Esta proposta de atividade de GEOGRAFIA é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.

A relação econômica entre Brasil e China no século XXI
No século XXI, as relações econômicas entre Brasil e China se tornaram um dos eixos centrais da política externa e da economia brasileira. A China, que emergiu como uma potência global, passou a ocupar um papel estratégico no comércio internacional, influenciando diretamente as dinâmicas econômicas de países em desenvolvimento, como o Brasil.
A relação econômica entre Brasil e China é marcada por trocas comerciais intensas e investimentos bilaterais, refletindo as transformações geopolíticas e econômicas do mundo contemporâneo. No entanto, essa parceria também apresenta desafios, especialmente para o Brasil, que busca reindustrializar sua economia e reduzir sua dependência de commodities.
A ascensão da China e o crescimento das relações comerciais com o Brasil
A China, desde o final do século XX, passou por um processo acelerado de industrialização e urbanização, tornando-se a segunda maior economia do mundo. Esse crescimento foi impulsionado por políticas de abertura econômica, investimentos em tecnologia e uma forte inserção no comércio internacional. Para sustentar seu desenvolvimento, a China necessitou de grandes quantidades de matérias-primas, como minério de ferro, soja e petróleo, recursos abundantes no Brasil.
Exportações do Brasil de 2002 a 2020

Fonte: BORGES , Fábio; MARTINS, Luiza Maria; RABELO, Felipe Nagual Paranhos. 37-38 p. Disponível em: https://revistaprincipios.emnuvens.com.br/principios/article/view/350. Acesso em: 14 mar. 2025.
Desde 2009, a China é o maior destino das exportações brasileiras, superando, parceiros históricos como Estados Unidos e Argentina. A principal característica desse fluxo comercial é a grande dependência de commodities. Essa demanda chinesa transformou o Brasil em um dos principais fornecedores de recursos naturais para o país asiático, consolidando uma relação comercial assimétrica, em que o Brasil exporta produtos primários e importa manufaturados.
Exportação do Brasil para China em 2023

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 27 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
Por outro lado, as importações provenientes da China são altamente diversificadas, abrangendo produtos de alta tecnologia, como eletrônicos, veículos e máquinas, além de manufaturados de menor valor agregado. Essa assimetria tem levantado preocupações sobre os impactos desse modelo comercial na estrutura produtiva brasileira.
Importações do Brasil vindas da China em 2023

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 31 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
O impacto na indústria brasileira
A dependência do Brasil na exportação de commodities reforça um processo de desindustrialização que vem ocorrendo desde os anos 1990. O crescimento das importações de bens manufaturados chineses reduz a competitividade da indústria nacional, dificultando a produção local e a geração de empregos em setores mais sofisticados da economia.
Dados da desindustrialização do Brasil

Fonte: HIRATUKA, Celio. 04 p. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8677699. Acesso em: 14 mar. 2025.
A desindustrialização é um problema crítico porque impede que o Brasil desenvolva setores que agreguem mais valor aos produtos, tornando a economia mais vulnerável às oscilações do mercado internacional de commodities. Além disso, a falta de investimentos em tecnologia e inovação compromete a capacidade do país de competir globalmente em setores de alta tecnologia.
Investimentos chineses no Brasil
Nos últimos anos, a China também se tornou uma das principais investidoras estrangeiras no Brasil. Empresas chinesas têm adquirido participações em setores estratégicos, como energia, infraestrutura e mineração. Se, por um lado, esses investimentos representam oportunidades para o desenvolvimento de projetos e a modernização da infraestrutura, por outro, reforçam a dependência do Brasil de setores primários e limitam a capacidade de crescimento de segmentos mais tecnológicos.
Gráfico do investimento da China em setores no Brasil de 2005 a 2023

Fonte: BORGES , Fábio; MARTINS, Luiza Maria; RABELO, Felipe Nagual Paranhos. 41 p. Disponível em: https://revistaprincipios.emnuvens.com.br/principios/article/view/350. Acesso em: 14 mar. 2025.
Esses investimentos, embora contribuam para o desenvolvimento de infraestrutura no Brasil, também geram preocupações sobre a soberania nacional e o controle de recursos estratégicos. Por exemplo, a presença chinesa em setores como o elétrico e o de telecomunicações pode influenciar as políticas públicas e a dinâmica territorial do país.
Obras no Brasil por setor com participação de empresas chinesas

