Esta proposta de atividade de História é destinada aos estudantes do 5º Período da Educação de Jovens e Adultos-EJA
IRMANDADES NEGRAS
A população escravizada no Brasil encontrou várias formas de resistência à sua escravização pelos europeus. Um exemplo são as irmandades, associações formadas por pessoas pretas em torno da devoção católica a um santo. Uma das mais populares é a irmandade de Nossa Senhora do Rosário.
Além da religião
As irmandades do Rosário, assim como as de outras devoções, comumente, eram focadas não só na devoção a Maria, mas também no cuidado com o corpo, nos preparativos de enterros e nas preces destinadas à alma após a morte. Também articulavam ações de caridade e constituíam redes de ajuda mútua que serviam de apoio principalmente para os africanos recém-chegados ao Brasil.
Antes do Brasil
A primeira confraternidade de africanos em Lisboa foi fundada no século XV. Há registro de pelo menos nove irmandades de negros escravizados e livres em Portugal, no século XVI.
À medida que os portugueses desciam a costa africana, dominicanos e jesuítas disseminavam as irmandades tornando-as populares entre os negros. Ao longo dos séculos XVI e XVII, várias delas foram criadas na ilha de São Tomé, em Moçambique e Angola.
Assim, muitos escravizados chegaram ao Brasil já familiarizados com o rosário.
No Brasil
No século XVI, as irmandades do Rosário eram tidas pela Coroa portuguesa e pela Igreja Católica como instrumento de conversão de escravizados.
Em 1552, missionários jesuítas já haviam estabelecido confrarias em Pernambuco; na década de 1570, o rei decretou que os dízimos coletados das igrejas dos negros fossem revertidos para suas próprias igrejas e irmandades; em 1586, um visitante jesuíta ordenou que irmandades do Rosário fossem criadas para índios e negros. Oficiais coloniais permitiram às irmandades do Rosário eleger reis e rainhas, juízes e juízas negras (KARASCH, 2018).
Em Goiás
A primeira irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi criada por volta de 1730, em Vila Boa (Cidade de Goiás). Em 1736, a irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte (Pirenópolis) ergueu uma capela. (KARASCH, 2018).
Irmandades do Rosário também foram fundadas em
Bonfim (1791), Carmo, Crixás (1777), Natividade (1786), Pilar (1762), Santa Luzia (1769), e São José do Tocantins (Niquelândia) em 1762
KARASCH, 2018, p.190-1.
Estrutura
As irmandades dos pretos no Brasil tinham muitos oficiais, inclusive mulheres. A mesa era composta por rei e rainha, juiz e juíza, escrivão, tesoureiro e procurador. Não havendo oficiais alfabetizados, homens brancos podiam participar.
A mesa era composta por doze a vinte e quatro membros eleitos anualmente.
Em alguns casos, metade da mesa era formada por mulheres. As mulheres desempenhavam um papel significativo: contribuíam com recursos financeiros, organizavam festivais, cuidavam dos enfermos, eram responsáveis pela caridade.
O ingresso
Para se associar a uma irmandade era preciso pagar uma taxa referente ao ingresso, fazer uma doação anual, casar-se na igreja e ter boa conduta. A maioria das irmandades de pretos aceitavam africanos e crioulos.
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
As irmandades do Rosário eram tidas pela Coroa portuguesa e pela Igreja Católica como instrumento de conversão de escravizados, no Brasil do século XVI.
Em 1552, missionários jesuítas já haviam estabelecido confrarias em Pernambuco; na década de 1570, o rei decretou que os dízimos coletados das igrejas dos negros fossem revertidos para suas próprias igrejas e irmandades; em 1586, um visitante jesuíta ordenou que irmandades do Rosário fossem criadas para índios e negros.
Marque a alternativa correta considerando o texto acima.
(A) Os negros foram proibidos de criarem irmandades, no século XVI, no Brasil.
(B) As irmandades negras eram vistas com desconfiança pelos donos de escravos.
(C) Os negros já conheciam irmandades antes mesmo de chegarem ao Brasil.
(D) A Coroa portuguesa e a Igreja Católica incentivavam as irmandades negras.
QUESTÃO 2
Além da devoção a um santo, as irmandades também visavam satisfazer outras necessidades dos escravizados. Marque a alternativa que contém uma dessas necessidades.
(A) Providenciar moradia.
(B) Cuidado com o corpo.
(C) Escapar da vigilância.
(D) Cultuar deuses africanos.
QUESTÃO 3
Por que as irmandades podem ser entendidas como uma forma de resistência à escravidão pelos negros?
QUESTÃO 4
De que forma as mulheres participavam das irmandades negras?
Autoria: | Anísio José Pereira Filho |
Formação: | História |
Componente Curricular: | História |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EJAHI0524) Conhecer as diversas formas de resistência dos escravizados. |
Referencial teórico: | KARASCH, Mary. Construindo comunidades: as irmandades dos pretos e pardos. In: ARRAIS, Cristiano Alencar. SANDES, Noé Freire (Orgs.). A história escrita: percursos da historiografia goiana. Goiânia: Gráfica UFG, 2018. |