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Ciências da Natureza – Fenômenos naturais, impactos ambientais e ações humanas

Esta proposta de atividade de Ciências da Natureza é destinada aos estudantes do 7º ano dos anos finais do Ensino Fundamental


Imagem 1. ARAGUAIA, Mariana. Fenômenos naturais, impactos ambientais e ações humanas. Sora. Criado em 11/09/2025.

FENÔMENOS NATURAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS E AÇÕES HUMANAS

Fenômenos naturais fazem parte da dinâmica do planeta Terra: chuvas, ventos, secas, terremotos, erupções, entre outros. Porém, quando esses fenômenos atingem uma intensidade capaz de causar grandes danos à sociedade e ao meio ambiente, chamamos de catástrofes naturais. Enchentes em cidades, secas prolongadas no campo, deslizamentos em encostas, ondas de calor intensas e queimadas descontroladas no Cerrado são algumas consequências desses danos. Para compreender melhor sua origem, os fenômenos podem ser classificados em quatro grandes grupos: geológicos, meteorológicos, climatológicos e hidrológicos.

Imagem 2. ARAGUAIA, Mariana. Fenômenos naturais. Canva. Editado em 15/09/2025.

Tais eventos podem acontecer em qualquer lugar do mundo. Porém, a forma como o ser humano ocupa e altera o espaço é determinante para que eles se tornem mais graves. A retirada de florestas, por exemplo, reduz a infiltração da água no solo, o que aumenta enchentes. Sem raízes para segurar a solo, cresce o risco de erosão e deslizamentos. Há também a redução da evapotranspiração, o que contribui para alterações no regime de chuvas. No Brasil, o desmatamento da Amazônia e do Cerrado já influencia as chuvas do Sudeste, aumentando períodos de seca.

Construções em áreas de risco, como em encostas e margens de rios, tornam desastres previsíveis. O excesso de asfalto, de concreto e a compactação do solo dificultam a infiltração da água da chuva, favorecendo enchentes rápidas. Na Baixada Santista (SP), deslizamentos em 2020 causaram dezenas de mortes, sendo que grande parte ocorreu em áreas de ocupação irregular. É válido ressaltar, também, que muitas cidades não possuem sistema adequado de drenagem.

Além disso, é importante perceber que nem todas as populações sofrem igualmente com os impactos das catástrofes. Comunidades em situação de maior vulnerabilidade social, muitas vezes formadas por pessoas negras, indígenas ou periféricas — costumam viver em áreas de risco, com menos infraestrutura e menos acesso a serviços de emergência. Esse fenômeno é chamado de racismo ambiental, que é quando grupos sociais historicamente marginalizados são os mais expostos e prejudicados por desastres ambientais. Nas notícias na TV e internet, é perceptível que em enchentes e deslizamentos urbanos, quem perde casas, empregos e até vidas são, em grande parte, moradores de bairros periféricos.

Queimadas e incêndios florestais, muitas vezes provocados pelo próprio ser humano para abrir espaço para pastagens, agricultura e expansão urbana, também merecem a nossa atenção. Em períodos de seca, o fogo se espalha com facilidade e destrói vastas áreas de vegetação. Isso elimina habitats e libera enormes quantidades de gases de efeito estufa. Em 2020, o Pantanal sofreu os maiores incêndios da sua história recente, afetando milhares de animais.

O aquecimento global, causado pela emissão de gases como o dióxido de carbono (CO₂) e o metano (CH₄), altera a dinâmica do clima do planeta. Como consequências, temos o aumento da frequência de ondas de calor, intensificação de chuvas extremas, secas prolongadas e elevação do nível do mar. Há indícios de que, desde a década de 1990, houve um aumento de 460% nos desastres climáticos no Brasil.

A poluição também agrava a vulnerabilidade das populações humanas e naturais. Rios contaminados, por exemplo, tornam as enchentes mais perigosas. A poluição atmosférica está ligada ao aumento de doenças respiratórias em situações de queimadas ou ondas de calor.

Quando um fenômeno natural se combina com ações humanas, os impactos são multiplicados:

  • Na sociedade: perda de vidas humanas, danos a casas e estradas, prejuízos econômicos, falta de água potável, doenças.
  • No ambiente: extinção de espécies, migração forçada de animais, mudanças no solo e nos cursos de água, poluição.
  • Na biodiversidade: espécies com pouca capacidade de adaptação ou que vivem em áreas restritas ficam mais vulneráveis à extinção. Espécies que vivem em ilhas, por exemplo, são extremamente frágeis. Isso significa que, se um furacão, incêndio ou tsunami atingir toda a ilha, a população pode ser extinta de uma só vez, sem tempo ou espaço para se recuperar.

Diante dessas situações, é fundamental saber como agir. Recomenda-se manter a calma e buscar áreas seguras, saindo de encostas, margens de rios e ruas alagadas, e acionar os serviços de emergência:

Imagem 3. ARAGUAIA, Mariana. Fenômenos naturais. Canva. Editado em 15/09/2025.

Também é importante seguir orientações transmitidas por rádios, TVs, aplicativos oficiais e sirenes, além de procurar abrigos públicos organizados pela Defesa Civil em situações de enchentes ou deslizamentos. Nunca se deve retornar a áreas de risco sem a liberação oficial.

