforma agrária e pelo acesso à terra de forma democrática.
(C) defender a concentração de terras nas mãos de grandes proprietários.
(D) incentivar a migração da população rural para as cidades democraticamente.
QUESTÃO 04
A luta do MST está diretamente relacionada com os direitos territoriais de outros grupos sociais, como indígenas, quilombolas, ribeirinhos e povos da floresta. Esses grupos também lutam pelo reconhecimento de seus territórios tradicionais, que muitas vezes são ameaçados pelo avanço do agronegócio, da mineração e de grandes obras de infraestrutura. A relação entre o MST e os direitos territoriais de povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, pode ser percebido quando
(A) o MST ignora os direitos desses povos e prioriza somente os sem-terra e os agropecuaristas.
(B) o MST busca ocupar terras indígenas e quilombolas para expandir suas atividades.
(C) o MST defende que a reforma agrária deve respeitar os direitos territoriais desses grupos.
(D) o MST deixa de desenvolver uma relação com os direitos territoriais de povos tradicionais.
QUESTÃO 05
O Brasil é um país com uma das maiores concentrações de terras do mundo. Desde o período colonial, a estrutura fundiária brasileira foi marcada pelo latifúndio, ou seja, grandes extensões de terra nas mãos de poucos proprietários. Essa concentração de terras gerou desigualdades sociais profundas, especialmente no campo, onde milhões de famílias camponesas vivem em situação de pobreza e sem acesso à terra para plantar e viver. Dessa forma, o avanço do agronegócio afeta as comunidades tradicionais e o meio ambiente, pois
(A) o agronegócio gera conflitos com comunidades tradicionais e causa desmatamento.
(B) o agronegócio promove a preservação ambiental e o respeito aos territórios tradicionais.
(C) o agronegócio sustentável e não interfere nos territórios tradicionais nem no meio ambiente.
(D) o agronegócio prioriza a produção de alimentos para o mercado interno e preza somente o fim da fome no país.
QUESTÃO 06
A partir da análise das informações do texto e da observação da notícia, responda à questão a seguir.

Fonte: CNN Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/politica/governo-vai-investir-r-700-milhoes-em-reforma-agraria-diz-ministro/>. Acesso em 06 de mar. de 2025.
O MST é um movimento social fundamental para a democratização do acesso à terra no Brasil. Sua luta pela reforma agrária está diretamente relacionada com questões territoriais, sociais e econômicas, e com os direitos legais de diversos grupos sociais, como indígenas, quilombolas e povos da floresta. E a principal diferença entre a reforma agrária e o agronegócio em relação ao uso da terra, pode ser entendida quando
(A) a reforma agrária prioriza commodities, enquanto o agronegócio foca em alimentos.
(B) a reforma agrária distribui terras para camponeses, enquanto o agronegócio concentra terras.
(C) a reforma agrária e o agronegócio usam a terra de forma idêntica, com foco na produção de soja.
(D) a reforma agrária não se interessa pelo uso produtivo da terra, enquanto o agronegócio é sustentável.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | Geografia |
Objeto de conhecimento/Conteúdos: | Formação territorial do Brasil: Fluxos econômicos brasileiros; Fluxos populacionais brasileiros; Conflitos e tensões históricas e contemporâneas na formação do Brasil; Direitos legais territoriais dos diferentes povos; Movimentos sociais urbanos e rurais. |
DCGO – AMPLIADO – Habilidades: | (EF07GE03-B) Analisar criticamente os direitos legais territoriais dos povos indígenas, quilombolas, povos da floresta, cerradeiros, ribeirinhos, beiradeiros e os movimentos sociais urbanos e rurais. |
Referências: | FERNANDES, Bernardo Mançano. O MST e as reformas agrárias do Brasil. Debates, OSAL 73, Ano IX, Nº 24, Universidade Estadual Paulista – Unesp, 2008. Disponível em: <http://www2.fct.unesp.br/docentes/geo/bernardo/OUTROS/04mancano.pdf>. Acesso em 06 de mar. de 2025. IBGE — INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estrutura Fundiária. Atlas do espaço rural brasileiro. Brasília–DF: IBGE, 2017. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/atlasrural/pdfs/02_00_Texto.pdf>. Acesso em 06 de mar. de 2025. MORISSAWA, Mitsue. A história da luta pela terra e o MST. São Paulo: Expressão Popular, 2001. Disponível em: <https://mst.org.br/download/a-historia-da-luta-pela-terra-e-o-mst/>. Acesso em 06 de mar. de 2025. SANTOS, Milton; SILVEIRA M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro/RJ: Record, 2001. 351p. |