Esta proposta de atividade de Arte/Artes Visuais é destinada aos estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental.

Museu das Pequenas Coisas
Você já guardou uma pedrinha que encontrou no caminho da escola?
Já segurou um brinquedo quebrado e, mesmo sem funcionar mais, não quis jogar fora?

Por que será que fazemos isso? O que faz a gente querer guardar algo que parece sem valor para os outros?
Será que a pedrinha foi escolhida num dia especial?
Será que o brinquedo faz parte de muitas histórias vividas ou foi ganhado de uma pessoa que gosta muito?
Esses objetos tão simples podem ser cheios de sentido. Eles nos lembram de pessoas, lugares, momentos importantes. E mesmo pequenos, eles falam, contam histórias, despertam lembranças, criam conexões.

Disponível em https://www.pexels.com/pt-br/foto/rochas-pedras-brinquedo-brinquedos-8014485/ Acesso em 27, jun. 2025.
O que é um museu, afinal?
Um museu é um lugar onde se guardam e se compartilham memórias. Ele pode abrigar obras de arte, objetos antigos, coleções raras. Mas um museu também pode ser algo mais: um espaço para refletir sobre o que é importante para nós e para o mundo.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/unb_agencia/35466577981 Acesso em 27, jun. 2025.
Se o museu serve para contar histórias de um povo, de uma cidade ou de uma época, por que não criar um museu para contar nossas próprias histórias?
Um museu pode caber numa caixa, numa parede da escola, ou até na palma da mão. Pode reunir objetos que carregam lembranças e sentimentos. O importante não é o tamanho da coisa, mas a intenção com que ela é escolhida e apresentada.
Quando o simples vira arte
Na história da arte, muitos artistas nos mostraram que aquilo que parece comum pode ganhar novo valor quando olhado com atenção e sensibilidade. Conheça alguns deles:
Marcel Duchamp
Foi um artista que revolucionou o conceito de arte no século XX, na França. Em vez de pintar ou esculpir, Duchamp começou a selecionar objetos prontos do cotidiano, como uma roda de bicicleta, uma pá de neve ou até um urinol, e apresentá-los como obras de arte.

Disponível em https://live.staticflickr.com/2/1986878_84bdfe1484.jpg Acesso em 27, jun. 2025.
Ele chamou isso de ready-made, ou “objeto já feito”. Com isso, ele nos convida a pensar: “O que transforma algo comum em arte?”
Arthur Bispo do Rosário
Bispo do Rosário viveu grande parte da sua vida em um hospital psiquiátrico, no Rio de Janeiro. Ali, criou uma produção artística intensa, usando materiais reaproveitados, como pedaços de tecido, botões, fios e papelão. Ele bordava nomes, memórias, símbolos e construía verdadeiros inventários do mundo, como se estivesse registrando tudo o que existia à sua volta.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Venice_Biennale_2013,_Arthur_Bispo_do_Ros%C3%A1rio.JPG Acesso em 27, jun. 2025.
Seus trabalhos não foram feitos para serem arte no início, mas hoje estão em importantes museus, pois revelam uma poética feita de memória, fé, repetição e identidade.
Lygia Clark
Uma das artistas mais importantes da arte brasileira, Lygia Clark acreditava que a arte não deveria ficar presa às paredes ou molduras. Criou objetos que só faziam sentido quando tocados, manipulados ou sentidos com o corpo. Ela dizia que a arte está na relação entre as pessoas e o mundo, por isso, seus trabalhos envolviam cheiros, texturas, movimentos e participação ativa do público.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:O_Bicho_Linear_-_Lygia_Clark.jpg Acesso em 27, jun. 2025.
Seus “objetos sensoriais” mostram que o mais simples pode ser profundo, quando há intenção, escuta e presença.
Rivane Neuenschwander
Artista contemporânea brasileira, que gosta de usar materiais frágeis e cotidianos em suas obras, como sementes, grãos de arroz, papéis de rascunho, listas de desejos ou até insetos. Rivane propõe experiências delicadas, que falam do tempo, da memória e das pequenas ações do dia a dia.
Em uma de suas obras, ela pediu para crianças escreverem seus medos em fitas coloridas, e depois pendurou essas fitas em uma árvore.

