Esta proposta de atividade de GEOGRAFIA é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.

A globalização do agronegócio brasileiro
O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, responsável por grande parte das exportações do país e por transformações profundas no espaço geográfico.
O agronegócio globalizado

O setor do agronegócio passou por mudanças significativas a partir da globalização, que se integrou aos mercados internacionais e redefinindo as relações entre campo e cidade, trabalho e tecnologia.
O agronegócio globalizado e suas características
O agronegócio não se limita somente à produção agrícola, mas envolve uma cadeia complexa que inclui indústrias de máquinas, insumos químicos, processamento de alimentos, logística e comércio internacional. Com a globalização, grandes corporações passaram a dominar esse setor, utilizando tecnologias avançadas, como sementes geneticamente modificadas, maquinários automatizados e sistemas de irrigação de precisão. Essas inovações aumentaram a produtividade, mas também intensificaram a dependência do capital estrangeiro e a concentração de terras.
Gráfico dos estabelecimentos agropecuários por área em 2017

Fonte: Atlas Geográfico Escolar do IBGE. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/brasil/3058-espaco-economico/agropecuaria.html>. Acesso em 28 de mar. de 2025.
No Brasil, essa modernização ocorreu desigualmente. Enquanto regiões como o Centro-Oeste se tornaram polos de produção de commodities como soja, milho e carne, outras áreas, como partes do Nordeste e da Amazônia, viram suas paisagens transformadas pela expansão da fronteira agrícola, muitas vezes com impactos ambientais graves, como desmatamento e esgotamento de recursos hídricos.
Urbanização e reestruturação regional
A mecanização da agropecuária reduziu a necessidade de mão de obra no campo, acelerando o êxodo rural e o crescimento das cidades. No entanto, diferentemente do passado, quando os migrantes se dirigiam principalmente às grandes metrópoles, hoje muitas cidades médias e pequenas em regiões agrícolas prosperam devido ao agronegócio.
Essas cidades passaram a abrigar indústrias de processamento de alimentos, centros de pesquisa agropecuária, universidades especializadas e serviços financeiros voltados ao setor. Em Goiás, por exemplo, cidades como Rio Verde e Jataí cresceram rapidamente devido à produção de grãos e à instalação de agroindústrias. Essa urbanização funcional, isto é, vinculada diretamente ao agronegócio, reconfigurou a rede urbana brasileira, criando novas centralidades econômicas no interior do país.
Divisão territorial do trabalho e desigualdades
A globalização do agronegócio aprofundou a divisão territorial do trabalho. Enquanto algumas regiões se especializaram na produção de commodities para exportação, outras ficaram marginalizadas, sem acesso aos benefícios da modernização. Pequenos agricultores, comunidades tradicionais e povos indígenas muitas vezes são expulsos de suas terras ou têm seus modos de vida ameaçados pelo avanço do agronegócio.
Mapa da participação da agropecuária no PIB municipal em 2019

Fonte: Atlas Geográfico Escolar do IBGE. Disponível em: <https://atlasescolar.ibge.gov.br/brasil/3071-espaco-economico/produto-interno-bruto-pib.html>. Acesso em 28 de mar. de 2025.
Além disso, a financeirização da agricultura, com bancos e fundos de investimento controlando grandes extensões de terra, transformou a propriedade rural em um ativo financeiro, distanciando-a da produção de alimentos básicos para a população. Isso explica, em parte, a contradição de um país que é um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, mas ainda enfrenta problemas de insegurança alimentar em muitas regiões.
Tecnologia e circulação do capital
O desenvolvimento tecnológico foi fundamental para a expansão do agronegócio globalizado. Máquinas agrícolas, sistemas de GPS para plantio, drones para monitoramento de lavouras e plataformas digitais de comercialização são exemplos de como a tecnologia acelerou a produção e a circulação de mercadorias. No entanto, esse avanço também concentrou riqueza: pequenos produtores muitas vezes não têm acesso a esses recursos, ficando em desvantagem no mercado.
A exportação do Agro brasileiro em 2024

Fonte: CNN Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/exportacoes-do-agro-batem-us-1526-bi-segundo-maior-desempenho-da-historia/>. Acesso em 28 de mar. de 2025.
O capital circula em escala global, conectando o campo brasileiro a bolsas de valores internacionais, onde o preço da soja, do café ou do boi gordo é definido. Isso significa que as decisões sobre o que plantar, onde e como vender dependem cada vez menos dos agricultores locais e mais dos interesses de grandes empresas multinacionais.
O Brasil no cenário do agronegócio mundial
A globalização do agronegócio brasileiro trouxe crescimento econômico, mas também desafios. Se, por um lado, o país se consolidou como potência agrícola, por outro, essa expansão gerou desigualdades socioespaciais, pressão sobre biomas sensíveis e uma urbanização dispersa, marcada por cidades que dependem quase exclusivamente do setor.
Compreender essas dinâmicas é essencial para refletir sobre modelos de desenvolvimento mais sustentáveis, que equilibrem produção e preservação, inclusão social e progresso tecnológico. A Geografia nos ajuda a enxergar essas conexões, mostrando como o agronegócio não é somente uma atividade econômica, mas uma força que remodela territórios, redefine relações de trabalho e influencia o futuro do Brasil no cenário global.
Assista ao vídeo sobre – A globalização do agronegócio brasileiro
Fonte: @EstúdioConexãoEscola
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
A partir do estudo do texto e da notícia faça uma produção de texto sobre a seguridade alimentar brasileira.
A exportação do Agro brasileiro em 2024

