Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 6ª Série da Eaja.
A aula de hoje abordará o contexto de produção das palavras. Quando precisamos escrever ou mesmo falar de maneira mais elaborada, é necessário cuidar do nosso vocabulário, conhecer adequadamente o significado de uma palavra e acima de tudo conhecer também a nossa intenção de fala/escrita. A Língua Portuguesa por excelência apresenta uma gama infinita de palavras que ganham novos significados (a polissemia), dependendo do tempo e do lugar, assumem uma nova roupagem. Este vocabulário plurissignificativo muitas vezes dificulta a compreensão por isso é importante conhecer o contexto social antes de usar uma palavra.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – O significado das palavras e o contexto de produção.
O significado das palavras e o contexto de produção
Hoje, iremos conhecer a polissemia e a ambiguidade, fenômenos linguísticos que atuam diretamente nos significados das palavras, tornando-as duplas ou múltiplas em seus sentidos e contexto. Por isso antes de usar uma palavra é necessário conhecer as intenções do locutor e do interlocutor, para que não haja atropelos ou mal entendidos de comunicação. Vejamos:
A polissemia
Compare este par de enunciados:
O trabalhador cozinhava uma sopa de legumes.
A prova de Matemática foi uma sopa.
Observe que a palavra sopa apresenta sentidos diferentes nos dois enunciados: “caldo com carnes, legumes, massas, alimento, no primeiro. E coisa que se pode resolver com facilidade no segundo. Apesar disso, há entre elas um sentido comum: “mole”. Portanto quando uma palavra apresenta mais de um sentido, dizemos que ela é polissêmica. Sendo assim a polissemia é a propriedade que uma palavra tem de apresentar vários sentidos.
Ambiguidade
Observe a oração abaixo:
O gato do meu vizinho subiu exuberante outra vez no meu telhado.
A palavra gato permite um duplo entendimento, que não é fácil esclarecer. Podemos entender que o gato é um animal de estimação e pertence ao vizinho, como também podemos entender que o vizinho por ser um homem atraente é o próprio “gato” que está novamente no telhado. Portanto a ambiguidade é a duplicidade de sentidos que pode haver em um enunciado causada pelo emprego de uma palavra, gerando assim uma dupla interpretação.
Ambiguidade como problema de construção
A palavra gato como exemplo visto anteriormente, é uma pratica indesejável de ambiguidade, pois ela prejudica a clareza do enunciado como a finalidade de um texto. Diferentemente da linguagem oral, que conta com certos recursos para tornar o sentido preciso – os gestos, a expressão corporal ou facial, a repetição. A linguagem escrita conta apenas com as palavras, por isso temos que emprega-las adequadamente se desejarmos que os textos que produzimos tenham clareza e precisão.
Ambiguidade como recurso de construção
A ambiguidade é utilizada com frequência como recurso de expressão em textos poéticos, publicitários e humorísticos, em quadrinhos e anedotas como técnica de construção e aprimoramento textual, deixando o texto mais leve e descontraído.
A ambiguidade a polissemia juntas podem atribuir novos horizontes, na arte, em especial na literatura podem ser vistas como aliadas, como no renomado poema de Carlos Drummond de Andrade, intitulado: “O Caso do vestido”, vejamos um trecho:
Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós,
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
(…)
(Trecho do texto “Caso do vestido” extraído do livro “Nova Reunião – 19 livros de Poesia”, José Olympio Editora – 1985)
A polissemia está presente no termo “caso”, do qual se desenvolve as ações e a escuta das personagens. O relato da mãe que perde o marido para a distinta dono do vestido. Sendo assim o caso contado pela mãe que envolve o vestido, e o caso relatado no poema de quem lê a história. O poema ainda vai além nas sequências temporais, o tempo do relato da mãe e o tempo de escuta das filhas.
ATIVIDADES
Questão 01 – ACESSE O LINK E ASSISTA AO VÍDEO: O que são palavras polissêmicas?
Você observou que muitas palavras da Língua Portuguesa são igualmente escritas, mas que dependendo do contexto, apresentam significados diferentes. Faça uma pequena seleção de algumas palavras que você já conhece e descobriu nesta aula que elas podem ser polissêmicas. Vamos lá!
Questão 02 – Faça a leitura do poema “Caso do vestido” de Carlos Drummond de Andrade: Para isso acesse o link:
http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet194.htm
Após a leitura da leitura do poema em sua íntegra, observe que a palavra vestido faz alusão, gerando ambiguidade com a palavra segredo. Veja se é possível encontrar outros elementos que também fazem referência a palavra segredo.
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | LÍNGUA PORTUGUESA (EAJALP0627) Realizar procedimentos de leitura (antecipação, inferência, checagem). (EAJALP0642) Observar as marcas da norma-padrão e coloquialidade, de acordo com as condições de produção do gênero textual. (EAJALP0647) Salientar as condições sócio-históricas dos diversos argumentos apresentados |
Referências: | Trecho do texto “Caso do vestido” extraído do livro “Nova Reunião – 19 livros de Poesia”, José Olympio Editora – 1985 |