Esta proposta de atividade de Ciências da Natureza é destinada aos estudantes do 7º ano dos anos finais do Ensino Fundamental

GASES DE EFEITO ESTUFA: ACORDOS INTERNACIONAIS
O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para manter a temperatura da Terra em condições favoráveis à vida. Ele ocorre quando parte da radiação solar atravessa a atmosfera, aquece a superfície terrestre e retorna ao espaço como radiação infravermelha (calor). Uma fração desse calor é retida por gases presentes na atmosfera, chamados de gases de efeito estufa (GEE), como o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄), o óxido nitroso (N₂O) e também o vapor d’água (H₂O). Esses gases funcionam como um “cobertor térmico”, mantendo a temperatura média global em torno de 15°C. Sem esse mecanismo, a Terra teria uma temperatura próxima de -18°C.
O problema surge quando esse processo é intensificado pelas atividades humanas, especialmente desde a Revolução Industrial. Algumas situações que propiciam o aumento das emissões de GEE são:
- Consumo excessivo de energia elétrica proveniente de fontes não renováveis: quanto mais energia gerada por termelétricas (carvão ou gás), maior a emissão de GEE.
- Queima de combustíveis fósseis: libera grandes quantidades de CO₂.
- Desmatamento: reduz a quantidade de árvores que absorvem CO₂ e libera o carbono armazenado na vegetação.
- Transporte aéreo e marítimo: utiliza combustíveis fósseis e emite grandes volumes de CO₂.
- Destruição de ecossistemas costeiros: libera carbono armazenado em manguezais, pradarias marinhas e recifes de corais.
- Queimadas: emitem CO₂, CH₄ e outros gases poluentes.
- Descarte inadequado de resíduos: libera CH₄ pela decomposição da matéria orgânica.
- Produção agropecuária: gera CH₄ (digestão dos ruminantes) e N₂O (fertilizantes químicos).
- Processos industriais: liberam CO₂, N₂O e gases fluorados.
A intensificação do efeito estufa desencadeia o chamado aquecimento global, definido como o aumento da temperatura média da superfície terrestre ao longo do tempo. Pesquisas baseadas em registros de temperatura, composição atmosférica, análise de anéis de árvores, sedimentos e geleiras confirmam que a taxa de aquecimento observada nas últimas décadas não tem precedentes nos últimos milhares de anos. É importante frisar que, dentre as consequências, há aquelas que contribuem ainda mais para o quadro, tais como:
- Aquecimento dos oceanos: Os oceanos absorvem mais de 90% do excesso de calor do planeta; e seu aquecimento reduz sua capacidade de absorver CO₂ e afeta correntes marítimas e padrões climáticos.
- Degelo de calotas polares e glaciares oceânicos: Reduz a refletividade da superfície, fazendo com que mais calor seja absorvido pela Terra, acelerando o aquecimento.
Diante da urgência climática, foram estabelecidos diversos acordos internacionais. A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), criada em 1992 durante a Eco-92 no Brasil, reconheceu oficialmente a necessidade de ação conjunta entre os países e estabeleceu bases para a cooperação global.
Em 1997, na 3ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, o Protocolo de Kyoto fixou metas obrigatórias de redução de emissões para países desenvolvidos, mas sua efetividade foi limitada pela ausência de grandes emissores, como os Estados Unidos, além da ausência de obrigações para países em desenvolvimento – o que gerou debates.
O acordo mais abrangente e atual é o Acordo de Paris, firmado em 2015, na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP21). Em em vigor desde 2016, ele estabeleceu o compromisso global de limitar o aumento da temperatura média global a no máximo 2 °C, com esforços para não ultrapassar 1,5 °C, em comparação aos níveis pré-industriais. A principal inovação foi a adoção das “Nationally Determined Contributions” (NDCs – em Português, “Contribuições Nacionalmente Determinadas”). Nelas, cada país define metas próprias de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas, revisadas a cada cinco anos.
Na COP29, realizada em 2024 no Azerbaijão, houve uma revisão mais ambiciosa das NDCs, com o Brasil apresentando uma nova meta de redução de GEE com base na metodologia atualizada de emissões, considerada mais transparente e compatível com um modelo de desenvolvimento sustentável. Também foi decisivo o avanço nas negociações sobre o financiamento climático, especialmente no que diz respeito ao Fundo de Perdas e Danos. Criado na COP27, realizada no Egito, esse fundo objetiva apoiar financeiramente países vulneráveis que já enfrentam os efeitos das mudanças climáticas, como secas extremas, enchentes e elevação do nível do mar.
O panorama atual mostra avanços e desafios. Alguns países europeus têm conseguido reduzir emissões enquanto mantêm crescimento econômico. No entanto, o mundo ainda caminha em ritmo lento: de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as emissões globais precisam cair pela metade até 2030 para que a meta de 1,5 °C seja viável. No Brasil, as metas incluem zerar o desmatamento ilegal, restaurar áreas degradadas e ampliar a matriz energética com fontes renováveis, como solar, eólica e de biomassa. Porém, o aumento recente no desmatamento e nas emissões associadas, coloca o país em alerta.
