Esta proposta de atividade de História é destinada aos estudantes do 6º período da Educação de Jovens e Adultos – EJA
IMPACTOS DO COLONIALISMO SOBRE A ÁFRICA
No século XIX, a expansão do capitalismo industrial criou demandas por novos mercados, mão-de-obra barata e matérias-primas. Como solução para tais demandas, as potências europeias colocaram em prática o projeto imperialista de colonização de territórios na África e na Ásia.
Na África, o grande marco desse projeto foi a Conferência de Berlim, ocorrida em 1885. A colonização europeia produziu impactos de toda ordem. Um dos mais importantes se deu no campo do conhecimento. Criou-se uma visão sobre a África que apaga a grande diversidade cultural.
A homogeneização do heterogêneo
O continente africano reúne um conjunto enorme de culturas, economias, formas de viver e ecologias. A ideia de unidade associada a ele foi uma invenção do imperialismo europeu.
O solo africano abriga uma grande quantidade de povos, cada um constituindo uma etnia, que formavam também unidades políticas diferentes. As potências europeias dividiram entre si o território tendo por base as suas concepções de unidade política – o país.
O filósofo ganês Anthony Appiah mostra o impacto político dessa distribuição geográfica:
“Em quase todos os lugares… os novos Estados reuniram povos que falavam línguas diferentes, tinham tradições religiosas e noções de propriedade diferentes e, em termos políticos…, tinham graus diferentes de integração – muitas vezes radicalmente diversos. No fim da descolonização europeia… nem mesmo os Estados com as populações mais diminutas, de modo geral, eram etnicamente homogêneos”
(APPIAH, 1997, p. 226).
O resultado
Essa situação criou uma instabilidade política duradoura nos países africanos depois da descolonização.
A Grã-Bretanha mantinha governos autóctones utilizando as estruturas dos Estados pré-coloniais existentes. Na medida do possível, permitia que as elites tradicionais fizessem valer os costumes que fossem compatíveis com as práticas tradicionais britânicas.
O resultado foi que nos lugares onde haviam estruturas estatais pré-coloniais sólidas, muitas elites locais não ficaram satisfeitas em submeter-se aos novos Estados independentes. Em alguns lugares, como na Nigéria, houve guerra civil.
Já a política colonial francesa esteve voltada para a construção de uma elite mais homogênea. Não concedia poderes a governos pré-coloniais nem mesmo ensinava as línguas nativas nas escolas. Mas isso também não foi suficiente para se produzir a estabilidade política dos Estados independentes.
Uma visão preconceituosa
Segundo Appiah, no século XIX, formou-se um modo de ver a África a partir da noção de raça que os europeus tinham, sendo assimilada pelos próprios africanos e constituindo um dos fundamentos do pan-africanismo.
“… Os povos da África têm muito menos em comum, culturalmente, do que se costuma supor… O que os negros do Ocidente… mais têm em comum é o fato de serem percebidos – por eles mesmos e pelos outros – como pertencendo a uma mesma raça, e de essa raça comum ser usada pelos outros como fundamento para discriminá-los”
(APPIAH, 1997, p. 38).
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
Texto 1: O continente africano reúne um conjunto de culturas, economias e ecologias muito variadas, entretanto, quatro nações europeias – Grã-Bretanha, França, Portugal e Bélgica – construíram a geografia da África contemporânea.
Texto 2:
O texto 1 e o texto 2 tratam, com linguagens diferentes, de um mesmo impacto causado pelo imperialismo europeu na África. Qual é esse impacto?
(A) A valorização da diversidade cultural africana.
(B) A reunião num mesmo país de povos diferentes.
(C) A exploração econômica imposta pelos europeus.
(D) A grande quantidade de idiomas africanos.
QUESTÃO 2
O imperialismo europeu na África foi:
(A) Uma ação motivada pela busca de vantagens comerciais.
(B) Um ato político em defesa da diversidade cultural humana.
(C) Um empreendimento voltado para o desenvolvimento africano.
(D) Uma missão religiosa para conversão da população africana.
QUESTÃO 3
“… Os povos da África têm muito menos em comum, culturalmente, do que se costuma supor… o que os negros do Ocidente… mais têm em comum é o fato de serem percebidos – por eles mesmos e pelos outros – como pertencendo a uma mesma raça, e de essa raça comum ser usada pelos outros como fundamento para discriminá-los”
(APPIAH, 1997, p. 38).
Escreva essa ideia de Anthony Appiah com suas próprias palavras.
QUESTÃO 4
Angola é um país africano colonizado por Portugal. No processo de descolonização, viveu uma guerra civil que durou de 1975 a 2002 com algumas pausas. Faça uma pesquisa sobre essa guerra e responda: que relação podemos estabelecer entre a guerra civil em Angola e a colonização europeia?
Saiba mais
Pan-africanismo
Autoria: | Anísio José Pereira Filho |
Formação: | História |
Componente Curricular: | História |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EJAHI0614) Analisar os impactos da expansão capitalista europeia sobre as comunidades locais da África e Ásia. |
Referencial teórico: | APPIAH, Kwame Anthony. A invenção da África. In: Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. ______. Estados alterados. In: Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Tradução Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. SCARAMAL, Eliesse; Universidade Federal de Goiás. CIAR-Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (Org.). África em Arte-Educação [e-book]. Goiânia: Gráfica da UFG, 2015. Disponível em: <https://africaarteeducacao.ciar.ufg.br/modulo3/index.html> acesso em 19, fev. 2022. WIKIMEDIA. Mapa político da África. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mapa_pol%C3%ADtico_da_%C3%81frica.svg acesso em 18, fev. 2022. |