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Língua Portuguesa – Olhos coloridos e o orgulho negro

Esta proposta de atividade de Língua Portuguesa é destinada aos estudantes do 4º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.


FONTE: Pixabay.com. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/racismo-preto-clows-est%C3%BAdio-5272763/ Acesso em 23/11/2023.

OLHOS COLORIDOS E O ORGULHO NEGRO

Quando uma poesia é escrita ou mesmo uma canção é composta destacam-se elementos, situações ou histórias que dão origem ao discurso. Muitas vezes uma música vai além de seus ritmos melodiosos e muitas vezes um poema vai além de seus versos, há na grande maioria das composições poéticas contextos que anunciam problemas sociais e em tons metafóricos fazem denúncias como o racismo, intimidação e o preconceito.

 Os inúmeros relatos de racismo ainda inundam a nossa história, e muito se engana quem acredita que o povo brasileiro com toda a sua miscigenação esteja livre de atitudes preconceituosas. Nas décadas de setenta e oitenta os grandes timbres musicais embalavam a Black music, e uma canção popular merece destaque por sua letra porque antes de seu ritmo ela é considerada um hino de resistência e orgulho negro trata-se de “Olhos coloridos” originalmente escrita por Osvaldo Rui da Costa, mais conhecido como Macau que no ano de 1974 foi vítima de um crime racial por simplesmente dizer a verdade a um oficial: “o sangue que corre nas minhas veias é o mesmo que o seu”. Conheça agora a letra da Música que ganhou grande repercussão e notoriedade na voz da cantora Sandra de Sá.

Olhos coloridos

Os meus olhos coloridos

Me fazem refletir

Eu estou sempre na minha

E não posso mais fugir

Meu cabelo enrolado

Todos querem imitar

Eles estão baratinados

Também querem enrolar

Você ri da minha roupa

Você ri do meu cabelo

Você ri da minha pele

Você ri do meu sorriso

A verdade é que você

Tem sangue crioulo

Tem cabelo duro

Sarará crioulo

Sarará crioulo (sarará crioulo)

Macau. Olhos coloridos. in: Sandra de Sá. RGE discos: 1982.

  Composta a partir de um vocabulário simples que se eleva pelo tom coloquial, a canção apresenta os versos desencadeados em um dialogismo evidente de um ser que é profundamente humilhado por sua roupa, por sua pele, por seu sorriso e por seu cabelo. No entanto segue seu discurso desafiando o interlocutor sobre a verdade de seu sangue que é crioulo, e repetindo no refrão “Sarará crioulo…” como um hino mencionando não apenas a sua identidade, mas a identidade de todos os brasileiros. O discurso de orgulho negro ganha impacto sobre a força da imposição, no tocante de apontar uma história triste sobre preconceito racial que não deve e não pode se calar.

 Assim como o compositor Macau muitos brasileiros devem atravessar situações desoladoras que envolvem a questão da raça e da cor que emanam em ditos populares e desencadeia em discursos de ódio e intolerância que para muitos se revelam como traumas, perdas e até mesmo a morte.

Faz-se urgente a reformulação de valores que destaquem uma conscientização de que já não existe mais branco ou negro, pois historicamente somos o resultado de uma mistura de raças. Apesar do seu distanciamento temporal de quase meio século a canção é reconhecida popularmente como uma melodia dançante e repleta de verdades sociais que muita gente desconhece.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

Tomada por simplicidade e dinamismo, a canção evidencia o preconceito. No entanto há marcas de coloquialismo, aponte a alternativa que faz uso da linguagem informal:

(A) “Meu cabelo enrolado”

(B) “E não posso mais fugir”

(C) “Eu estou sempre na minha”

(D) “Eles estão baratinados”

QUESTÃO 2

Repensando os conceitos de raça e etnia, você conhece o significado da expressão “Sarará crioulo”? Faça um breve comentário sobre a sua origem.

QUESTÃO 3

No término da canção uma verdade se revela de forma literal como a verdade do episódio vivido por seu compositor. Que verdade é essa?

QUESTÃO 4

Aponte a opção abaixo em que se configura-se como injúria racial, ou mesmo ofensa por discriminação:

(A) “Todos querem imitar”

(B) “Você ri da minha roupa”

(C) “Você ri da minha pele”

(D) “Eles estão baratinados”

QUESTÃO 5

Observe os versos abaixo para responder a questão:

“Você ri da minha roupa

  Você ri do meu cabelo

  Você ri da minha pele

  Você ri do meu sorriso”

Nesta sequência de versos observa-se a repetição exaustiva de uma pessoa que ri, no entanto, este riso revela:

(A) alegria

(B) indiferença

(C) irreverência

(D) depreciação


Autoria:Regina Cácia
Formação:Letras – Língua Portuguesa
Componente Curricular:Língua Portuguesa
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EJALP0402) Ampliar repertório a partir da escuta de discursos de diferentes esferas discursivas, com o propósito de formular questionamentos e comentários crítico–reflexivos
(EJALP0403) Compreender as características da conversação espontânea presencial, respeitando os turnos de fala, selecionando e utilizando, durante a conversação, formas de tratamento adequadas, de acordo com a situação e a posição do interlocutor  
(EJALP0404) Discutir aspectos relacionados à classe social, ao gênero e à raça, bem como a origem social e regional e capacidades funcionais para a compreensão da realidade  
Referências bibliográficas:CULLER, J. Teoria Literária: uma introdução. São Paulo: Beca, 2001.

CUNHA, H. P. Os gêneros literários. In: Portela, E. Teoria Literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976, p.93-131  

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.  

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Orgs.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.