Além das ações governamentais, há medidas empresariais em curso, como o uso de tecnologias mais limpas, redução do uso de combustíveis fósseis nas indústrias, investimentos em inovação verde, assim como compensação de carbono (carbon offset). Esta parte do princípio da neutralização das emissões de gases de efeito estufa por meio do investimento em projetos que reduzam ou capturem esses gases, como reflorestamento ou uso de energias renováveis. Em muitos países, empresas também estão adotando selos de sustentabilidade e se engajando em redes de compromisso ambiental.
Atitudes como economizar energia, optar por transportes coletivos e/ou alternativos (como bicicleta, caminhada e carona solidária), reduzir o consumo de carne bovina, evitar o desperdício de alimentos, consumir produtos com menor impacto ambiental e apoiar práticas sustentáveis; são formas de diminuir a emissão de GEE. Essas ações, embora pontuais, têm valor coletivo, pois influenciam comportamentos, políticas e tendências de mercado.
Para mitigar os efeitos já em curso, também são necessárias ações como a construção de cidades mais resilientes, proteção de ecossistemas naturais, prevenção de desastres climáticos, garantia de acesso à água e segurança alimentar. Assim, visando promover justiça climática, são necessários compromissos globais, políticas públicas eficazes e participação social ativa.
Assista ao vídeo sobre os gases do efeito estufa e acordos internacionais:
RESPONDA ÀS QUESTÕES:
QUESTÃO 1
Leia as afirmações a seguir e marque V (verdadeiro) ou F (falso). Depois, explique com suas palavras por que cada uma é verdadeira ou falsa:
A. ( ) O efeito estufa é sempre prejudicial à vida no planeta.
Explicação:
B. ( ) O Brasil não precisa reduzir emissões porque emite menos que países desenvolvidos.
Explicação:
C. ( ) Plantar árvores ajuda a diminuir o CO₂ da atmosfera.
Explicação:
D. ( ) O Acordo de Paris define metas iguais para todos os países.
Explicação:
QUESTÃO 2
Crie três charadas sobre elementos do texto: um gás de efeito estufa, uma ação humana que contribui para o aquecimento global e um dos acordos internacionais. Veja um exemplo:

QUESTÃO 3
O gás que não é considerado um gás de efeito estufa destacado no texto é o
(A) CO₂.
(B) O₃.
(C) CH₄.
(D) N₂O.
QUESTÃO 4
A intensificação do efeito estufa leva ao aquecimento global porque
(A) as correntes oceânicas interrompem a circulação de ar quente.
(B) os raios solares perdem força ao atravessar a atmosfera.
(C) o calor fica retido na atmosfera devido ao excesso de GEE.
(D) a superfície terrestre reflete menos luz solar para o espaço.
QUESTÃO 5
A destruição de manguezais contribui diretamente para o agravamento do efeito estufa ao
(A) liberar carbono antes armazenado nesses ecossistemas.
(B) reduzir a salinidade do solo, afetando portanto o clima.
(C) aumentar o número de ciclones tropicais no nosso planeta.
(D) reduzir a produção de gás oxigênio (O₂) na atmosfera.
QUESTÃO 6
A principal inovação do Acordo de Paris em relação ao Protocolo de Kyoto é a
(A) exclusão dos países mais desenvolvidos das metas de redução.
(B) obrigatoriedade de todas as metas serem iguais para todos os países.
(C) criação das NDCs, com metas próprias e atualizáveis por cada país.
(D) suspensão da cooperação internacional, por tempo indeterminado.
QUESTÃO 7
Uma ação diretamente ligada à compensação de carbono envolve
(A) queima de resíduos orgânicos em instalações industriais controladas.
(B) o aumento da fiscalização em áreas urbanas, para reduzir o tráfego.
(C) produção agropecuária em larga escala com uso de fertilizantes químicos.
(D) investimento em reflorestamento/energia renovável, neutralizando emissões.
QUESTÃO 8
Analise as ações abaixo:
I. Expansão da fronteira agrícola sobre florestas nativas.
II. Construção de rodovias para aumentar o transporte individual.
III. Redução do consumo de carne bovina, que diminui a emissão de metano.
IV. Abertura de novos aterros sanitários sem tratamento de gases.
A ação que representa uma medida de mitigação das mudanças climáticas é a
A) I.
B) II.
C) III.
D) IV.
QUESTÃO 9
A COP29 foi considerada estratégica para o avanço de ações climáticas e do Fundo de Perdas e Danos. Por que é importante que países em desenvolvimento, como o Brasil, também assumam compromissos climáticos, mesmo tendo responsabilidades históricas menores na emissão de gases de efeito estufa?
