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Contar histórias é encantar

Nessa atividade, vamos conhecer mais da arte de contar de história. Para isso, veremos duas histórias: Menina bonita do Laço de fita e a Centopeia. Após apreciarmos os textos, veremos três dicas bacanas de como contar belas histórias por aí. Vamos lá?

 O legal dessas histórias é que crianças, adultos e idosos se divertem muito – não tem idade para isso. E não é só isso… Essas histórias fazem a gente refletir sobre a nossa vida. O que fazemos em casa? Como tratamos o outro? Enfim, por meio de histórias contadas podemos repensar a nossa existência. Então, vamos logo ouvir uma dessas maravilhas? A convidada de hoje é a Liliane Tosta, contadora de histórias do grupo Gwaya e professora do Município de Goiânia, nossa colega da Rede. Conta uma história para a gente, professora!


A menina do laço de fitas – Interpretação de Liliane Tosta

Parece que um filme passa na nossa mente quando ouvimos essas histórias. minha cabeça. E, você, o que você sentiu?

LEMBRA DA HISTÓRIA? O coelho queria ter a cor da menina. Ela era pretinha e é possível supor que o coelho fosse branquinho. Ele fez tantas perguntas, aquelas perguntas: menina bonita do laço de fitas qual é o seu segredo pra ser tão pretinha? E a menina não sabia o porquê da própria cor, então, ela inventava… 

Criava mesmo… Disse que era por conta das jabuticabas, do café… E o coelho, coitado, ia lá e comia jabuticabas até passar mal… Tomava café que pulava… Essa história é bem humorada, mas na verdade leva a gente a pensar em um tema bem delicado, o racismo. Infelizmente, uma parte da nossa sociedade não pensa como o coelhinho e há pessoas que discriminam aqueles de cor preta. 

Muitas vezes, a realidade é bem diferente do que ocorre na história que escutamos, porque o coelhinho queria ser preto e, por isso, depois que entendeu de onde veio a cor da menina, ele se casou com uma coelhinha preta e tiveram vários filhotinhos de diversas cores. Na sociedade, nem sempre isso acontece. Há casos de pessoas que não aceitam a diversidade de cores das pessoas.

A história da Menina do Laço de Fitas, que foi escrita por Ana Maria Machado, traz personagens e um enredo que fazem a gente ir além do nosso mundo. E é esse o papel mesmo da história contada. Ela existe para nos arremessar além desse mundo, mas, claro, nós acabamos voltando e repensando a nossa vida.  

Citamos duas palavrinhas interessantes: “enredo” e “personagem”. Os personagens principais dessa história são o Coelho e a Menina. Mas há outros personagens secundários, como a mãe da Menina. Todos compõem a história, o enredo, que é o passo a passo do que acontece. Por exemplo: o enredo da história que ouvimos se dá do seguinte modo: primeiro o coelho faz perguntas para descobrir como a menina se tornou pretinha. A menina, não sabendo responder as perguntas, inventava respostas muito criativas, gerando, inclusive, humor, graça, gracejo. 

Depois,  a personagem Mãe da Menina desvenda o segredo e conta a real razão da Menina ser PRETINHA. Ao descobrir o segredo, o coelho, então, casa-se com uma coelhinha pretinha e tem vários filhotinhos. Olha que show! Vamos ver mais um vídeo de uma história bem legal?


Centopeia – Interpretação de Liliane Tosta

Que história divertida. Estamos começando a desvendar a magia das histórias contadas. Elas tocam as feridas fazendo carinho. Nessa história mesmo, da Centopeia, é possível se emocionar e, em seguida, sorrir.

Às vezes queremos mudar o comportamento do outro, do mesmo modo que fizeram com a nossa querida Centopeia. E o desfecho dessa história? Lembra? Ao logo do texto, a nossa amiga vai amarrando as patinhas para agradar os animais, mas, no final, entende que cada bicho é de um jeito diferente. Isso é belo!

A Zeropeia, que foi escrita por Herbert de Sousa, tem um enredo muito interessante. Durante a história, vamos caminhando junto com ela, mas, com o passar do tempo, a coitada vai perdendo as patinhas. Isso lembra a linguagem conotativa. Lembra da “pedra” do poeta Drummond? A pedra que era mais que uma pedra? Então, nessa história, as patinhas amarradas dizem bem mais do que o sentido literal. Isso porque a Centopeia vai perdendo o caminhar… Ela vai perdendo a própria vida?