Fonte: CNN Brasil. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/exportacoes-do-agro-batem-us-1526-bi-segundo-maior-desempenho-da-historia/>. Acesso em 28 de mar. de 2025.
Na produção de texto explique a contradição entre o Brasil ser um dos maiores exportadores agrícolas do mundo e ainda enfrentar problemas de insegurança alimentar em algumas regiões.
QUESTÃO 02
A partir do estudo do texto, faça uma produção textual comentando como a conexão do agronegócio brasileiro com o mercado internacional, por meio de bolsas de valores e corporações multinacionais, influencia as decisões locais sobre produção e comercialização. Construa uma explicação sobre como essa dependência pode afetar os pequenos agricultores.
QUESTÃO 03
O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, responsável por grande parte das exportações do país e por transformações profundas no espaço geográfico. A globalização do agronegócio brasileiro trouxe avanços tecnológicos, mas também aprofundou desigualdades, pois a consequência desse processo é
(A) o aumento da diversificação de culturas por pequenos agricultores.
(B) a redução da dependência de capital estrangeiro no campo.
(C) a concentração de terras e riqueza nas mãos de grandes corporações.
(D) a diminuição da produção de commodities para exportação.
QUESTÃO 04
A financeirização da agricultura, com bancos e fundos de investimento controlando grandes extensões de terra, transformou a propriedade rural em um ativo financeiro, sendo assim, a financeirização da agricultura pode ser problemática para a segurança alimentar, pois
(A) prioriza a produção de alimentos básicos para o mercado interno, diminuindo a fome no país.
(B) transforma terras em ativos financeiros, distanciando-as da produção de alimentos.
(C) reduz o interesse de multinacionais no setor agrícola brasileiro, ao focar em alimentos básicos.
(D) incentiva a distribuição igualitária de terras para pequenos produtores, baseado na reforma agrária.
QUESTÃO 05
O capital circula em escala global, conectando o campo brasileiro a bolsas de valores internacionais, onde o preço da soja, do café ou do boi gordo é definido. Isso significa que as decisões sobre o que plantar, onde e como vender dependem cada vez menos dos agricultores locais e mais dos interesses de grandes empresas multinacionais. Sendo assim, a globalização afetou as decisões sobre o que plantar no Brasil, pois
(A) tornou os agricultores locais os principais decisores dos cultivos.
(B) transferiu a decisão para grandes empresas e bolsas de valores internacionais.
(C) eliminou a influência de mercados externos na produção agrícola.
(D) priorizou somente cultivos de subsistência para o mercado interno.
QUESTÃO 06
O agronegócio não se limita somente à produção agrícola, mas envolve uma cadeia complexa que inclui indústrias de máquinas, insumos químicos, processamento de alimentos, logística e comércio internacional. Com a globalização, grandes corporações passaram a dominar esse setor, utilizando tecnologias avançadas, como sementes geneticamente modificadas, maquinários automatizados e sistemas de irrigação de precisão. O bioma brasileiro, que tem sofrido pressão devido à expansão da fronteira agrícola, foi
(A) a Caatinga, onde predomina a produção de frutas tropicais.
(B) a Amazônia, com impactos como desmatamento e perda de biodiversidade.
(C) o Pantanal, transformado em polo de cultivo de trigo e cevada.
(D) a Mata Atlântica, totalmente recuperada por políticas ambientais.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | Geografia |
Objeto de conhecimento/Conteúdos: | Cadeias industriais e inovação no uso dos recursos naturais e matérias-primas: Urbanização mundial; Desenvolvimento tecnológico e formas de trabalho; Divisão Internacional do Trabalho. |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (EF09GE12-A) Relacionar o processo de urbanização com o desenvolvimento tecnológico, industrialização e mecanização da agropecuária, bem como sua ação nas formas de trabalho e circulação do capital, em diversos países, com destaque para o Brasil e o agronegócio em Goiás. |
Referências: | ELIAS, Denise. AGRONEGÓCIO GLOBALIZADO E (RE)ESTRUTURAÇÃO URBANO-REGIONAL NO BRASIL. Revista de Geografia, V. 39, No. 2, Universidade Federal de Pernambuco-UFPE, Recife, 2022. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/revistageografia/article/view/254811/41799>. Acesso em 27 de mar. de 2025. SANTOS, M. Por uma outra globalização. São Paulo: Hucitec, 2000. |