Esta proposta de atividade de Língua Portuguesa é destinada aos estudantes do 6º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.
NAVIO NEGREIRO – CASTRO ALVES
Navio Negreiro é uma obra literária ligada a cenário histórico extremamente cruel, a escravidão. Colocada como pano de fundo para estudos históricos e análises literárias, a referida obra segue seu propósito com inúmeras metáforas e hipérboles que retomam a severa chegada de homens, mulheres e crianças à terra brasileira por meio do tráfico de pessoas durante o período de colonização. Considerada como uma das obras mais conhecidas de Castro Alves, poeta brasileiro (1847-1871), um dos grandes nomes do Romantismo, ficou conhecido como “o poeta dos escravos”.
Escrito em 1868, em uma época em que a escravidão ainda era uma realidade brutal no Brasil, “O Navio Negreiro” é um poema que descreve de forma intensa e dramática as atrocidades cometidas contra os africanos trazidos como escravos para as Américas. Castro Alves, com sua obra, se coloca como um dos grandes defensores da abolição. Veja agora um trecho da referida obra:
Era um sonho dantesco… o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais …
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia…”
O poema é composto por seis partes (ou cantos) e utiliza uma linguagem repleta de imagens poéticas para descrever o horror das viagens dos escravos africanos nos porões dos navios negreiros, chamados também de “tumbeiros”. O poema começa com uma descrição aparentemente calma do mar e do navio, mas à medida que avança, revela-se o cenário de horror vivido pelos escravos.
Considerado como um poema heroico, “Navio negreiro” apresenta um tom grandiloquente pois faz uso de estilo grandioso e emotivo, característico do período romântico, nele Castro Alves utilizou imagens fortes e uma linguagem rica em metáforas para provocar uma reação emocional no leitor.
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
Que figuras de linguagem são usadas por Castro Alves para expressar a dor e a miséria dos escravos? Cite e explique pelo menos duas.
QUESTÃO 2
O poema “Navio Negreiro” aborda a escravidão de maneira direta e impactante. Responda:
a) Qual é a principal crítica de Castro Alves em relação à escravidão? Como essa crítica é expressa ao longo do poema?
b) Discuta a importância histórica e social do poema “Navio Negreiro” no contexto do movimento abolicionista no Brasil.
QUESTÃO 3
O poema “Navio Negreiro” é considerado um marco na literatura brasileira por
(A) ser o primeiro poema épico escrito no Brasil.
(B) retratar a vida dos colonizadores portugueses.
(C) sua intensa crítica social e denúncia da escravidão.
(D) ser uma obra que promoveu a imigração africana.
QUESTÃO 4
No trecho “Era um sonho dantesco… o tombadilho / Que das luzernas avermelha o brilho”, a figura de linguagem é empregada na expressão “sonho dantesco” é
(A) metáfora.
(B) hipérbole.
(C) comparação.
(D) aliteração.
Autoria: | Regina Cácia |
Formação: | Letras – Língua Portuguesa |
Componente Curricular: | Língua Portuguesa |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EJALP0618) Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção |
Referências: | ALVES, Castro. “O navio negreiro”. In: Os escravos. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1977 BOSI, Alfredo. Cultura brasileira e culturas brasileiras. In: ______ (Org.). Dialética da colonização. 4. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade, vol. 3. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1965. CUNHA, Fausto. “Castro Alves”. In: A literatura no Brasil. (org.) Afrânio Coutinho e Eduardo de Faria Coutinho, vol. 3, 3ª edição, Rio de Janeiro: UFF, 1983. |