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Língua Portuguesa – Trem de ferro de Manuel Bandeira

Esta proposta de atividade de Língua Portuguesa é destinada aos estudantes do 6º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.


Fonte: Pixabay.com. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/photos/locomotiva-locomotiva-a-vapor-trem-221159/> Acesso em: 02 de dezembro de 2022.

   Manuel Bandeira é considerado um dos poetas mais marcantes da primeira fase modernista, seu lirismo é marcado pelo língua coloquial, pela irreverência e pela liberdade criadora. Adepto do verso livre, Manuel Bandeira tem como característica especial o uso da musicalidade em seus versos, uma forma de aproveitar sons ligados ao cotidiano e a sonoridade das palavras. Um exemplo autêntico desta sonoridade viva entre a escolha vocabular é o poema Trem de ferro, veja:

Trem de ferro

Café com pão

Café com pão

Café com pão

Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim

Café com pão

Agora sim

Voa, fumaça

Corre, cerca

Ai seu foguista

Bota fogo

Na fornalha

Que eu preciso

Muita força

Muita força

Muita força

Oô…

Foge, bicho

Foge, povo

Passa ponte

Passa poste

Passa pasto

Passa boi

Passa boiada

Passa galho

De ingazeira

Debruçada

No riacho

Que vontade

De cantar!

Oô…

Quando me prendero

No canaviá

Cada pé de cana

Era um oficiá

Oô…

Menina bonita

Do vestido verde

Me dá tua boca

Pra matá minha sede

Oô…

Vou mimbora vou mimbora

Não gosto daqui

Nasci no Sertão

Sou de Ouricuri

Oô…

Vou depressa

Vou correndo

Vou na toda

Que só levo

Pouca gente

Pouca gente

Pouca gente…

O poema é composto por versos livres marcados pela oralidade, apontam o retrato de uma época do Brasil em que o trem de ferro, a saudosa Maria Fumaça, era um dos meios de transporte mais populares do nosso país. Esta notável composição foi escrita  em 1936 e é um dos mais consagrados trabalhos de Manuel Bandeira, por sua originalidade e escolha de termos que fazem parte do nosso cotidiano como o uso da expressão “café com pão ” que compõe a mesa de muitos brasileiros.

É importante ressaltar que no princípio da década de 30, o café, escolhido por Bandeira para figurar logo no princípio do poema, foi o produto de destaque na produção brasileira, sendo muito exportado, portanto não se trata de uma casualidade poética, mas sim uma forma de pontuar as configurações políticas e econômicas do nosso país.


QUESTÃO 1

Ao fazer a leitura silenciosa do poema, observe que a repetição dos versos da primeira estrofe dá ao leitor a impressão de que o trem está realmente em movimento. Repita a leitura em voz alta e responda: o movimento do trem é rápido ou lento? Justifique.

QUESTÃO 2

De acordo com os elementos poéticos, como é o trem retratado pelo poeta Manuel Bandeira? Ele é elétrico ou a vapor? Aponte um verso que justifique sua resposta.

QUESTÃO 3

O poema Trem de ferro de Manuel Bandeira retoma um vocabulário ligado à oralidade do povo brasileiro, aponte algumas expressões que indicam a nossa cultura ou mesmo regionalidade.

Manoel Bandeira esolheu o “café” para figurar o início do poema, pois

(A) na década de 30 foi o produto de destaque na produção brasileira.

(B) na década de 30 foi o produto de pouco destaque na produção brasileira.

(C) na década de 30 foi um dos produtos de destaque na produção brasileira.

(D) na década de 30 foi o produto sem nenhum destaque na produção brasileira.

SAIBA MAIS

Com o objetivo de abordar o poema: Trem de ferro de Manuel Bandeira , assista ao vídeo que menciona algumas particularidades sobre este grandioso trabalho da literatura brasileira.

CANAL REGINA CACIA “Trem de ferro, Manuel Bandeira” disponível:  <https://www.youtube.com/watch?v=3tmglGyVWak> acesso em 02 de dez. de 2022

Autoria:Regina Cácia
Formação:Letras – Língua Portuguesa
Componente Curricular: Língua Portuguesa
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EJALP0615) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação, os efeitos de sentido de elementos típicos da modalidade falada, como a pausa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e a expressão facial, as hesitações e outros.
Referências: BANDEIRA, Manuel 1886 – 1968.Antologia Poética. Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976, 8. ed. , p. 96.

ROCHA, João Cezar de Castro. Literatura e cordialidade: o público e o privado na cultura brasileira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998

TELES, Gilberto Mendonça. “A experimentação poética de Bandeira em Libertinagem e Estrela da manhã” In: LANCIANI, Giulia (Coord.). Libertinagem – Estrela da Manhã: Edição crítica. Espanha: ALLCA XX, p. 105-155, 1998.