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Arte/Artes Visuais – Retratos do Brasil

Esta proposta de atividade de ARTE/ARTES VISUAIS é destinada aos estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental.

Fonte: FRADE, Isabela; GUIMARÃES, Alexandre. Arte indígena cosmopolítica: na antropofagia reversa de Jaider Esbell. Farol, v. 17, n. 25, 2021.

Retratos do Brasil

Quando olhamos para uma obra de arte, muitas vezes enxergamos mais do que formas, cores ou traços. A arte é uma forma de ver o mundo e de se ver no mundo. Ela revela quem somos, de onde viemos, o que valorizamos e como nos relacionamos com os outros.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:EliseuVisconti-P131-Retratos_de_fam%C3%ADlia.jpg Acesso em 22, maio de 2025.

No Brasil, essa diversidade é expressa por meio de muitas vozes e estilos, marcados pelas influências de três grandes matrizes culturais: a indígena, a africana e a europeia.

Imagem do Canva

Este conjunto de influências moldou nossas tradições, crenças, práticas visuais e modos de representar a realidade. Ao observarmos obras de arte que nascem desses diferentes contextos, desenvolvemos um olhar mais sensível, crítico e respeitoso diante das diferenças e das desigualdades.

Vamos explorar cada uma dessas matrizes por meio de artistas e obras que ajudam a contar parte da história visual do Brasil e de seu povo.

A matriz indígena: saberes ancestrais e pertencimento à terra

As culturas indígenas são as primeiras formas de organização social, simbólica e artística do território que hoje chamamos de Brasil. A arte indígena não está separada da vida: ela está presente no cotidiano, no corpo, na cerâmica, nos trançados, nos grafismos e nas narrativas orais.

Artista Jaider Esbell

Jaider era um artista indígena da etnia Macuxi, que buscava, por meio de suas pinturas, desenhos e textos, fortalecer os saberes ancestrais e discutir os impactos da colonização. Sua obra “Kanaimés” propõe o diálogo entre mundos: o indígena e o não indígena.

Fonte: BORGES DA SILVA, Ana Carolina Aguerri. Memória e artivismo: os feitiços da arte de Jaider Esbell. Revista Fim do Mundo, Marília, SP, v. 5, n. 12, 2025.

Observe o uso das cores, o traço orgânico e os símbolos.

Que elementos aparecem repetidamente?

O que esse retrato comunica sobre o corpo e o espírito?

A matriz africana: resistência, ancestralidade e beleza negra

A presença africana no Brasil resultou de um processo doloroso de escravização, mas também de muita resistência cultural. As influências africanas estão fortemente presentes em festas populares, na religião, na música, na culinária e, claro, nas artes visuais.

Artista Rosana Paulino

Rosana é uma artista paulista que traz à tona a história silenciada das mulheres negras no Brasil. Em sua série “Bastidores”, ela utiliza costuras, colagens e fotografias para reconstruir memórias e denunciar o racismo e o apagamento histórico.

Fonte: IMIONI, Ana Paula. Bordado e transgressão: questões de gênero na arte de Rosana Paulino e Rosana Palazyan. Proa: Revista de Antropologia e Arte, Campinas, SP, v. 2, n. 00, p., 2010.  Acesso em 22, maio de 2025.

Quais imagens do corpo feminino aparecem na obra?

Como os elementos como costura e tecido transformam o sentido do retrato?

O que isso revela sobre a história e as marcas sociais?

A matriz europeia: tradição, colonialismo e modernidade

A colonização portuguesa trouxe elementos da cultura europeia que passaram a fazer parte da formação cultural brasileira, como o uso da pintura a óleo, o retrato como representação do poder, e a arquitetura religiosa. Mais tarde, esses modelos foram reinterpretados por artistas modernos que buscavam uma arte com “cara de Brasil”.

Artista Tarsila do Amaral

Tarsila é uma das figuras mais importantes do modernismo brasileiro. Sua obra “A Negra” une referências da arte europeia com temas, cores e símbolos brasileiros. A artista buscava uma arte nacional, popular e acessível.