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 51 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
A geopolítica das relações Brasil-China
A relação entre Brasil e China também tem dimensões geopolíticas. A China busca ampliar sua influência global por meio de iniciativas como a Nova Rota da Seda, que inclui investimentos em infraestrutura em diversos países, incluindo o Brasil. Para o Brasil, a parceria com a China representa uma oportunidade de diversificar suas relações internacionais e reduzir a dependência histórica em relação aos Estados Unidos e à Europa.
Diante desse cenário, o Brasil enfrenta o desafio de reequilibrar sua relação com a China, buscando formas de aumentar a agregação de valor nas exportações, fortalecer a indústria nacional e diversificar seus setores produtivos. Para isso, é essencial investir em políticas de incentivo à inovação, à educação técnica e à pesquisa científica, além de estimular a industrialização sustentável.
Obras no Brasil com participação chinesa em 2023

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 51 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
Observando o mapa, percebe-se que o direcionamento do investimento chinês é na região nordeste do Brasil, justamente a região que necessita de maior investimento em desenvolvimento econômico. Dessa forma, a relação com a China deve ser vista como uma oportunidade para avanços econômicos, pois somente com uma política industrial eficaz e investimentos estruturais poderá haver um desenvolvimento mais equilibrado e benéfico para o futuro do país.
A complexidade da relação Brasil-China
As relações econômicas entre Brasil e China são um reflexo das transformações globais do século XXI, marcadas pela ascensão de novas potências e pela reconfiguração das cadeias produtivas internacionais. Para o Brasil, a China representa tanto uma oportunidade quanto um desafio.
Por um lado, a demanda chinesa por commodities impulsiona setores importantes da economia brasileira, como o agronegócio e a mineração. Por outro lado, a dependência de exportações de recursos naturais e a concorrência com produtos industrializados chineses dificultam os esforços de reindustrialização e diversificação econômica.
Nesse contexto, é fundamental que o Brasil adote políticas que promovam a inovação tecnológica, a sustentabilidade ambiental e a redução das desigualdades regionais, garantindo que a parceria com a China contribua para um desenvolvimento mais equilibrado e autônomo. A geografia econômica do Brasil, portanto, deve ser pensada de forma estratégica, considerando os desafios e as oportunidades que essa relação traz para o país.
Assista ao vídeo sobre – A relação econômica entre Brasil e China no século XXI
Fonte: @EstúdioConexãoEscola
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
A partir do estudo do texto e da notícia, faça a produção de um texto.

Fonte: Forbes. Disponível em: <https://forbes.com.br/forbeslife/forbes-motors/2024/03/byd-aumenta-investimento-no-brasil-para-r-55-bilhoes/>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
A parceria com a China tem permitido ao Brasil diversificar suas relações internacionais, reduzindo a dependência histórica em relação aos Estados Unidos e à Europa. Faça a produção de um texto sobre como essa diversificação pode ser benéfica para o Brasil em termos geopolíticos e econômicos e quais são os riscos de uma relação muito próxima com a China, tendo em vista, como o Brasil pode equilibrar suas parcerias internacionais.
QUESTÃO 02
A partir do estudo do texto e da análise das informações da tabela, responda à questão a seguir.
Obras no Brasil por setor com participação de empresas chinesas

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 51 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
A China tem investido em setores estratégicos no Brasil, como energia, infraestrutura e mineração. Discuta como esses investimentos podem trazer benefícios para o desenvolvimento do país, mas também gerar preocupações sobre a soberania nacional e o controle de recursos estratégicos. Como o Brasil pode equilibrar esses dois aspectos?
QUESTÃO 03
A dependência do Brasil na exportação de commodities reforça um processo de desindustrialização que vem ocorrendo desde os anos 1990. O crescimento das importações de bens manufaturados chineses reduz a competitividade da indústria nacional, dificultando a produção local e a geração de empregos em setores mais sofisticados da economia. Dessa forma, uma das das consequências desse processo é
(A) o aumento da capacidade do Brasil de competir globalmente em setores de alta tecnologia.
(B) a redução da dependência do Brasil em relação ao mercado internacional de commodities.
(C) a dificuldade em gerar empregos em setores industriais mais sofisticados.
(D) o crescimento acelerado da produção de bens manufaturados no Brasil.
QUESTÃO 04
A partir do estudo do texto e da análise das informações do mapa, responda à questão a seguir.

