Esta proposta de atividade de Ciências da Natureza é destinada aos estudantes do 9º ano dos anos finais do Ensino Fundamental

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL
Você sabia que o Brasil é considerado o país com a maior biodiversidade do mundo? Isso significa que aqui existe uma enorme variedade de formas de vida, desde micro-organismos invisíveis a olho nu até animais de grande porte, como elefantes e baleias. O termo biodiversidade se refere à diversidade de espécies, de genes e de ecossistemas. Um dos principais indicadores dessa diversidade é a riqueza de espécies, que representa o número de espécies diferentes em uma determinada área. Já a abundância diz respeito à quantidade de indivíduos de uma mesma espécie.
Nosso país também abriga um alto número de espécies endêmicas, ou seja, que só existem em uma região específica e não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Essas espécies são especialmente vulneráveis à extinção quando o ambiente onde vivem é destruído.
Apesar de tudo isso, o Brasil enfrenta sérias ameaças à sua biodiversidade. O desmatamento, a poluição, a expansão urbana desordenada e o uso excessivo de agrotóxicos são alguns fatores que contribuem para a degradação ambiental. Embora esses problemas envolvam decisões políticas e econômicas em larga escala, eles também estão ligados às nossas escolhas do dia a dia.
Uma forma de agir é por meio do consumo consciente. Isso significa refletir sobre o impacto dos produtos que consumimos: como foram produzidos, transportados, embalados e descartados? Que efeitos eles podem causar no meio ambiente e na saúde das pessoas? É importante entender que todo resíduo gerado, mesmo os recicláveis e compostáveis, tem impacto ambiental, desde a extração da matéria-prima até o descarte final. Por isso, reduzir o consumo e priorizar reutilização, ou mesmo a reciclagem, são atitudes fundamentais.
Existem diversas ações coletivas e individuais que têm mostrado resultados positivos. Comunidades urbanas têm criado hortas coletivas em terrenos antes abandonados, melhorando a alimentação local, promovendo o convívio entre moradores e reduzindo a quantidade de resíduos orgânicos, que passam a ser compostados em vez de enviados a aterros sanitários (ou mesmo lixões). Escolas têm implantado projetos de reciclagem e campanhas para economia de água e energia. Mutirões de limpeza de córregos, praças e margens de rios têm mobilizado jovens e adultos para ações ambientais especialmente educativas.
Mas é preciso ir além. Como alerta o educador ambiental Philippe Pomier Layrargues, não basta ensinar a separar resíduos. É necessário promover uma educação ambiental crítica, que questione as causas sociais e econômicas da destruição ambiental e estimule a participação cidadã. Isso significa reconhecer que os impactos ambientais afetam mais intensamente as populações vulnerabilizadas e que a responsabilidade não pode recair apenas sobre os indivíduos. O modelo de produção e consumo das grandes indústrias e monoculturas tem um peso muito maior nos danos à biodiversidade do que o uso doméstico de sacolas plásticas, por exemplo.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) reforça essa perspectiva. Publicado na revista Economia Aplicada, o levantamento revelou que o agronegócio brasileiro foi responsável, em 2009, por 34,72% do consumo de energia e por 40,96% das emissões de dióxido de carbono (CO₂) do país. Esses números mostram como os grandes setores produtivos contribuem de maneira significativa para as mudanças climáticas e a degradação ambiental, evidenciando a importância de políticas públicas eficazes e de práticas mais sustentáveis nesse setor.
O pensador indígena Ailton Krenak também convida a sociedade a refletir. Para ele, a crise ambiental é resultado de uma ruptura da espécie humana com a natureza. Ele defende que devemos abandonar a ideia de que o planeta está a nosso serviço e, em vez disso, aprender a viver em relação com todos os seres vivos, com respeito e cuidado.
Portanto, conservar a biodiversidade exige tanto mudanças pessoais quanto pressão coletiva por políticas públicas eficazes. Separar os resíduos corretamente, economizar recursos naturais, apoiar pequenos produtores, optar por produtos de origem sustentável e participar de projetos ambientais são atitudes valiosas. Mas também é essencial cobrar responsabilidade de empresas e governos e lutar por justiça ambiental.
Você já parou para pensar em que tipo de planeta quer viver? E que tipo de legado quer deixar para as próximas gerações?
Assista ao vídeo sobre responsabilidade socioambiental:
RESPONDA ÀS QUESTÕES:
QUESTÃO 1
A opção que representa corretamente o conceito de biodiversidade é o(a)
(A) quantidade de resíduos que uma comunidade produz.
(B) variedade de ecossistemas presentes nas florestas.
(C) diversidade de espécies, genes e ecossistemas.
(D) número de animais e plantas ameaçados de extinção.
QUESTÃO 2
Em uma feira local, moradores passaram a trocar sacolas plásticas por sacolas reutilizáveis. O princípio está sendo colocado em prática nessa ação é o(a)
(A) acúmulo de resíduos.
(B) consumo consciente.
(C) descarte seletivo.
(D) produção industrial.
QUESTÃO 3
O grupo de pessoas mais vulnerável aos impactos da destruição ambiental é o de
(A) empresários de grandes centros.
(B) populações de pessoas empobrecidas.
(C) turistas em áreas urbanas e de mata.
(D) proprietários de grandes plantações.
QUESTÃO 4
A principal diferença entre “riqueza” e “abundância” de espécies é que riqueza
(A) representa o número de indivíduos, e abundância corresponde ao número de espécies.
(B) indica o total de espécies diferentes; e abundância, a quantidade de indivíduos por espécie.
(C) e abundância são conceitos diferentes usados para medir aspectos da diversidade.
(D) se refere à variedade de espécies, e abundância à quantidade de indivíduos por espécie.
QUESTÃO 5
Por que as espécies endêmicas são mais vulneráveis à extinção? Relacione sua resposta com os impactos ambientais discutidos no texto.
QUESTÃO 6
Ailton Krenak afirma que a crise ambiental é consequência de uma ruptura com a natureza. O que isso significa para você?
QUESTÃO 7
Leia o trecho a seguir, a respeito da educação ambiental crítica:

