Esta proposta de atividade de ARTE/ARTES VISUAIS é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental.

Pintura: Da técnica tradicional à expressão contemporânea
A pintura é uma das linguagens mais antigas da história da arte. Desde os primeiros registros humanos até as formas contemporâneas, ela acompanhou as transformações culturais, sociais e tecnológicas, mantendo-se como um meio expressivo potente e multifacetado. Vamos percorrer uma linha do tempo da pintura, observando como as técnicas, os materiais, os suportes e os modos de fazer foram se modificando ao longo do tempo.

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Para isso, vamos destacar dois momentos importantes: o uso da pintura a óleo, como técnica tradicional, e a pintura contemporânea em sua forma expandida, como exemplo de prática alternativa.
Pintura a óleo: técnica tradicional do Renascimento
Durante o Renascimento, a pintura a óleo foi aperfeiçoada como técnica dominante na Europa. Com ela, os artistas conquistaram maior liberdade para trabalhar camadas de cor, profundidade, transparência e luminosidade.
Jan van Eyck é considerado um dos pintores pioneiros na aplicação da tinta a óleo com precisão e sofisticação. Em obras como O casal Arnolfini, podemos observar detalhes minuciosos, brilho e controle da luz que marcaram uma nova fase na história da pintura.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Van_Eyck_-_Arnolfini_PortraitFXD.jpg Acesso em 05, maio de 2025.
Já no período barroco, essa técnica foi utilizada para expressar emoções intensas e narrativas dramáticas. Artemisia Gentileschi, uma das primeiras mulheres a ganhar reconhecimento na arte europeia, utilizava a pintura a óleo para representar cenas fortes, com uso marcante de contrastes entre luz e sombra.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Artemisia_Gentileschi_Mary_Magdalene_Pitti.jpg Acesso em 05, maio de 2025.
Impressionismo: a liberdade na pintura do século XIX
A partir do século XIX, com o movimento impressionista, a pintura começa a romper com a rigidez técnica e se aproxima de uma linguagem mais livre e subjetiva. Berthe Morisot, artista francesa ligada ao impressionismo, é um exemplo importante desse momento.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/kamikazecactus/4047459638 Acesso em 05, maio de 2025.
Suas pinceladas soltas, paleta clara e escolha de temas cotidianos mostravam uma nova abordagem da pintura mais sensível, rápida e centrada na percepção pessoal.
Movimentos modernos: a abstração e a pintura a óleo no século XX
Essa liberdade foi expandida ainda mais no início do século XX, com os movimentos modernos. Nesse contexto, artistas como Hilma af Klint exploraram a abstração antes mesmo de ela se tornar reconhecida. Suas pinturas, cheias de formas geométricas e símbolos espirituais, revelam como a técnica podia ser usada para comunicar ideias que iam além do visível.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hilma_af_Klint_-_Group_VI,_Evolution_No._13_(13949).jpg Acesso em 05, maio de 2025.
No Brasil, Tarsila do Amaral foi uma figura central no processo de construção de uma identidade visual brasileira, também utilizando a pintura a óleo para reinventar os temas e cores do país, como na obra Abaporu.

Disponível em https://l1nq.com/4draC Acesso em 05, maio de 2025.
A pintura expandida e a quebra de paradigmas no século XX
Com o avanço do século XX, a pintura passou a ser questionada como linguagem tradicional. Artistas começaram a experimentar com novos suportes, materiais e relações espaciais. É nesse momento que surge a chamada pintura expandida, na qual o ato de pintar se mistura a outros elementos da arte contemporânea. Frank Bowling, por exemplo, reinventou o uso da tinta ao deixá-la escorrer livremente pela superfície da tela, criando obras em que o gesto e o acaso são parte fundamental da composição.

Disponível em https://encr.pw/cDJKW Acesso em 05, maio de 2025.
Essa atitude rompe com o conceito clássico de pintura como algo que precisa de moldura e acabamento.
Pintura contemporânea: a fusão de múltiplas linguagens e experiências sensoriais
Já na atualidade, encontramos artistas que expandem ainda mais esse conceito. Njideka Akunyili Crosby mistura pintura com colagem e fotografia, construindo imagens que falam sobre memória, cultura e identidade. Suas obras desafiam os limites entre o que é considerado pintura, colagem ou instalação.

