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Nessa atividade, vamos falar de preconceito linguístico. Para isso, o entendimento do que é e como ocorre esse tipo de preconceito é fundamental. Escutando especialistas, aprenderemos mais sobre as variantes linguísticas geográficas, históricas e situacionais, o que permite ampliarmos o conhecimento da Língua Portuguesa usada no Brasil e combater quaisquer formas de discriminação advindas da fala. Assim, o combate ao preconceito se dá por meio do conhecimento. Afinal, quando há luz, as palavras aparecem. Vamos lá?
Para iniciar, vamos ver um vídeo da Martha Rabelo, professora da Escola Municipal Geralda de Aquino, daqui de Goiânia, que explica o que é preconceito linguístico.
Ela disse que o preconceito linguístico ocorre quando alguém não aceita a maneira do outro falar, porque cada lugar fala de uma forma. Veja o exemplo da palavra pão: no Pará falam Pão Careca, aqui, em Goiânia, falamos Pão Francês; Pão Jacó no Sergipe; Pão Aguado na Paraíba, Cacetinho na Bahia. Enfim, cada lugar tem uma forma de nomear esse pãozinho que eu tanto adoro. Essa é a riqueza da nossa língua. À medida que nos comunicamos, vamos encontrando novas formas de falar.
A professora contou que esse preconceito linguístico acontece porque algumas pessoas, julgando dominar uma forma prestigiada de falar, acabam se colocado acima dos outros. É como se elas se achassem melhor do que aqueles que não dominam a forma culta. Então, dizem por aí que o outro está falando “errado” ou “feio”. E tudo isso é juízo de valor, porque na comunicação há diversas maneiras de usar a linguagem.
A forma culta de falar é a maneira prestigiada de usar a linguagem. Por exemplo, na forma culta usamos o pronome “nós” sempre conjugado na primeira pessoa do plural, por exemplo: “nós fomos jantar”; “nós comemos pão francês”. Enfim, a forma culta ou norma padrão é aquela de prestígio social, mas há outras formas de dizer a mesma coisa. Essas outras maneiras, geralmente, fazem parte da linguagem popular, coloquial. Exemplo: “nois foi”, “nós foi”, “a gente fomos”. Essas são maneiras de falar que não seguem a norma padrão.
O preconceituoso diria que essas formas populares de falar são erradas, feias, que devem ser banidas da sociedade, mas na verdade elas compõem a diversidade da nossa língua. E, convenhamos, a questão não é dizer se está “certo” ou “errado”, mas se a maneira de dizer e escrever está adequada para uma determinada situação. Aí sim, estamos falando com seriedade dessa questão, porque cada momento exige uma forma de usar a linguagem. Se fôssemos dizer o que é “certo” e o que é “errado”, ficaríamos colocando etiquetas preconceituosas nas pessoas. Ficaríamos o tempo inteiro querendo corrigir o outro. Agora vamos ver um vídeo curtinho da professora Wayddye Silva sobre etiqueta social? Assista apenas do minuto 10’57” a 11’31”.
A professora fala que precisamos combater a rotulação, que é quando colocamos uma espécie de etiqueta no outro, por conta do modo de ser, de falar, de expressar. Por exemplo, a pessoa que vive no campo às vezes é rotulada como “caipira”, associando o caipira àquela pessoa que não sabe falar.
Puro preconceito, um preconceito linguístico, porque as pessoas que rotulam um outro de “caipira” estão partindo da ideia de que a pessoa do campo não sabe falar ou que fala errado. E como já falamos aqui, isso não é verdade. A vida rural exige uma forma de comunicar que, geralmente, as pessoas do campo sabem muito bem.
A comunicação ocorre de acordo com as necessidades dos falantes. O nosso conhecimento sobre terra, sobre plantar, é limitado às experiências da vida urbana.
Então, estamos aprendendo que a comunicação não acontece de forma igual, idêntica, para todos. Cada comunidade possui as suas necessidades e, por isso, fala de uma forma. Estamos dizendo que existe variedade linguística e não devemos rotular, discriminar, nenhuma forma de falar. Vamos ver um vídeo sobre isso? Assista apenas do minuto 6’20” a 7’51”.