A) Como a educação ambiental crítica contribui para ampliar nossa compreensão sobre os problemas ambientais?
B) Quais são os riscos de responsabilizar apenas as pessoas individualmente pelos impactos ambientais?
C) Que outros fatores ou agentes sociais devem ser considerados ao discutir as causas da degradação ambiental?
QUESTÃO 8
Crie uma campanha (com slogan, imagem e hashtag) sobre consumo consciente, para ser divulgada nas redes sociais da escola.
QUESTÃO 9
Imagine que você foi escolhido(a) para criar uma nova regra global para proteger a biodiversidade. Qual seria? Desenhe ou escreva essa regra em forma de placa, selo, ou aviso.
QUESTÃO 10
Crie um personagem fictício (pode ser um super-herói, um animal falante, um estudante curioso…) que seja guardião da biodiversidade brasileira. Desenhe e escreva as características do personagem.

Autoria | Mariana Araguaia |
Formação | Ciências Biológicas |
Componente Curricular | Ciências da Natureza |
Objetos de Conhecimento/Conteúdos | Preservação da biodiversidade: Atitudes individuais e coletivas na preservação da biodiversidade |
Habilidade | (EF09CI13) Propor iniciativas individuais e coletivas para a solução de problemas ambientais da cidade ou da comunidade, com base na análise de ações de consumo consciente e de sustentabilidade bem-sucedidas. |
Referências | ABDALA, Vitor. Mais de 25 mil espécies da flora só existem no Brasil, mostra estudo. Agência Brasil. Disponível em <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-02/mais-de-25-mil-especies-da-flora-so-existem-no-brasil-mostra-estudo>. Acesso em 07/05/2025. BRASIL. Biodiversidade. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Disponível em <https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-biomas/biodiversidade1>. Acesso em 07/05/2025. ______.Mutirões se mobilizam em praias e rios no Dia Mundial da Limpeza. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Disponível em <https://www.gov.br/mma/pt-br/mutiroes-se-mobilizam-em-praias-e-rios-no-dia-mundial-da-limpeza>. Acesso em 07/05/2025. ______. BRASIL. Consumo consciente. Ecocâmara. Disponível em <https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/gestao-na-camara-dos-deputados/responsabilidade-social-e-ambiental/ecocamara/consumo-consciente>. Acesso em 07/05/2025. CARNEVALLE, M. R. Araribá mais Ciências: 9º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2018. 272 p. GOIÁS. Documento Curricular para Goiás – Ampliado. Volume III Ensino Fundamental Anos Finais. Disponível em <https://sme.goiania.go.gov.br/site/index.php/institucional/documentos-oficiais-2/category/27-documentos-gerais>. Acesso em 16/06/2023. ______. Documento Curricular para Goiás – Ampliado – Cortes Temporais. CONSED; UNDIME, 2019. p. 143. Disponível em: <sme.goiania.go.gov.br/site/index.php/institucional/documentos-oficiais-2>. Acesso em 16/06/2023. HIRANAKA. R. A. B.; HORTENCIO, T. M. A. Inspire Ciências: 9º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: FTD, 2018. 256 p. KRENAK, Ailton. Entrevista: Crise climática e as ideias para adiar o fim do mundo. Instituto Humanitas Unisinos. Disponível em <https://www.ihu.unisinos.br/categorias/632860-crise-climatica-e-as-ideias-para-adiar-o-fim-do-mundo-entrevista-com-ailton-krenak>. Acesso em 07/05/2025. LAYRARGUES, Philipp. Educação ambiental crítica e formação ecopolítica. ResearchGate. Disponível em <https://www.researchgate.net/publication/362848056>. Acesso em 07/05/2025. MONTOYA, Marco Antonio Montoya; PASQUAL, Cássia Aparecida; LOPES, Ricardo Luis Lopes; GUILHOTO, Joaquim José Martins. Consumo de energia, emissões de CO2 e a geração de renda e empresa no agronegócio brasileiro: uma análise insumo-produto. Economia Aplicada, v. 20, n. 4, 2016, pp. 383-412. Disponível em <https://www.revistas.usp.br/ecoa/article/view/125143/122203>. Acesso em 07/05/2025. MURÇA, Giovana. Horta comunitárias: alternativa para combater a fome. Disponível em <https://pactocontrafome.org/horta-comunitaria-alternativa-para-combater-a-fome-nas-cidades/>. Acesso em 07/05/2025. |