Olá! Bem-vindo(a)!
Gosta de ler poesias? A poesia é um encontro de sentimentos, de almas, de sonhos e também de criticidade, reflexões…
Vivemos instantes em que a poesia tem ficado apenas nos sonhos dos poetas e no romantismo dos casais apaixonados. Mas, você sabia que a poesia pode servir como ferramenta de denúncia social? Já ouviu falar sobre censura?
Então, vamos aprender um pouco mais sobre este assunto? Venha comigo!
Atividade 1
Leia atentamente os textos abaixo:
A poesia social é um tipo de produção literária que aborda questões de valor político e social.
Na história da Literatura Brasileira, alguns momentos foram essenciais para a propagação da poesia social, por exemplo, no Romantismo, na Geração Mimeógrafo, e em alguns movimentos modernos e contemporâneos.
No século XIX, o movimento literário romântico apresenta as primeiras manifestações da poesia social, expressas nas obras de autores como: Fagundes Varela, Castro Alves e Sousândrade.
Vale lembrar que um dos importantes momentos de consagração da poesia social no Brasil surgiu com a poesia-práxis, em contraposição ao radicalismo e preocupação formal do movimento concretista (poema-objeto).
Os principais escritores que se destacaram no movimento da poesia práxis foram: Mário Chamie e Cassiano Ricardo.
Outra corrente artística, que surgiu em oposição ao Concretismo, foi o Neoconcretismo ou Movimento Concretista, o qual propunha uma arte mais
voltada para os problemas políticos e sociais do país. O maior representante da poesia social nesse momento foi o poeta Ferreira Gullar.
Já na Geração Mimeógrafo, chamada de Poesia Marginal, a preocupação com a poesia social esteve marcada pelos trabalhos de artistas como: Chacal,
Cacaso, Paulo Leminski e Torquato Neto.
No Modernismo, diversos escritores criaram suas obras baseadas na realidade social do país, dos quais merecem destaque: Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Vinícius de Moraes, dentre outros.
NÃO HÁ VAGAS – FERREIRA GULLAR
Para iniciar, não se poderia fugir ao poema “Não há vagas”, do homenageado Ferreira Gullar, com sua crítica em tom irônico:
“O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede nem cheira”
Fonte: https://www.todamateria.com.br/poesia-social/ 24 de julho de 2020.
Atividade 2
Vamos conversar e escrever sobre o poema:
01 – Onde é comum encontrar a expressão “não há vagas”, que dá nome ao poema?
02 – Que imagem esse título ajuda a construir no poema?
03 – Dê a sua opinião sobre as ideias do poeta. Justifique.
04 – Releia a terceira estrofe do poema e explique as ideias nela contidas.
05 – A poesia e o poema, de alguma forma, ou de outra trabalha com o belo, a criticidade… O que você percebe de belo e crítico na poesia de Ferreira Gullar?
Veja outro poema que aborda questões sociais:
Significado de Censura:
Substantivo feminino. Ação de controlar qualquer tipo de informação, geralmente através de repressão à imprensa. Restrição, alteração ou proibição imposta às obras que são submetidas a um exame oficial, sendo este definido por preceitos morais, religiosos ou políticos. Ação ou poder de recriminar, criticar ou repreender. Exame avaliativo que se faz com o propósito de conhecer as boas qualidades ou as imperfeições de algo ou de alguém, baseando-se numa teoria ou doutrina. Etimologia (origem da palavra censura). Do latim censura.
Fonte: https://www.dicio.com.br/censura
Você viu que às vezes até a poesia encontra barreiras em sua divulgação? É importante buscar novos conhecimentos para termos uma visão crítica.
Para saber mais sobre o assunto, veja a reportagem do jornal Folha de São Paulo:
Poema de Álvaro de Campos censurado em manual de Português da Porto Editora. Os alunos do décimo segundo ano identificaram a omissão dos versos quando ouviram uma versão áudio da obra do poeta português:
Sebastião Almeida
13 de Janeiro de 2019, 21:53
ODE TRIUNFAL
À dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim,
Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
(…)
Fonte: http://arquivopessoa.net/textos/2459
Alguns excertos do poema Ode Triunfal, de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, foram retirados e substituídos por linhas a tracejado num dos manuais escolares de Português do 12.o ano, da Porto Editora. A notícia é avançada pelo jornal Expresso, que indica o manual censurado como sendo um dos livros aprovados pelo Ministério da Educação.
Três versos de Ode Triunfal — que contêm linguagem explícita — foram substituídos por linhas a tracejado.
Leia a reportagem completa em:
Atividade 3
Agora é a hora de você criar!!!
Pense, leia ou pesquise sobre um assunto histórico/político atual. Após, faça reflexões sobre o mesmo. Em seguida, vasculhe a sua imaginação crítica, sua alma, seus sentimentos, seus sonhos e escreva com coragem um poema social. Trabalhe a linguagem do seu texto com muita atenção e beleza.
Caro estudante, gostou de aprender e “curtir” mais sobre outro tipo de poesia?!
Espero realmente que essa atividade tenha ajudado você a refletir sobre a importância dos novos recursos midiáticos, pois compreender as novas estratégias de comunicação é essencial para estarmos conectados.
Até breve com mais poesias e reflexões!
Componente(s) Curricular(res) | História e Português |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento | (EAJALP0120) Conhecer que a poesia possui licença poética, desviando-se da norma ortográfica. (EAJALP0121) Conhecer os gêneros dramáticos por meio de apresentações teatrais e participações e em manifestações culturais. (EAJAHI0103) Perceber as permanências e as mudanças no transcorrer do tempo histórico. |
Professor | Maria das Dores Rodrigues de Paula |
Instituição Educacional | E. M. Professor Hilarindo Estevam de Souza |
CRE | Brasil di Ramos |
EAJA –Ética e Cidadania – 2° Segmento – 7ª a 8ª séries