Esta proposta de atividade de ARTE/ARTES VISUAIS é destinada aos estudantes do 8º ano do Ensino Fundamental.

Arte Povera
A Arte Povera foi um movimento artístico que surgiu na Itália, no final da década de 1960, durante um período de grandes mudanças sociais, políticas e culturais. A expressão “Arte Povera” significa “arte pobre”, mas não no sentido de falta de valor. O termo foi usado pelo crítico de arte Germano Celant para descrever artistas que queriam romper com o consumo e o luxo do mundo da arte, criando obras com materiais simples, naturais ou descartados.
Esses artistas acreditavam que a arte não precisava de objetos caros, nem de técnicas sofisticadas para ter significado. Para eles, o essencial estava na ideia, no processo de criação e na relação com o ambiente e o público. Por isso, usavam terra, pedras, madeira, folhas, tecidos, ferro, vidro, cera, fogo e até lixo para compor suas obras.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escultura_bolitas02.jpg Acesso em 21, out. 2025.
A escolha dos materiais era uma forma de questionar o que se considerava “nobre” ou “importante” na arte.
Entre os principais artistas da Arte Povera estão Michelangelo Pistoletto, Jannis Kounellis, Giovanni Anselmo, Mario Merz, Alighiero Boetti e Giuseppe Penone, cada um explorando de forma singular a relação entre o homem, a matéria e o tempo.
Michelangelo Pistoletto ficou conhecido por utilizar o espelho como elemento central de suas obras, convidando o público a fazer parte delas.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/paolomargari/4216182986 Acesso em 21, out. 2025.
Em O espelho quebrado e A Vênus dos Trapos, ele provoca um diálogo entre o belo idealizado e o cotidiano banal, ao colocar uma escultura clássica diante de um monte de roupas usadas. Sua arte questiona o valor da imagem e a participação do espectador.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/locace/2778560150 Acesso em 21, out. 2025.
Jannis Kounellis unia materiais industriais e elementos vivos, como carvão, ferro, sacos de café, fogo e até cavalos dentro de galerias, criando cenas intensas e simbólicas. Suas instalações buscavam despertar o olhar crítico sobre a relação entre a natureza, o trabalho humano e a vida urbana, revelando tensões da sociedade moderna.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Jannis_Kounellis_at_EMST_16_21_44_385000.jpeg Acesso em 21, out. 2025.
Mario Merz relacionava arte e ciência, criando estruturas baseadas na sequência de Fibonacci, uma fórmula matemática que aparece na natureza, como nas conchas e nas plantas. Suas instalações, feitas com ferro, vidro e neon, refletiam sobre o crescimento, o tempo e a energia vital.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Exposici%C3%B3n_de_Mario_Merz-Palacio_de_Vel%C3%A1zquez_%288%29.jpg Acesso em 21, out. 2025.
Alighiero Boetti explorava a colaboração e o acaso em suas obras. Em Mappa, ele pediu que bordadeiras de diferentes países criassem mapas-múndi bordados, representando as bandeiras dos países. O resultado é uma arte que discute política, globalização e identidade cultural, unindo gesto artesanal e pensamento conceitual.

Disponível em https://l1nq.com/v98O1 Acesso em 21, out. 2025.
Giuseppe Penone investigava o vínculo entre o corpo humano e a natureza, criando esculturas e instalações que revelam o crescimento das árvores e o toque das mãos sobre a matéria. Em muitas de suas obras, o corpo parece se fundir à madeira, como se o artista buscasse reencontrar a origem da vida.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Penone_(Versailles)_(9683561582).jpg Acesso em 21, out. 2025.
Essas produções propunham uma nova maneira de pensar: a arte podia estar em qualquer lugar e ser feita de qualquer coisa, desde que tivesse uma ideia que provocasse reflexão. Assim, o público deixava de ser apenas espectador e passava a ser participante, completando o sentido da obra ao observá-la, tocá-la ou caminhar por ela.