Fenômenos naturais sempre existiram. A diferença é que hoje eles se tornam mais frequentes e destrutivos por causa das ações humanas. O desafio é reconhecer que o ser humano é parte do problema, mas também pode ser parte da solução, com escolhas responsáveis: proteger e recuperar áreas de vegetação, planejar cidades com drenagem eficiente e áreas verdes, reduzir a emissão de gases de efeito estufa, incentivar práticas agrícolas sustentáveis e promover educação ambiental e sistemas de alerta à população. Cuidar do meio ambiente, planejar bem o espaço urbano e reduzir a poluição são passos fundamentais para proteger tanto a natureza quanto a sociedade.

Assista à videoaula sobre fenômenos naturais, impactos ambientais e ações humanas:

RESPONDA ÀS QUESTÕES:

QUESTÃO 1

Fenômenos naturais passam a ser chamados de catástrofes quando

(A) produzem mudanças apenas no ambiente físico, como solo e água.
(B) alteram apenas a biodiversidade local sem afetar populações humanas.
(C) geram grandes prejuízos para a sociedade e para o meio ambiente.
(D) ocorrem em regiões com baixa densidade populacional e pouca ocupação.

QUESTÃO 2

Um estudante ouviu que o desmatamento da Amazônia pode influenciar a falta de chuvas no Sudeste do Brasil. Isso ocorre porque a/o(s)

(A) queimadas aumentam a poluição nas cidades da região Sudeste.

(B) desmatamento reduz a evapotranspiração e afeta o regime de chuvas. 

(C) árvores barram o vento, evitando a formação de frentes frias.

(D) retirada de árvores diminui a fertilidade natural do solo urbano.

QUESTÃO 3

A expressão “racismo ambiental” é usada para descrever a

(A) escolha de espécies nativas no lugar das exóticas nos reflorestamentos.
(B) concentração de poluição em regiões industriais das grandes cidades.
(C) maior exposição de grupos sociais marginalizados a riscos ambientais.
(D) dificuldade de acesso de cientistas a áreas protegidas de conservação.

QUESTÃO 4

Explique, com suas palavras, por que um fenômeno natural como a chuva intensa pode se transformar em catástrofe em uma cidade grande.

QUESTÃO 5

Um município asfaltou quase todas as ruas e canalizou um rio, reduzindo áreas verdes. Após uma chuva forte, houve enchentes. O fator humano que mais contribuiu foi a/o

(A) falta de biodiversidade característica da área urbana.
(B) redução da infiltração da água da chuva no solo impermeabilizado.
(C) presença de espécies invasoras nas margens do rio canalizado.
(D) excesso de calor proveniente do aquecimento global.

QUESTÃO 6

Durante uma onda de calor extremo, moradores de uma cidade registraram aumento de problemas respiratórios. O fator humano contribui para agravar a situação é a

(A) redução do volume de chuvas nas áreas urbanas.
(B) poluição atmosférica devido a queimadas e veículos.
(C) impermeabilização do solo causada pela pavimentação.
(D) perda de fertilidade do solo agrícola da região.

QUESTÃO 7

Se você fosse prefeito de uma cidade cortada por um rio, a principal medida que ajudaria a reduzir riscos de enchentes seria

(A) incentivar a impermeabilização total das ruas com concreto.
(B) permitir ocupações residenciais nas margens do rio.
(C) recuperar a mata ciliar e ampliar áreas de infiltração.
(D) canalizar o rio e eliminar a vegetação das margens.

QUESTÃO 8

Você acha que o desmatamento da Amazônia pode ser considerado um problema global ou apenas regional? Justifique sua resposta com argumentos ambientais.

QUESTÃO 9

Na sua opinião, qual ação antrópica mais contribui para transformar fenômenos naturais em catástrofes no Brasil: desmatamento, queimadas, urbanização desordenada ou poluição? Justifique sua resposta.

QUESTÃO 10

Imagine que você é prefeito(a) e, precisando investir em sua cidade, deve escolher a ordem em que priorizaria cada uma das ações abaixo:

A) Enumere as ações de 1 a 4, em ordem crescente de prioridade.

Imagem 2. ARAGUAIA, Mariana. Ações da prefeitura. Canva. Criado em 11/09/2025.

B) Justifique suas decisões.

PROPOSTA DE EXPERIMENTO

Passo a passo:

1. Pegue duas bandejas iguais.

2. Em uma, coloque terra com grama ou folhas; na outra, apenas terra solta ou areia.

3. Jogue a mesma quantidade de água sobre as duas.

4. Compare a infiltração e observe qual delas “segura” melhor a água.

Discuta: qual bandeja se parece com uma área desmatada? O que o desmatamento pode provocar, na ocorrência de chuvas intensas?


Autoria:Prof.ª M.ª Mariana Araguaia
Formação:Ciências Biológicas
Componente Curricular:Ciências da Natureza
Objetos de conhecimento:Fenômenos naturais e impactos ambientais: catástrofes naturais e seus impactos socioambientais
Habilidades:(EF07CI08) Avaliar como os impactos provocados por catástrofes naturais ou mudanças nos componentes físicos, biológicos ou sociais de um ecossistema afetam de suas populações, podendo ameaçar ou provocar a extinção de espécies, alteração de hábitos, migração.
Referências:BEYS-DA-SILVA, WALTER O; FAUTINO, ALINE M.; SCHRANK, AUGUSTO; VAINSTEIN, MARILENE; SANTI, LUCÉLIA SANTI. Urgent call: Environmental mismanagement after historical flood amplifies Rio Grande do Sul’s ecological crisis in south of Brazil. Anais da Academia Brasileira de Ciências. Disponível em <https://www.scielo.br/j/aabc/a/dh9WpFbbBHQWpqrJqXqMjNb/?format=pdf&lang=en>. Acesso em 17/09/2025.

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