De cem patas ela vai chegando a zero… Da vida para a morte? Parece que há aí um ensinamento: se ficarmos só agradando os outros, nós vamos deixando de andar, deixando de viver. Mas, na história, a Centopeia acaba percebendo o que estava acontecendo e dá a volta por cima: ela desamarra as patinhas e volta a andar linda e plena.

Todos nós temos boas histórias pra contar, vamos ver um vídeo de dicas de como encantar histórias…


Dicas de como contar histórias – Liliane Tosta

A professora apresentou três excelentes dicas de como contar e encantar… Gostei do que ela disse: “o contador de história é um contador de encantos”. Que poético! Então, vamos recapitular as três dicas da professora?

Dica número 1: todos têm o potencial de contar histórias; dica número 2: o contador deve se identificar com a narrativa; dica 3: é preciso estudar bem o texto.

Pensando na primeira dica… Saímos por aí recontando histórias, porque temos o potencial e a energia vital de contar. O historiador chamado Yuval Harari, que escreveu um livro chamado Uma breve história da humanidade, afirma categoricamente: o homo sapiens  conseguiu conquistar o planeta terra por conta das narrativas, dos mitos, das histórias contadas e recontadas. Ele diz que havia na Terra vários hominídeos, os Neandertais, os Soloensis .., mas que somente o homo sapiens conseguiu reunir muitos indivíduos em torno de uma determinada crença. Daí, que os agrupamentos sapiens eram, em geral, maiores que os demais, porque as histórias reuniam os indivíduos. 

O historiador é uma espécie de contador de histórias também. A diferença entre o contador de encantos e o historiador é que na contação de história não há preocupação com os fatos e com os documentos históricos. Quer dizer, para contar uma história, como conta a professora Liliane, não é preciso dos fatos e dos documentos, mas de encanto, de arte, de literatura. 

Ampliando nosso conhecimento: existem duas palavrinhas na língua portuguesa que são escritas de formas muito parecidas: estória (sem h) e história (com h). A palavra estória (sem h) foi usada para dizer da ficção e  história (com h) para referir aos documentos e fatos históricos. Mas, atualmente, estamos utilizando apenas a palavra HISTÓRIA, com h mesmo, porque tanto o historiador, quanto o encantador de histórias fazem verdadeiras, autênticas interpretações da realidade. 


Então, não há necessidade de distinguir, porque escrevemos com h mesmo. Mas se você ler estória (sem h) é bom lembrar que isso é um arcaísmo, ou seja, é uma forma que já foi utilizada bastante na nossa língua, mas que caiu em desuso. A língua muda, lembra? Já falamos disso em outra atividade, do preconceito linguístico.

E agora é com você… Vamos à atividade?


ATIVIDADE

Reúna a família e conte uma bela história. Grave em vídeo ou apenas o áudio e envie para os seus amigos e parentes. Vamos exercitar a arte de contar história? Vamos lá?! Seja criativo.

Lembrando que essa aula foi exibida na TV no dia 21/10/2020. Assista ao programa na íntegra:


BLOCO I

BLOCO II

História(EAJAHI0101) Compreender a temporalidade (passado, presente e futuro) por meio de suas histórias de vida e de sua família.
(EAJAHI0102) Identificar etapas do seu desenvolvimento enquanto pessoa com o auxílio da memória e de outras fontes (fotos, documentos pessoais, filmagens…).
(EAJAHI0204) Estimular a percepção sobre situações cotidianas que proporcionem à compreensão de pertencimento, memória, identidade e mudança.
Língua Portuguesa(EAJALP0848) Contar e recontar histórias da tradição oral e da tradição literária escrita e observar o ritmo, as pausas, as hesitações, a entonação, pontuação etc. durante a contação.
(EAJALP0547) Narrar e recontar histórias da tradição oral.
(EAJALP0548) Encenar pequenos trechos de textos dramáticos.
(EAJALP0549) Explorar os aspectos linguísticos e paralinguísticos dos textos poéticos.
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento

EAJA – SEGUNDO SEGMENTO