A Arte Povera também se relaciona com o momento histórico em que foi criada. Nos anos 1960 e 1970, a Europa vivia um tempo de revoltas estudantis, críticas ao sistema capitalista e busca por liberdade. Os artistas queriam se afastar do mercado da arte e das galerias, aproximando-se da vida cotidiana. O uso de materiais “pobres” era, portanto, um gesto político e poético, uma maneira de mostrar que o valor da arte está na sensibilidade e na ideia, e não no preço ou na aparência.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/nathaninsandiego/6095135921/ Acesso em 21, out. 2025.
Hoje, muitas obras contemporâneas ainda dialogam com os princípios da Arte Povera. Quando artistas utilizam materiais reciclados, elementos naturais ou objetos do cotidiano para falar de temas como meio ambiente, memória ou consumo, estão continuando esse pensamento.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/anxanum/40855565031/ Acesso em 21, out. 2025.
A Arte Povera nos ensina que criar é transformar objetos simples em significados, é transformar o olhar e a forma como entendemos o mundo.
ASSISTA AO VÍDEO SOBRE “ARTE POVERA”
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
A Arte Povera surgiu na Itália, no final da década de 1960, em um contexto de transformações políticas e sociais, propondo um novo olhar sobre os materiais e o papel da arte. Para os artistas desse movimento, criar uma obra significava
(A) valorizar o uso de técnicas tradicionais e materiais nobres como forma de preservar a herança cultural europeia.
(B) investir em obras que pudessem ser facilmente comercializadas, aproximando-se do mercado e das galerias de arte.
(C) buscar efeitos visuais complexos e tecnológicos que demonstrassem domínio técnico e inovação estética.
(D) transformar materiais simples ou descartados em expressões poéticas e críticas sobre o mundo contemporâneo.
QUESTÃO 2
Ao observar as obras dos artistas da Arte Povera, nota-se que cada um deles expressava, à sua maneira, a relação entre o homem, a matéria e o tempo. Nesse contexto, o artista que utiliza espelhos para incluir o espectador dentro da obra e provocar reflexões sobre o belo e o cotidiano era
(A) Michelangelo Pistoletto, que integrava o público à obra por meio do reflexo e do diálogo com objetos comuns.
(B)Mario Merz, que representava a força da natureza em esculturas fixadas por elementos orgânicos.
(C) Jannis Kounellis, que utilizava cavalos e fogo para denunciar as tensões sociais do mundo urbano.
(D) Alighiero Boetti, que explorava a colaboração e o acaso em bordados feitos por diferentes culturas.
QUESTÃO 3
A Arte Povera propôs uma ruptura com o consumo e o luxo do mundo da arte. Explique de que forma o uso de materiais simples, naturais ou descartados representava uma atitude crítica diante da sociedade da época.
QUESTÃO 4
Muitos artistas contemporâneos ainda dialogam com os princípios da Arte Povera. Como essa forma de pensar a arte pode nos inspirar hoje, especialmente diante de temas como o consumo, o meio ambiente e a sustentabilidade?
| Autoria | Veruska Bettiol | 
| Formação | Artes Visuais | 
| Componente Curricular | Arte/Artes Visuais | 
| Objetos de conhecimento/Conteúdos | Processos de Criação: Relação dos processos de criação e produção autoral, autônoma e colaborativa entre as diversas linguagens artísticas | 
| Habilidade | (GO-EF08AR32) Analisar e explorar, por meio de projetos temáticos diversos, as possibilidades de relacionar e experimentar os processos de criação e produção autoral, autônoma e colaborativa, relacionando-os com as linguagens artísticas, respeitando os contextos pessoais e sociais. | 
| Referências | ELANT, Germano. Arte Povera 1967–1972. Milão: Giancarlo Politi Editore, 1972. BELLINI, Gianni. Arte Povera: la sfida dell’arte povera. Roma: Edizioni Electa, 2010. MARTIN, Marcia. Arte Contemporânea: movimentos, artistas e conceitos. São Paulo: Martins Fontes, 2017. | 
