Esta proposta de atividade de Ciências da Natureza é destinada aos estudantes do 6º ano dos anos finais do Ensino Fundamental

CUIDADOS COM O SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso integra todas as funções do corpo humano, captando estímulos, processando informações e organizando respostas. Ele se divide em sistema nervoso central (SNC), que reúne o encéfalo e a medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), formado por nervos e gânglios distribuídos pelo corpo. O SNC funciona como uma “central de comando”, enquanto o SNP é a “rede de conexões” que leva e traz mensagens entre essa central e os tecidos, órgãos e sistemas.
Para que essa rede funcione bem, alguns hábitos de vida são indispensáveis. A atividade física regular estimula a circulação sanguínea e melhora a oxigenação cerebral, enquanto o sono adequado reorganiza memórias e garante descanso para os neurônios. A alimentação também desempenha papel decisivo: vitaminas do complexo B (encontradas no feijão, lentilha, arroz integral, verduras escuras, ovos e carnes magras) auxiliam no metabolismo energético dos neurônios. O ômega-3 (sardinha, atum, linhaça e chia) favorece a comunicação entre as células nervosas. Já minerais como magnésio (aveia, banana e castanhas) e zinco (abóbora, feijão, castanhas e carnes) protegem a função neurológica.
Alterações na mielina, que é o revestimento que acelera a transmissão dos impulsos nervosos, podem comprometer o funcionamento dos neurônios. É o que acontece na esclerose múltipla: doença autoimune em que o sistema imunológico ataca tal revestimento SNC, causando dificuldades motoras e visuais. A síndrome de Guillain-Barré também envolve desmielinização, mas no SNP. Ela costuma surgir após infecções virais, como gripe, dengue e, em surtos específicos, zika vírus; provocando fraqueza muscular rápida e, às vezes, paralisia temporária. Já as neuropatias periféricas englobam doenças que afetam os nervos periféricos, levando a dor, formigamento ou perda de sensibilidade, sendo o diabetes mal controlado uma das principais causas. Também vale lembrar da poliomielite, conhecida como paralisia infantil, que ataca a medula espinal e pode gerar paralisia permanente, mas hoje é controlada pela vacinação. Infecções como tétano, raiva e meningite também afetam o sistema nervoso e contam com vacinas eficazes.
O envelhecimento natural reduz a velocidade de condução dos impulsos nervosos, tornando reflexos mais lentos. Já doenças neurodegenerativas como o Alzheimer comprometem a memória e a autonomia. Embora não haja cura, o diagnóstico precoce, aliado a medicamentos, atividades cognitivas, vínculos sociais e hábitos saudáveis; podem retardar a progressão da doença.
Outro exemplo é a Doença de Parkinson, que resulta da diminuição de dopamina em regiões do cérebro responsáveis pelo controle motor. Os sintomas incluem tremores em repouso, rigidez muscular e dificuldade para iniciar movimentos. Assim como no Alzheimer, não há cura, mas existem tratamentos medicamentosos, fisioterapia e acompanhamento multiprofissional que ajudam a reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Outro desafio de saúde pública no Brasil é a hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela compromete pele e nervos periféricos, podendo causar dormência em mãos e pés, perda de força muscular e feridas. A transmissão ocorre pelo contato próximo e prolongado com pessoas não tratadas, através de gotículas respiratórias. Os sintomas incluem manchas esbranquiçadas ou avermelhadas com perda de sensibilidade, caroços e formigamentos. O tratamento é gratuito no SUS, com antibióticos que curam a doença e interrompem a transmissão. A vacina BCG, aplicada na infância, oferece proteção parcial, reduzindo o risco das formas graves, mas não impede todos os casos. Por esse motivo, o diagnóstico precoce continua sendo essencial.
Cortes profundos, acidentes de trânsito, quedas graves ou fraturas expostas podem romper nervos periféricos, levando à perda de movimento ou de sensibilidade em uma região específica. Em muitos casos é necessária cirurgia para religar os nervos, e a recuperação depende do grau da lesão e do tempo até o tratamento. Quando o trauma atinge a medula espinal, as consequências são mais amplas: se a lesão for em região torácica ou lombar, pode resultar em paraplegia (paralisia das pernas); se ocorrer na região cervical, pode causar tetraplegia (paralisia dos braços e pernas). Ou seja: a altura da lesão na medula determina o grau de perda de movimento e sensibilidade.
A ciência tem buscado soluções inovadoras para esses desafios. Na medicina regenerativa, tem sido testado o uso de biomateriais, que são substâncias artificiais ou naturais compatíveis com o corpo humano. O objetivo principal é o de guiar o crescimento de nervos lesionados. Os neurolemócitos, presentes apenas no SNP, são fundamentais nesse processo: produzem mielina e participam da regeneração dos prolongamentos dos neurônios, chamados axônios.
Cuidar do sistema nervoso é cuidar da nossa autonomia. Não apenas a autonomia de se movimentar, sentir, reagir e lembrar, mas também no autocuidado: escolher alimentos mais nutritivos, respeitar o próprio descanso, buscar atendimento médico em caso de sintomas persistentes e proteger-se contra acidentes e infecções. É a soma desses pequenos gestos que preserva a integridade dos nervos e, com ela, a qualidade de vida.
QUESTÃO 1
A hanseníase ainda é um problema de saúde pública no Brasil. Sobre essa doença, é correto afirmar que
(A) é transmitida por ingestão de alimentos contaminados com a bactéria.
(B) não possui tratamento eficaz e leva sempre à incapacidade física.
(C) tem cura com o uso de antibióticos fornecidos gratuitamente pelo SUS.
(D) é totalmente prevenida pela vacina BCG, que evita todos os casos.
QUESTÃO 2
Um idoso relatou quedas frequentes ao caminhar. Exames não indicaram lesões, mas os reflexos estavam mais lentos. O fator que mais explica esse quadro é
(A) redução da velocidade, com o envelhecimento.
(B) infecção por bactéria causadora de tétano.
(C) hanseníase com comprometimento motor grave.
(D) esclerose múltipla, ainda em processo inicial.
QUESTÃO 3
Um paciente apresenta dormência nos pés, perda de sensibilidade e histórico de diabetes mal controlado. Essa condição é mais provavelmente explicada por
(A) neuropatia periférica causada por degeneração dos nervos.
(B) esclerose múltipla, pelo ataque autoimune à mielina do SNC.
(C) tétano provocado por uma bactéria presente no solo.
(D) raiva transmitida pela mordida de um animal infectado.
QUESTÃO 4
Após um acidente de trânsito, uma pessoa sofreu fratura exposta com lesão de nervo periférico. Nesse caso, a consequência mais provável é
(A) paralisia de todo o corpo, que é uma característica da tetraplegia.
(B) perda localizada de movimento e sensibilidade na região lesionada.
(C) perda total de memória de curto e médio prazo, típica do Alzheimer.
(D) redução global da velocidade dos reflexos, comum no envelhecimento.
QUESTÃO 5
Se uma lesão atingir a medula espinal na região cervical, a consequência mais provável será
(A) paraplegia, com paralisia dos membros inferiores.
(B) tetraplegia, com paralisia de braços e pernas.
(C) formigamento temporário, resolvido com repouso.
(D) neuropatia periférica limitada aos pés e mãos.
QUESTÃO 6
Cuidar da saúde do sistema nervoso significa também
(A) depender exclusivamente de medicamentos para manter reflexos rápidos.
(B) exercitar o autocuidado com noites de sono, boa alimentação e prevenção.
(C) evitar realizar atividades físicas para reduzir os riscos de uma lesão.
(D) substituir hábitos cotidianos por avanços tecnológicos em regeneração nervosa.
QUESTÃO 7
Faça as devidas comparações, usando sua própria ideia e criatividade:

