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História – Memória individual e coletiva

Esta proposta de atividade de História é destinada aos estudantes do 4º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.


Memória individual e coletiva

Veja esta situação:

Imaginemos uma menina de 15 anos que esteja no seu baile de debutantes… Vestida de branco, emocionada, ela vive um momento muito especial. Música, amigas, um possível namorado, comida e muitos fatos para guardar e comentar. A festa é densamente fotografada e filmada. Passados dez anos, nossa protagonista ficcional chegou aos 25. Ela olha os filmes e as fotos e pode vir a considerar tudo de extremo mau gosto. Abrindo o álbum…, poderia dizer: ‘Por que não fiz uma viagem com esse dinheiro?’. Passado mais meio século do baile, eis nossa personagem aos 65 anos. Já de cabelos brancos, ela abre o álbum amarelado e comenta com seus netos: ‘Olhem como eu era bonita! Que noite maravilhosa foi aquela’

KARNAL, 2007, p. 7-8.

Memória individual

Esta é uma história criada pelo historiador e professor Leandro Karnal para falar da memória.

Repare que houve um acontecimento: o baile de debutantes. Mas a memória para ele vai se transformando conforme a realidade do presente traz novas reflexões e imperativos. Essa é uma característica importante da forma como a memória lida com o passado, nela estão em jogo significados construídos sobre os acontecimentos. Esses significados mudam.

Memória coletiva

Veja estas imagens:

Congresso Nacional do Brasil. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Congresso_do_Brasil.jpg> acesso em 22, mai. 2023.
Monumento às Bandeiras de Victor Brecheret. Foto: Cecilia Bastos/Jornal da USP. Disponível em: <https://imagens.usp.br/editorias/arquitetura-categorias/monumento-as-bandeiras-de-victor-brecheret/attachment/monumentos-as-bandeiras_-victor-brecheret-008-12-foto-cecilia-bastos-48/> acesso em 22, mai. 2023.
Cristo Redentor. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cristo_Redentor_12.JPG> acesso em 22, mai. 2023.

Cada uma, a seu modo, nos remete ao Brasil. Cada monumento é parte de um conjunto de símbolos que nos dizem o que é o Brasil. Assim como o álbum de fotografia é um suporte que ajuda uma pessoa a lembrar o seu passado, esses monumentos são parte do acervo que guardam a memória coletiva. Ela, por sua vez, nos diz quem somos enquanto grupo.

Na memória coletiva, a construção de significados sobre os acontecimentos é bem mais complexa, está ligada às lutas políticas, sociais e culturais entre os diversos grupos sociais. Vejamos este exemplo:

Estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo. Disponível em: <https://desciclopedia.org/wiki/Est%C3%A1tua_de_Borba_Gato#/media/Arquivo:Borbahubble.jpg> acesso em 22, mai. 2023.

As imagens 4 e 5 são da estátua do bandeirante Borba Gato, construída no ano de 1963, no bairro de Santo Amaro, zona sul de São Paulo. No dia 24 de julho de 2021, o grupo de ativistas Revolução Periférica ateou fogo à estátua.

Foi uma forma de protesto. Para o grupo, o bandeirante Borba Gato matou e escravizou milhares de indígenas. Um monumento homenageando um escravagista é uma forma de perpetuar a memória do extermínio dos povos indígenas legitimando a discriminação contra eles.

Em disputa está a memória sobre os bandeirantes. Eles foram transformados em heróis paulistas no início do século XX. Mas esta narrativa desconsiderou a perspectiva dos povos indígenas escravizados e dizimados pelos bandeirantes.

A memória coletiva é um campo de construção de significados dos acontecimentos, o que envolve uma constante disputa entre os grupos sociais, edificação e destruição de monumentos públicos que nos dizem quem somos como grupo.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

Faça uma lista dos monumentos públicos de sua cidade: estátuas, bustos, obeliscos, etc. Identifique quem são os homenageados por eles.

QUESTÃO 2

Escolha o monumento que você achou mais interessante e faça uma pesquisa. Procure informações sobre o monumento e sobre o homenageado.

QUESTÃO 3

Qual a diferença entre memória individual e memória coletiva?

(A) A individual refere-se à memória de cada um, já a coletiva é a memória da sociedade.

(B) A individual refere-se à memória da sociedade, já a coletiva é a memória de cada um.

(C) A memória individual refere-se aos monumentos públicos, já a coletiva ao álbum fotográfico.

(D) A memória vai se transformando à medida que o presente traz novas reflexões e imperativos.

QUESTÃO 4

No dia 24 de julho de 2021, o grupo de ativistas Revolução Periférica colocou fogo numa estátua do bandeirante Borba Gato. O que motivou esse ato foi:

(A) Um ato de vandalismo somente que tinha o objetivo de sujar a estátua.

(B) Um protesto pedindo a desinterdição da rua que a estátua causava.

(C) Um protesto contra a perpetuação da memória dos bandeirantes como heróis nacionais.

(D) Uma revolta contra o preço das passagens do transporte público urbano.

Saiba mais

Memória

Canal Anísio Filho “Memória”. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QzPGC5bbyiI> acesso em 07, abr. 2022.

Autoria:Anísio José Pereira Filho
Formação:História
Componente Curricular:História
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento:(EAJAHI0508) Compreender o conceito de Memória (individual, coletiva e histórica).
Referencial teórico:BRASIL de Fato. Fogo na estátua do Borba Gato. Publicado em 24, jul. 2021. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2021/07/24/fogo-na-estatua-do-borba-gato-video-mostra-grupo-revolucao-periferica-iniciando-o-incendio> acesso em 04, abr. 2022.
KARNAL, Leandro (Org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 5. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
MERCIER, Daniela. Estátua de Borba Gato, símbolo da escravidão em São Paulo, é incendiada por ativistas. Publicada em 24, jul. 2021. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2021-07-24/estatua-do-borba-gato-simbolo-da-escravidao-em-sao-paulo-e-incendiada-por-ativistas.html> acesso em 04, abr. 2022.
VEIGA, Edison. Como os bandeirantes, cujas homenagens hoje são questionadas, foram alçados a ‘herois paulistas’. Publicado em 20, jun. 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-5311 6270> acesso em 04, abr. 2022.