Disponível em https://l1nq.com/f1WGq Acesso em 27, jun. 2025.
Cada fita tremulava ao vento, mostrando que até nossos sentimentos podem se transformar em arte.
Esses artistas nos ensinam que não é o objeto que importa, mas o olhar que lançamos sobre ele.
A arte pode surgir de uma pergunta, de uma lembrança, de uma intenção.
Então, que histórias moram nos seus objetos?
O que você gostaria de mostrar ao mundo?
Assista ao vídeo sobre Museu das Pequenas Coisas
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 1
Alguns artistas trabalham com objetos simples do cotidiano, como pedaços de tecido, sementes ou até materiais descartados. O que torna esses objetos parte de uma obra de arte não é o seu valor material, mas o sentido que eles carregam. Isso acontece porque
(A) objetos simples se tornam arte apenas quando são bem coloridos e agradáveis aos olhos.
(B) a arte pode surgir quando damos um novo significado aos objetos através da nossa intenção criativa.
(C) qualquer objeto vira arte se estiver dentro de um museu ou for colocado em uma moldura bonita.
(D) os artistas precisam sempre usar materiais recicláveis para que sua arte seja aceita.
QUESTÃO 2
Muitas pessoas guardam objetos pequenos, como uma folha seca, um botão antigo ou uma tampa de garrafa, mesmo que eles não tenham muito valor para outras pessoas. Esses objetos podem ser importantes porque
(A) são úteis no dia a dia e podem ser reaproveitados quando for necessário.
(B) mostram que a pessoa gosta de acumular coisas sem nenhum motivo especial.
(C) representam lembranças e sentimentos que fazem parte da vida e da história de quem os guarda.
(D) servem para montar coleções valiosas que devem ser vendidas em feiras ou museus.
QUESTÃO 3
E agora, é com você
Crie junto com os colegas de sala, um Museu das Pequenas Coisas. Nesta proposta, vocês serão curadores do seu próprio acervo: vão escolher um objeto, imagem ou pequeno elemento do cotidiano que tenha valor simbólico para vocês. Algo que conte uma história. Algo que não tenha preço, mas tenha sentido.
Depois, vocês irão:
- Apresentar esse objeto para a turma;
- Contar a história que ele carrega (pode ser falada, escrita, desenhada ou gravada);
- Ouvir as histórias dos colegas com atenção e curiosidade;
- Juntos, organizar uma exposição com os objetos e suas histórias, em uma mesa, em caixas, num mural ou num espaço da escola.
Assim, o museu de vocês será mais do que uma coleção de coisas, será uma coleção de afetos, de memórias, de mundos possíveis. Uma oportunidade de compreender o outro e a si mesmo por meio da arte e da escuta.
QUESTÃO 4
Agora que o museu está pronto, é hora de imaginar que cada objeto guarda uma história que ainda não foi contada.
E se eles pudessem falar? O que diriam?
Nesta nova atividade, vocês irão criar histórias imaginárias inspiradas nos objetos do museu. Depois, irão gravar essas histórias em áudio, como se fossem episódios de um podcast.
Etapa 1 – Escolha o objeto
Você deve escolher um objeto do Museu das Pequenas Coisas.
Pode ser o seu ou o de um colega.
Observe o objeto com atenção e pense:
- Quem seria esse objeto se fosse um personagem?
- O que ele já viveu ou gostaria de viver?
Etapa 2 – Crie uma história inventada
Agora, imagine e crie uma história com começo, meio e fim.
Seu objeto pode:
- Ter sentimentos e pensamentos;
- Viajar, falar, sonhar, se esconder ou revelar segredos;
- Ser parte de um mundo mágico, realista ou divertido.
Escreva sua história com suas palavras. Você pode pedir ajuda, fazer um rascunho e depois revisar.
Etapa 3 – Prepare a narração
Com a história pronta, é hora de ensaiar a leitura em voz alta.
Pense na sua entonação:
- Como vai começar?
- Vai usar voz de mistério? De alegria? De suspense? Se quiser, pode fazer vozes diferentes.
Etapa 4 – Grave o podcast
Agora você vai gravar sua história. Use um celular e fale com calma e com emoção. A duração ideal é de 1 a 3 minutos.
Dê um título criativo para o seu episódio.
Etapa 5 – Compartilhe sua voz
Reúnam todas as gravações em um único lugar: Museu das Pequenas Coisas: Vozes dos Objetos. Os episódios poderão ser escutados pela turma, pela escola e até pelas famílias.
Você vai fazer parte de um museu sonoro, feito de histórias que nascem do que parece pequeno, mas carrega grandes significados.
Autoria | Veruska Bettiol |
Formação | Artes Visuais |
Componente Curricular | Arte/Artes Visuais |
Objetos de conhecimento/Conteúdos | Processos de Criação: Sentidos Plurais |
Habilidade | (GO-EF05AR06) Dialogar sobre a sua criação e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais, ampliar seu repertório imagético e inventivo, explorando diferentes espaços da instituição escolar e da comunidade, dando sentido e significado aos contextos afetivos e sociais de modo individual, coletivo e colaborativo. |
Referências | BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. São Paulo: Perspectiva, 2010. HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Marisa. A cultura visual e os estudos culturais: propostas para uma nova prática educativa. Porto Alegre: Artmed, 2007. BISHOP, Claire. Instalação e participação: arte contemporânea e público. São Paulo: Martins Fontes, 2012. |