Disponível em https://encr.pw/IfvqA Acesso em 05, maio de 2025.
Outra artista importante é Vivian Caccuri, brasileira, que utiliza pigmentos e sons em ambientes imersivos, fazendo com que o espectador não apenas veja, mas sinta a obra com o corpo todo. Nesse contexto, a pintura torna-se também uma experiência espacial e sensorial.

Disponível em https://encr.pw/ybXhJ Acesso em 05, maio de 2025.
A pintura como uma linguagem em constante transformação
Ao observar essas transformações, é possível perceber que, mais do que uma técnica, a pintura é uma forma de pensar e agir no mundo. Ela acompanha as mudanças da sociedade, transforma-se com as inquietações de cada época e continua sendo uma linguagem viva. Do pincel à instalação, do quadro ao ambiente, a pintura segue como um campo aberto para experimentações, narrativas e diálogos visuais que revelam as poéticas singulares de cada artista.
Assista o vídeo sobre Pintura: Da técnica tradicional à expressão contemporânea
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
Durante o Renascimento, a técnica da pintura a óleo foi aperfeiçoada por artistas europeus e passou a ser amplamente utilizada por permitir maior controle na criação de efeitos visuais. Um dos principais nomes desse período foi Jan van Eyck, que utilizava essa técnica para alcançar precisão e luminosidade em suas obras. Considerando as características dessa técnica e seu impacto na história da arte, podemos afirmar que
(A) a pintura a óleo revolucionou a produção artística ao permitir que os artistas misturassem diferentes materiais como areia e tecidos diretamente sobre a tela.
(B) a técnica foi valorizada por permitir que os artistas usassem cores puras e chapadas, eliminando totalmente a noção de profundidade.
(C) o uso da pintura a óleo permitiu que artistas desenvolvessem obras com efeitos de luz, camadas e detalhes minuciosos, como no caso de O casal Arnolfini.
(D) essa técnica se destacou por retomar métodos medievais, com aplicação rápida de pigmentos em paredes úmidas, como nos afrescos religiosos.
QUESTÃO 2
A partir da segunda metade do século XX, a pintura passou a ser questionada como linguagem fixa e passou por profundas transformações. Surgiu então a ideia de “pintura expandida”, em que a obra ultrapassa os limites da tela, incorporando gestos, materiais não convencionais e elementos sensoriais. Considerando esse contexto da arte contemporânea, podemos afirmar que
(A) a pintura expandida propõe novas formas de expressão ao misturar tinta com outras linguagens, como som, fotografia ou colagem, como nas obras de Vivian Caccuri e Njideka Akunyili Crosby.
(B) essa proposta buscava resgatar as regras clássicas da pintura europeia, limitando o uso da tinta à superfície da tela e ao pincel como única ferramenta.
(C) o conceito de pintura expandida rejeita totalmente a cor e o gesto, priorizando apenas a construção tridimensional de esculturas em madeira.
(D) essa abordagem surgiu no Renascimento, quando os artistas decidiram explorar exclusivamente o retrato e a representação da figura humana.
QUESTÃO 3
Qual foi o principal impacto do movimento impressionista na forma de se fazer pintura no século XIX, especialmente em relação à técnica e à escolha dos temas?
QUESTÃO 4
De que maneira Tarsila do Amaral utilizou a pintura a óleo para construir uma identidade visual brasileira, e qual obra representa esse processo de forma significativa?
Autoria | Veruska Bettiol |
Formação | Artes Visuais |
Componente Curricular | Arte/Artes Visuais |
Objetos de Conhecimento/Conteúdos | Elementos das Linguagens: Componentes fundamentais para a composição da produção artística |
Habilidade | (GO-EF09AR04-C) Reconhecer e explorar suportes, ferramentas, materiais e técnicas tradicionais e alternativas, como componentes fundamentais para a composição da produção artística, bem como valorizar o processo de criação e a poética individual, ampliar o repertório estético e visual, dando significado às vivências sensíveis e reflexivas na produção de diálogos e narrativas visuais. |
Referências | ALBERTI, Leone Battista. Da pintura. Trad. Antonio da Silveira Mendonça. 2. ed. São Paulo: Ed. Da UNICAMP, 1989. ARGAN, G.C.; FAGIOLO, M. Guia de História da Arte. Lisboa: Estampa, 1994. Col. Teoria da Arte, v. 8. GOMBRICH, E. H. A História da Arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, c1999. ZANINI, W. (org.). História Geral de Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. 2v. |