Fonte: MUAZE, Mariana. Da Ama de Leite à Mãe Preta: Arte, Literatura, História e Memória. VOZES EM DIÁLOGO, 2019.

Repare na forma como o corpo é retratado.

Quais aspectos dialogam com as raízes africanas e quais com o olhar europeu?

Que ideias sobre identidade e representação aparecem na pintura?

A arte e o cotidiano: o retrato como espelho social

Nas três obras que estudamos, o retrato é usado como meio de representar não apenas um rosto, mas uma história, uma vivência, uma crítica social. O retrato não é apenas imagem: é um espelho que nos convida a pensar sobre quem somos e sobre o mundo que construímos. A arte permite que cada pessoa se reconheça em sua pluralidade. Ao desenvolver o olhar estético e crítico, somos capazes de respeitar diferentes formas de viver e de se expressar. Isso nos torna cidadãos culturais: pessoas que entendem a importância da diversidade, valorizam o patrimônio imaterial e atuam para construir uma sociedade mais justa e plural.

Assista ao vídeo sobre Retratos do Brasil

Canal Estúdio Conexão Escola. “Artes Visuais – Retratos do Brasil – 7º ano EF”. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=4Vau6Fbjuqc Acesso em 27, maio de 2025.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

A arte brasileira é marcada pela presença de diferentes matrizes culturais, que contribuem para a diversidade de estilos, temas e técnicas. Uma dessas matrizes valoriza os saberes ancestrais, os grafismos, a relação com a terra e o pertencimento coletivo. Essa matriz é representada pelo trabalho do artista Jaider Esbell, que expressava em suas obras o diálogo entre mundos e a força da memória indígena. A matriz cultural que representa essa descrição é

(A) a europeia, pois introduziu a pintura a óleo e o retrato como símbolo de poder.

(B) a africana, pela força das festas populares e da ancestralidade negra.

(C) a indígena, pois valoriza o cotidiano, o corpo, os símbolos e os saberes tradicionais.

(D) a oriental, pela influência estética e filosófica na arte contemporânea brasileira.

QUESTÃO 2

A artista Rosana Paulino utiliza técnicas como costura, colagem e fotografia para reconstruir memórias e denunciar o apagamento histórico de mulheres negras no Brasil. Em suas obras, ela reinterpreta o retrato tradicional, incorporando elementos da ancestralidade e da resistência. Essa proposta está relacionada à matriz cultural

(A) africana, que traz à arte brasileira a valorização da ancestralidade, da identidade e da resistência histórica.

(B) europeia, pela influência das escolas de pintura clássica e técnicas tradicionais de autorretratos.

(C) oriental, pelas práticas milenares de bordado e contemplação do feminino e seus valores sociais.

(D) indígena, que relaciona a arte ao cotidiano e à vida espiritual dos povos originários e seus costumes.

QUESTÃO 3

De que maneira a obra de Jaider Esbell expressa os saberes indígenas e o diálogo entre culturas diferentes em seus traços e símbolos visuais?

QUESTÃO 4

Quais elementos usados por Rosana Paulino em suas obras, revelam a história silenciada das mulheres negras e como esses elementos transformam o modo tradicional de representar o corpo feminino?


AutoriaVeruska Bettiol
FormaçãoArtes Visuais
Componente CurricularArte/Artes Visuais
Objetos de conhecimento/ConteúdosContextos e Práticas: Matrizes Estéticas e Culturais
Habilidade (GO-EF07AR03-A) Reconhecer e valorizar a influência de distintas matrizes estéticas e culturais das artes visuais nas manifestações artísticas das culturas locais, regionais, nacionais e universais, assim como as representações que estas fazem dos sujeitos, observando papeis de gênero e outros marcadores sociais, relacionando com a contemporaneidade.
ReferênciasADORNO, T. W.; HORKHEIMER, Max. Cultura e sociedade. Tradução de Carlos Grifo. Lisboa: Presença, 1970.
Canclini, N. G. (2019). Culturas   híbridas:   estratégias   para   entrar   e   sair   da modernidade. Editora da Universidade de São Paulo.
Silva, T. T. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Vozes. 2000.