Esta proposta de atividade de Língua Portuguesa é destinada aos estudantes do 6º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.
TREM DE FERRO – MANUEL BANDEIRA
Manuel Bandeira é considerado um dos poetas mais marcantes da primeira fase modernista, seu lirismo é marcado pelo língua coloquial, pela irreverência e pela liberdade criadora. Adepto do verso livre, Manuel Bandeira tem como característica especial o uso da musicalidade em seus versos, uma forma de aproveitar sons ligados ao cotidiano e a sonoridade das palavras. Um exemplo autêntico desta sonoridade viva entre a escolha vocabular é o poema Trem de ferro, veja:
Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô…
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô…
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente…
O poema é composto por versos livres marcados pela oralidade, apontam o retrato de uma época do Brasil em que o trem de ferro, a saudosa Maria Fumaça, era um dos meios de transporte mais populares do nosso país. Esta notável composição foi escrita em 1936 e é um dos mais consagrados trabalhos de Manuel Bandeira, por sua originalidade e escolha de termos que fazem parte do nosso cotidiano como o uso da expressão “café com pão ” que compõe a mesa de muitos brasileiros.
É importante ressaltar que no princípio da década de 30, o café, escolhido por Bandeira para figurar logo no princípio do poema, foi o produto de destaque na produção brasileira, sendo muito exportado, portanto não se trata de uma casualidade poética, mas sim uma forma de pontuar as configurações políticas e econômicas do nosso país.
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
Ao fazer a leitura silenciosa do poema, observe que a repetição dos versos da primeira estrofe dá ao leitor a impressão de que o trem está realmente em movimento. Repita a leitura em voz alta e responda: o movimento do trem é rápido ou lento? Justifique.
QUESTÃO 2
De acordo com os elementos poéticos, como é o trem retratado pelo poeta Manuel Bandeira? Ele é elétrico ou a vapor? Aponte um verso que justifique sua resposta.
QUESTÃO 3
O poema Trem de ferro de Manuel Bandeira retoma um vocabulário ligado à oralidade do povo brasileiro, aponte algumas expressões que indicam a nossa cultura ou mesmo regionalidade.
QUESTÃO 4
O verso que marcadamente expressa oralidade e coloquialismo é
(A) “Café com pão”
(B) “Virge Maria que foi isto maquinista?”
(C) “Agora sim”
(D) “Voa, fumaça”
QUESTÃO 5
Manoel Bandeira esolheu o “café” para figurar o início do poema, pois
(A) na década de 30 foi o produto de destaque na produção brasileira.
(B) na década de 30 foi o produto de pouco destaque na produção brasileira.
(C) na década de 30 foi um dos produtos de destaque na produção brasileira.
(D) na década de 30 foi o produto sem nenhum destaque na produção brasileira.
SAIBA MAIS
Com o objetivo de abordar o poema: Trem de ferro de Manuel Bandeira , assista ao vídeo que menciona algumas particularidades sobre este grandioso trabalho da literatura brasileira.
Autoria: | Regina Cácia |
Formação: | Letras – Língua Portuguesa |
Componente Curricular: | Língua Portuguesa |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EJALP0615) Analisar, em gêneros orais que envolvam argumentação, os efeitos de sentido de elementos típicos da modalidade falada, como a pausa, a entonação, o ritmo, a gestualidade e a expressão facial, as hesitações e outros. |
Referências: | BANDEIRA, Manuel 1886 – 1968.Antologia Poética. Rio de Janeiro: J. Olympo, 1976, 8. ed. , p. 96. ROCHA, João Cezar de Castro. Literatura e cordialidade: o público e o privado na cultura brasileira. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998 TELES, Gilberto Mendonça. “A experimentação poética de Bandeira em Libertinagem e Estrela da manhã” In: LANCIANI, Giulia (Coord.). Libertinagem – Estrela da Manhã: Edição crítica. Espanha: ALLCA XX, p. 105-155, 1998. |