Esta proposta de atividade de ARTE/ARTES VISUAIS é destinada aos estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental.

Arte Olfativa
A arte não é feita apenas para ser vista. Desde o século XX, muitos artistas passaram a explorar outras formas de percepção sensorial, como o tato, o som, o cheiro e até o paladar. Esses caminhos abrem novas possibilidades de comunicação artística, aproximando a arte da vida cotidiana e convidando o público a participar de maneira mais profunda e envolvente.
Um dos artistas que mais se destaca nesse campo é o brasileiro Ernesto Neto. Nascido no Rio de Janeiro, em 1964, Neto é conhecido por suas instalações imersivas e sensoriais, que envolvem o público em experiências corporais completas.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/arte/3534454376 Acesso em 08, abril de 2025.
Em muitas de suas obras, ele utiliza cheiros naturais, como especiarias, ervas e flores secas, transformando o ambiente em um espaço onde o olfato também é tocado pela arte.
Obras como experiências sensoriais
Ernesto Neto cria esculturas e instalações feitas com tecidos translúcidos, formas orgânicas e estruturas que lembram partes do corpo humano, elementos da natureza ou redes vivas.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/360o/5164976474 Acesso em 08, abril de 2025.
Uma de suas marcas é o uso de especiarias aromáticas, como cravo-da-índia, cúrcuma, pimenta e cominho, colocadas dentro de bolsas de tecido suspensas no espaço. Essas bolsas liberam aromas que se espalham pelo ambiente, criando atmosferas que estimulam a memória, o afeto e a atenção ao espectador.
Exemplos de obras de Ernesto Neto
Naves – Instalação feita com malhas elásticas, onde o público pode entrar e caminhar por dentro. Em seu interior, estão bolsas com especiarias que exalam cheiros diversos.

Disponível em https://encr.pw/00c6k Acesso em 08, abril de 2025.
Leviathan Thot – Apresentada no Grand Palais, em Paris, essa obra monumental convida o visitante a caminhar por um grande corpo orgânico de tecidos e aromas, em uma verdadeira imersão sensorial.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/suncana/301112868 Acesso em 09, abril de 2025.
Enquanto nada acontece – Espaço de convivência onde o público é convidado a deitar, sentir o cheiro das especiarias e apenas estar, sentir, respirar.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/angsschool/6110892835/ Acesso em 09, abril de 2025.
A relação com o cotidiano
Ao usar cheiros comuns do nosso dia a dia, como temperos usados na cozinha ou ervas medicinais, Ernesto Neto aproxima a arte da experiência cotidiana. Cheiros são poderosos gatilhos de memória e emoção – basta sentir o cheiro de café ou canela, por exemplo, para lembrar de um lugar, uma pessoa ou uma situação do passado. Nesse sentido, sua obra convida a uma escuta mais sensível do mundo e de nós mesmos.
A arte olfativa propõe uma pausa, um momento de atenção ao que normalmente passa despercebido. Estimula o público a perceber a arte não apenas com os olhos, mas com o corpo inteiro – nariz, pele, respiração, memória e imaginação.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/angsschool/6111091389 Acesso em 09, abril de 2025.
Explorar o cheiro como linguagem artística é também um modo de valorizar a cultura sensível e os saberes populares que passam pelo corpo e pelos sentidos. A arte olfativa de Ernesto Neto nos lembra que a arte pode ser uma experiência afetiva e transformadora, que comunica ideias, sentimentos e memórias de formas sutis, porém profundas.
Assista ao vídeo sobre Arte Olfativa
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
A arte olfativa de Ernesto Neto estimula o público a perceber a arte com o corpo inteiro porque
(A) utiliza apenas imagens e formas visuais para provocar emoções e lembranças.
(B) convida o espectador a interpretar a obra com base em símbolos e códigos visuais complexos.
(C) explora aromas naturais que despertam sensações, memórias e vínculos afetivos.
(D) trabalha exclusivamente com sons e elementos tecnológicos para ativar os sentidos.
QUESTÃO 2
Ao usar especiarias e elementos do cotidiano em suas obras, Ernesto Neto aproxima a arte da vida das pessoas porque
(A) emprega materiais caros e sofisticados que representam luxo e exclusividade.
(B) transforma o espaço expositivo em um ambiente formal e silencioso.
(C) propõe uma relação distanciada entre o público e a obra, como nos museus tradicionais.
(D) utiliza cheiros familiares que ativam lembranças e criam experiências sensíveis.
QUESTÃO 3
Explique como o uso de cheiros em uma obra de arte pode influenciar a forma como o público se relaciona com ela. Dê exemplos de situações do cotidiano em que o cheiro desperta lembranças ou sentimentos.
QUESTÃO 4
A obra de Ernesto Neto nos convida a perceber a arte para além da visão, ou seja, mais do que apenas os olhos. Comente sobre a importância de envolver outros sentidos na criação e na apreciação artística. Como isso pode mudar a maneira como entendemos e sentimos a arte?
Autoria | Veruska Bettiol |
Formação | Artes Visuais |
Componente Curricular | Arte/Artes Visuais |
Objetos de conhecimento/Conteúdos | Contextos e Práticas: A Arte e os cinco sentidos |
Habilidade | (GO-EF07AR02-A) Reconhecer, estimular e explorar elementos que estimulem outros sentidos e outros fazeres, para além do visual, comunicar ideias e sensações, e dialogar com a produção artística, como experiências sonoras, táteis, olfativas e degustativas. |
Referências | AGAMBEN, G. (2009). O que é contemporâneo? e outros ensaios. Trad. bras. V. N. Honesko.Chapecó-SC, Argos. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006. LE BRETON, David. Antropologia dos sentidos. Tradução de Francisco Morás. Petrópolis: Editora Vozes, 2016. |