QUESTÃO 8
Imagine que você é um neurolemócito. Escreva uma fala curta em que explique ao corpo humano qual é o seu trabalho.
QUESTÃO 9
Crie uma pequena história em quadrinhos de alguém que teve hanseníase, Alzheimer ou paraplegia. O desafio é contar a história destacando como o sistema nervoso foi afetado e quais foram os cuidados necessários.

QUESTÃO 10
Imagine a imagem de um paciente com manchas na pele e perda de sensibilidade na região.
A) Qual doença pode estar relacionada a esse quadro?
B) Quais medidas de saúde pública ajudam a prevenir e controlar essa condição?
PROPOSTA DE EXPERIMENTO
Com um colega, segure uma régua vertical. Quando ele soltar, tente pegar o mais rápido possível. Marque em que centímetro você conseguiu segurar. Compare as reações entre diferentes pessoas da sala. O que isso revela sobre reflexos e sistema nervoso?
Autoria: | Prof.ª M.ª Mariana Araguaia |
Formação: | Ciências Biológicas |
Componente Curricular: | Ciências da Natureza |
Objeto(s) de conhecimento: | Sistema Nervoso e ações motoras e sensoriais |
Habilidades: | (EF06CI07-C) Relacionar e justificar o papel do sistema nervoso à coordenação das ações motoras e sensoriais do corpo, com base na análise das estruturas básicas e das respectivas funções. |
Referências: | BACHUR, Tatiana Paschoalette Rodrigues; NEPOMUCENO, Denise Barguil. Doenças Infecciosas e Parasitárias no Contexto Brasileiro. Volume IV. Disponível em <https://ampllaeditora.com.br/books/2023/04/DoencasInfecciosasParasitariasV4.pdf>. Acesso em 29/09/2025. BRASIL. Doença de Parkinson. Biblioteca Virtual em Saúde – Ministério da Saúde. Disponível em <https://bvsms.saude.gov.br/doenca-de-parkinson/>. Acesso em 30/09/2025. ______. Hanseníase. Ministério da Saúde. Disponível em <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase>. Acesso em 29/09/2025. ______. Síndrome de Guillain Barré. Ministério da Saúde. Disponível em <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/g/sindrome-de-guillain-barre>. Acesso em 29/09/2025. CARNEVALLE, M. R. Araribá mais Ciências: 7º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2018. 272 p. Acesso em 29/09/2025. GOIÁS. Documento Curricular para Goiás – Ampliado. Volume II Ensino Fundamental Anos Finais. Disponível em <https://tinyurl.com/bdcn9bpn>. Acesso em 29/09/2025. ______. Documento Curricular para Goiás – Ampliado – Cortes Temporais. CONSED; UNDIME, 2019. p. 143. Disponível em: <https://tinyurl.com/mszn79ds>. Acesso em 29/09/2025. GRUJICIC, Roberto. Células de Schwann. Kenhub. Disponível em <https://www.kenhub.com/en/library/anatomy/schwann-cells>. Acesso em 29/09/2025. HIRANAKA. R. A. B.; HORTENCIO, T. M. A. Inspire Ciências: 7º ano: ensino fundamental: anos finais. 1. ed. São Paulo: FTD, 2018. 256 p. Acesso em 29/09/2025. |