Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 7ª Série da Eaja.
A aula de hoje abordará o texto poético, de que forma sua escrita e redação interferem em nossa sociedade? Seus objetivos principais e suas características.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – O gênero poético e o eu lírico: A função social presente na poesia de Carlos Drummond de Andrade.
A função social presente na poesia de Carlos Drummond de Andrade
Hoje, iremos estudar a poesia de Carlos Drummond de Andrade foi poeta, contista e cronista brasileiro do período do modernismo. Considerado um dos maiores escritores do Brasil, Drummond fez parte da segunda geração modernista. Foi precursor da chamada “poesia de 30” com a publicação da obra “Alguma Poesia”.
Apresenta uma poesia concreta, objetiva e com linguagem mais popular. O autor incentiva a liberdade para escrever, como muitos modernistas do seu tempo, e dá um tom ácido aos seus escritos com versos irônicos e sarcásticos.
Nascido em Itabira, Minas Gerais, Carlos Drummond de Andrade foi estudar na capital do estado. Para completar os estudos, mudou-se para Nova Friburgo. Mas, ao ser expulso do Colégio Anchieta por “insubordinação mental”, voltou a Minas. Foi em Belo Horizonte que teve sua primeira experiência como escritor. Em 1921, escreveu para o “Diário de Minas”, onde ocupou o cargo de redator-chefe.
No ano de 1925, casou-se com Dolores Dutra de Morais, teve Maria Julieta Drummond de Andrade. O primeiro livro foi “Alguma poesia”, publicado em 1930, e um dos poemas mais famosos do autor foi publicado na “Revista de Antropofagia” em 1928, “No meio do caminho”. Em seus poemas, Drummond falava com orgulho da terra natal e falava de sentimentos de angústia em relação ao futuro. Devido à importância do poeta na literatura nacional, uma estátua foi colocada em um banco da Praia de Copacabana, bairro em que viveu muitos anos no Rio de Janeiro. Muito apegada à filha, Carlos Drummond morreu 12 dias depois desta.
Nesta aula vamos conhecer um trecho do poema “José” publicado originalmente em 1942, na coletânea Poesias e musicado pelo cantor e compositor pernambucano de Samba Rock/Soul, Paulo Diniz, em 1972, no álbum “E Agora José?”. Ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo na cidade grande, a sua falta de esperança e a sensação de que está perdido na vida, sem saber que caminho tomar.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
(…) Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond14.htm – acessado em 08/06/2021.
Começa por colocar uma questão que se repete ao longo de todo o poema, se tornando uma espécie de refrão e assumindo cada vez mais força: “E agora, José?”. Agora, que os bons momentos terminaram, que “a festa acabou”, “a luz apagou”, “o povo sumiu”, o que resta? O que fazer? Esta indagação é a procura de um caminho, de um sentido possível. José, um nome muito comum na língua portuguesa, pode ser entendido como um sujeito coletivo, metonímia de um povo. Quando o autor repete a questão, e logo depois substitui “José” por “você”, podemos assumir que está se dirigindo ao leitor, como se todos nós fossemos também o interlocutor.
É um homem banal, “que é sem nome”, mas “faz versos”, “ama, protesta”, existe e resiste na sua vida trivial. Ao mencionar que este homem é também um poeta, Drummond abre a possibilidade de identificarmos José com o próprio autor. Coloca também um questionamento muito em voga na época: para que serve a poesia ou a palavra escrita num tempo de guerra, miséria e destruição?
Ao final o emprego do verbo “marchar”, uma das últimas imagens que Drummond imprime no poema, parece ser muito significativo na própria composição, pelo movimento repetitivo, quase automático. José é um homem preso à sua rotina, às suas obrigações, afogado em questões existenciais que o angustiam. Faz parte da máquina, das engrenagens do sistema, tem que continuar suas ações cotidianas, como um soldado nas suas batalhas diárias.
Atividade
ATIVIDADE 1
O poema “José” traz muitos conceitos inovadores da nossa sociedade contemporânea, de um homem sem tempo e sem perspectivas, para saber mais acesse o link e assista ao vídeo: E Agora, José? – Clipe e Música da poesia de Carlos Drummond de Andrade.
ATIVIDADE 2
Para conhecer mais sobre o poema “José” e a obra de Carlos Drummond de Andrade acesse o link: https://www.culturagenial.com/poema-e-agora-jose-carlos-drummond-de-andrade/
Após a leitura você irá perceber que o lirismo e a poesia de Carlos Drummond de Andrade se enquadra em qualquer tempo, sendo considerado como poeta atemporal, suas inquietações e preocupações sociais são semelhantes as nossas, as crises financeiras, as incertezas do amanhã e as questões emocionais. Faça uma breve observação no seu cotidiano e veja quantos “Josés” você conhece?
ATIVIDADE 3 – Integração com Arte
Converse com os seus amigos e familiares, observe quantas reflexões sociais, culturais e econômicas podemos tirar do indivíduo “José” criado por Carlos Drummond de Andrade, você acredita que as inquietações de “José” são válidas ou tudo são apenas rimas?
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | LÍNGUA PORTUGUESA (EAJALP0718) Apreciar e compreender a função do eu lírico na poesia. (EAJALP0627) Realizar procedimentos de leitura (antecipação, inferência, checagem). (EAJALP0736) Produzir textos poéticos utilizando rima, métrica e ritmo. ARTE (EAJAAR0740) Estimular o olhar crítico-reflexivo acerca de elementos sócio- histórico-culturais presentes nas Artes que suscitam debates e reflexões acerca dos padrões de corpo, estereótipos, diversidade (cultural, religiosa e etc), acessibilidade e direitos humanos. |
Referências: | Carlos Drummond de Andrade recita “José. Site Alguma Poesia, Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond14.htm – acessado em 08/06/2021. |