QUESTÃO 10
Crie uma linha do tempo destacando os principais eventos internacionais mencionados no texto (UNFCCC, Protocolo de Kyoto, Acordo de Paris, COP27, COP29). Para cada evento, associe uma palavra-chave e um emoji que represente sua importância.
Autoria: | Prof.ª M.ª Mariana Araguaia |
Formação: | Ciências Biológicas |
Componente Curricular: | Ciências da Natureza |
Objeto(s) de conhecimento: | Acordos internacionais para redução de emissão de gases do efeito estufa. |
Habilidades: | (EF07CI13) Descrever o mecanismo natural do efeito estufa, seu papel fundamental para o desenvolvimento da vida na Terra, discutir as ações humanas responsáveis pelo seu aumento artificial (queima dos combustíveis fósseis, desmatamento, queimadas etc.), e selecionar e implementar propostas para a reversão ou controle desse quadro. |
Referência: | AGÊNCIA Gov. COP 29: como o Brasil calculou sua nova meta de redução de gases de efeito estufa. Disponível em https://tinyurl.com/43wd3bz3. Acesso em 31/03/2025. BIATO, Márcia Fortuna. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Revista de Informação Legislativa. Brasília a. 42 n. 166 abr./jun. 2005. Disponível em https://tinyurl.com/bd67abf5. Acesso em 31/03/2025. BRASIL. Acordo de Paris. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em https://tinyurl.com/54ub5a3b. Acesso em 31/03/2025. ______. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). Ministério do Meio Ambiente. Disponível em https://tinyurl.com/2sfxur97. Acesso em 31/03/2025. ______. Decreto nº 2.652, de 1º de julho de 1998. Disponível em https://tinyurl.com/5frtk7tt. Acesso em 31/03/2025. ______. Emissões de Gases de Efeito Estufa. Embrapa Suínos e Aves. Disponível em https://tinyurl.com/2s3kpy35. Acesso em 31/04/2025. ______. Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). BNDES. Disponível em https://tinyurl.com/3m4cjcpy. Acesso em 31/04/2025. ______. Gases de Efeito Estufa (GEE). ALCSCANS Grupo de Pesquisa em Mudanças Climáticas da Unicamp. Disponível em https://tinyurl.com/mwb4usam. Acesso em 31/03/2025. ______. NDC: Ambição climática do Brasil. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Disponível em https://tinyurl.com/4ry899nv. Acesso em 31/03/2025. ______. Nova NDC do Brasil representa paradigma para o desenvolvimento do país”, diz Marina na COP29. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Disponível em https://tinyurl.com/4kbftes2. Acesso em 31/03/2025. ______. Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-Chave. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Disponível em https://tinyurl.com/y8dhr4wn. Acesso em 31/03/2025. CARNEVALLE, M. R. Araribá mais Ciências: 7º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2018. 272 p. Acesso em 31/03/2025. GOIÁS. Documento Curricular para Goiás – Ampliado. Volume III Ensino Fundamental Anos Finais. Disponível em https://tinyurl.com/bdcn9bpn. Acesso em 31/03/2025. ______. Documento Curricular para Goiás – Ampliado – Cortes Temporais. CONSED; UNDIME, 2019. p. 143. Disponível em: https://tinyurl.com/mszn79ds. Acesso em 31/03/2025. HIRANAKA. R. A. B.; HORTENCIO, T. M. A. Inspire Ciências: 7º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: FTD, 2018. 256 p. Acesso em 31/03/2025. IPAM Amazônia. Gases de efeito estufa (GEE). Disponível em https://tinyurl.com/5n74y92d. Acesso em 31/03/2025. NAÇÕES Unidas. Tudo sobre as NDCs. Disponível em https://tinyurl.com/yjbkxwde. Acesso em 31/03/2025. NAÇÕES Unidas Brasil. Promessas atuais do Acordo de Paris levam a aquecimento de até 2,9°C. Disponível em https://tinyurl.com/2m8p4p58. Acesso em 31/03/2025. ONU Programa para o Meio Ambiente. Você sabe como os gases de efeito estufa aquecem o planeta? Disponível em https://tinyurl.com/2j8dk8ss. Acesso em 31/03/2025. SUPERINTENDÊNCIA da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA. Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Disponível em https://tinyurl.com/47swyypp. Acesso em 31/03/2025. VITAL, marcos H. F. Aquecimento Global: acordos internacionais, emissões de CO2 e o Surgimento dos Mercados de Carbono no Mundo. Disponível em https://tinyurl.com/5cncuusv. Acesso em 31/03/2025. WWF. O WWF-Brasil tem participado ativamente das discussões sobre clima na ONU. Disponível em https://tinyurl.com/2j9jv9x7. Acesso em 31/03/2025. WWF-BRASIL. Nova NDC brasileira traz avanços importantes e aponta caminhos, mas emergência climática requer maior ambição. Disponível em https://tinyurl.com/rdafvzwy. Acesso em 31/03/2025. |