A professora Ana Santos explicou que existem várias formas da língua variar. Há variações geográficas, como aquele exemplo do pão. Cada lugar, possui uma palavra específica para se referir ao pãozinho de cada dia. Com café e manteiga, uma delícia! Há também a variação histórica: antigamente, nós usávamos as palavras “vossa mercê”, hoje, usamos simplesmente “você”, “cê”.
Há também a variação situacional, que é quando usamos uma forma de dizer de acordo com o grupo que estamos, de acordo com a situação comunicativa. Por exemplo, um garoto skatista conhece uma série de gírias que usa com os colegas do skate. Sk8, sabe o que é? É skate. Muitos deles escrevem Sk8 e aqueles, que não somos do grupo, não entendem nada. Imagina um juiz conversando com advogados. É provável que alguma citação em latim apareça.
Você sabia que a Língua Portuguesa veio do Latim? É isso mesmo, as línguas sofrem modificações ao longo do tempo, entram em contato com outras culturas e modificam. Esse é o caminho normal de toda língua.
A língua muda naturalmente. Imagina se nós estivéssemos falando até hoje a palavra Vossa Mercê? Antes tínhamos duas palavras para dizer da mesma coisa, hoje, apenas uma. Interessante como foi reduzindo.
Isso ocorre em toda língua: os falantes geralmente reduzem as formas das palavras para que a comunicação seja mais rápida, mais eficiente. Vossa Mercê virou, vosmecê, que mudou para mercê, chegando à palavra “você”, “ce”. Incrível, não?
Hoje, “Cê” é a maneira popular de dizer, e “você” é a forma culta. Há cem anos era totalmente diferente. Como a língua é diversa! Ela varia, ela modifica. Vamos ver como essa diversidade, essa variação, ocorre também na literatura, na poesia? Assista apenas do minuto 1’43’’ a 4’44’’.
A professora Ana mostra dois exemplos: o poeta Braulio Bessa e Carlos Drummond de Andrade. O primeiro escreve poemas utilizando a linguagem não padrão. Ele faz isso de uma maneira pensada, faz parte do estilo do poeta. Parece que a intenção é levar a poesia dele àqueles que têm que pouco acesso à linguagem formal, padrão. Já Drummond, de modo geral, utiliza mais a linguagem padrão; e trata de temáticas universais, o que também é parte do estilo do poeta.
Os poetas utilizam variações de linguagem para expressar o que desejam. O poeta tem a liberdade poética para tratar de temas tão complexos! Por isso, a poesia é tão interessante. Mas, assim também é a língua: um único falante é capaz de ora usar uma variedade mais formal, ora uma variedade informal, popular, dependendo da situação comunicativa.
Vamos ver um vídeo agora do professor Alex Cabral sobre o desenvolvido da Língua Portuguesa no Brasil … Solta o vídeo!
A fala do historiador é muito interessante. Ele comenta sobre a influência indígena e africana no desenvolvimento da nossa língua.
Mesmo o Marquês de Pombal proibindo o uso do Tupi-Guarani no Brasil, no século XVIII, houve resistência. O professor mostrou muitos exemplos de palavras usadas até hoje no Brasil que possuem marcas indígenas.
Chama a atenção a palavra “trem”. Nós, goianos, amamos falar “trem” para tudo. E, agora, aprendemos que essa palavra é de origem indígena. Nós já falamos sobre isso nessa aula: as línguas modificam quando entram em contato com outras culturas. É por isso que a nossa língua portuguesa brasileira continua marcada pelas culturas indígenas, africanas e europeias.
ATIVIDADE:
Agora é com você! Vamos colocar a mão na massa? A nossa atividade é dividida em duas partes. Primeiro: chame seus familiares e converse com eles sobre o tema dessa aula. Explique a eles como ocorre o preconceito linguístico e a necessidade de combater a visão preconceituosa.
A segunda parte da atividade é muito legal. Escreva um texto em verso, com rimas, sobre o combate ao preconceito linguístico. Após finalizar o seu texto, releia-o e faça a sua revisão. Em seguida, envie a sua produção para os seus amigos e familiares. Seja criativo!
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ÉTICA E CIDADANIA – SEGUNDO SEGMENTO – EAJA