Olá! Esta aula de Língua Portuguesa é destinada a educandos da 8ª Série da Eaja.
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A aula de hoje abordará a crônica de humor, refinada e próxima do cotidiano, esta modalidade textual faz um recorte do fato aliado a uma situação desconcertante, colocado a narrativa num tom irreverente e muitas vezes irônico, com linguagem simples a crônica apresenta poucos personagens e um enredo leve.
Assista a videoaula abaixo, com a temática – Língua Portuguesa – A crônica de humorística e seus traços de ironia.
A crônica de humorística e seus traços de ironia
Hoje, iremos estudar a crônica humorística, trata-se de um gênero narrativo muito difundido pelos meios de comunicação, capaz de fazer um reflexo invertido de nossa sociedade, um desenho caricatural dos nossos valores e representatividades, tornando-se próxima do leitor pois esta modalidade textual é um texto breve e fácil de ler, e claro como toda boa crônica faz uso de fatos ligados ao cotidiano.
A crônica humorística utiliza a ironia, o humor e o sarcasmo para tratar assuntos que impactam a sociedade, como por exemplo, política e economia. O uso da ironia, de comparações inusitadas ou a utilização de temas cômicos são algumas das técnicas usadas pelos cronistas. Para atingir esse grau de comédia, cada cronista adota um estilo particular – há aqueles que usam da ironia para marcar sua linguagem, há outros que abordam assuntos cômicos por natureza, ou ainda os cronistas que constroem discursos engraçados por meio de associações inusitadas.
Para ilustrar de forma grandiosa escolhemos como exemplo de crônica humorística, o renomado texto de Luis Fernando Veríssimo, a crônica: O homem trocado. Vamos conhecer agora uma série de enganos que motivaram o enredo da crônica, prepare-se para muitos risos, pois são muitas trocas e cada uma mais imprevisível do que a outra.
O homem trocado – Crônica de Luis Fernando Veríssimo
O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
– Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.
– Eu estava com medo desta operação…
– Por quê? Não havia risco nenhum.
– Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos…
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
– E o meu nome? Outro engano.
– Seu nome não é Lírio?
– Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
– Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
– O senhor não faz chamadas interurbanas?
– Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram felizes.
– Por quê?
– Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico dizer:
– O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma simples apendicite.
– Se você diz que a operação foi bem…
A enfermeira parou de sorrir.
– Apendicite? – perguntou, hesitante.
– É. A operação era para tirar o apêndice.
– Não era para trocar de sexo?
Apesar do enredo simples e com apenas dois personagens, desenrola-se o diálogo, a referida crônica aponta problemas de ordem moral e social que de forma improvável podem surpreender a vida de qualquer pessoa, mas para a personagem principal a sucessão de enganos e trocas são quase naturais ou mesmo parecem adequadas a ela e a sua condição de vida.
A partir do diálogo travado com a enfermeira o texto ganha um fluxo de equívocos, são fatos tão absurdos que nos levam a achar graça e sentir compaixão pelo personagem central. Note que cada um desses “enganos” atua como pequenas anedotas na narrativa. Uma palavra importante para a compreensão do caráter cômico do texto é “desenganado”, que é falada com o sentido de “condenado à morte”, mas pode ser entendida também como se tivesse o poder de “desfazer os enganos” que ocorreram na vida do homem.
Atividades
Questão 01 – A crônica de Luis Fernando Veríssimo faz uso de elementos geradores de humor, dentre eles as inúmeras trocas e enganos na vida da personagem. Em sua opinião, mencione o engano mais engraçado da narrativa.
Questão 02 – Após esta aula, você já deve ter observado que as crônicas humorística fazem um aproveitamento de situações do cotidiano, no caso da crônica: O homem trocado o ambiente hospitalar foi o espaço escolhido para o escritor desenvolver toda a sua comicidade. Prepare-se, agora chegou a sua vez! Você o autor da crônica e vai escolher um novo espaço para narrativa. Então que espaço seria o ideal para construir uma crônica de humor?
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EAJALP0715) Identificar os elementos da narrativa: espaço, tempo, personagens, conflito, clímax, foco narrativo, desfecho. (EAJALP0735) Engajar-se na escrita e reescrita dos gêneros literários: narrativo e dramático. |
| Referências: | Luis Fernando Veríssimo recita “O homem trocado”. Site: Conto brasileirohttps://contobrasileiro.com.br/o-homem-trocado-cronica-de-luis-fernando-verissimo/ acessado em 05/10/2021 |