Fonte: BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. 51 p. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025.
A China tem investido em projetos de infraestrutura no Brasil, especialmente na região Nordeste. A importância desses investimentos na região nordeste se dá pois
(A) a região Nordeste é a mais desenvolvida do Brasil e atrai investimentos de alta tecnologia.
(B) a região Nordeste necessita de maior investimento em desenvolvimento econômico e infraestrutura.
(C) os investimentos chineses no Nordeste visam principalmente a exportação de produtos manufaturados.
(D) a região Nordeste é a principal produtora de commodities agrícolas de soja do Brasil.
QUESTÃO 05
Nos últimos anos, a China também se tornou uma das principais investidoras estrangeiras no Brasil. Empresas chinesas têm adquirido participações em setores estratégicos, esses investimentos representam oportunidades para o desenvolvimento de projetos e a modernização da infraestrutura do Brasil. Com a China se tornado uma das principais investidoras estrangeiras no Brasil, um dos setores que têm recebido grande parte desses investimentos, é o
(A) setor de tecnologia da informação e comunicação.
(B) setor de energia, infraestrutura e mineração.
(C) setor de produtos agrícolas e pecuária.
(D) setor de serviços financeiros e bancários.
QUESTÃO 06
As relações econômicas entre Brasil e China são um reflexo das transformações globais do século XXI, marcadas pela ascensão de novas potências e pela reconfiguração das cadeias produtivas internacionais. A China tem se destacado como um importante parceiro comercial do Brasil. E uma das principais características dessa parceria, é
(A) a exportação exclusiva de produtos manufaturados para a China.
(B) que a China exporta principalmente commodities agrícolas para o Brasil.
(C) a exportação de produtos primários, como minério de ferro e soja.
(D) que a China importa principalmente produtos de alta tecnologia do Brasil.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | Geografia |
Objeto de conhecimento/Conteúdos: | Transformações do espaço na sociedade urbano-industrial: impactos socioeconômicos e ambientais da industrialização na Europa, na Ásia e na Oceania; Relações comerciais do Brasil com Europa, Ásia e Oceania; Industrialização e as transformações no trabalho. |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (EF09GE10-B) Conhecer as relações comerciais do Brasil com países europeus, asiáticos e da Oceania. |
Referências: | BORGES , Fábio; MARTINS, Luiza Maria; RABELO, Felipe Nagual Paranhos. As relações diplomáticas e econômicas entre o Brasil e a China (2002-2023): continuidades, rupturas e desafios para o governo Lula 3. Princípios, [S. l.], v. 43, n. 169, p. 25–46, 2024. Disponível em: https://revistaprincipios.emnuvens.com.br/principios/article/view/350. Acesso em: 14 mar. 2025. BRASIL. Ministério das Relações exteriores; Ministério do desenvolvimento, indústria, comércio e serviço. Mapa Bilateral de Comércio e Investimentos Brasil – China. Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), 2024. Disponível em: <https://apexbrasil.com.br/content/apexbrasil/br/pt/solucoes/inteligencia/estudos-e-publicacoes/mapa-de-investimentos-estrangeiros-diretos-brasileiros/mapa-bilateral-de-comercio-e-investimentos-brasil—china-2024.html>. Acesso em 17 de mar. de 2025. HIRATUKA, Celio. Relações econômicas entre Brasil e China nas duas primeiras décadas do século XXI: uma perspectiva a partir dos desafios contemporâneos para a reindustrialização brasileira. Economia e Sociedade, Campinas, SP, v. 33, n. 3, p. e282874, 2024. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8677699. Acesso em: 14 mar. 2025. |