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Arte/Artes Visuais – Retratos da Cidade

Esta proposta de atividade de ARTE/ARTES VISUAIS é destinada aos estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental.

Retratos da Cidade

A cidade pode ser vista como uma grande obra em constante transformação. Suas ruas, praças e muros revelam histórias, memórias e disputas por meio de cores, formas e marcas do tempo. Entre o cinza do concreto e a vitalidade dos grafites, encontramos diferentes narrativas: as oficiais, registradas em monumentos; as populares, presentes em festas e mercados; e as pessoais, ligadas aos lugares que fazem parte da nossa vida cotidiana.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/doykadu/6241571158/ Acesso em 08, set. 2025.

Mas quais dessas narrativas estão visíveis em nossas cidades e quais parecem silenciadas?

O que a cidade revela sobre nós e o que ela esconde?

Para pensar nessas questões, podemos dialogar com artistas que transformaram o espaço urbano em campo de investigação e criação.

Em 1933, a pintora Tarsila do Amaral produziu Operários, obra que retrata o crescimento industrial de São Paulo. Nela, uma multidão de rostos de trabalhadores ocupa o primeiro plano, enquanto ao fundo se erguem as chaminés das fábricas.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/dalbera/54164674090/in/photolist-2qwm7xd-r3WrsN-8QZsoH-8QZt1g-8R3zNA Acesso em 08, set. 2025.

A tela revela tanto a diversidade étnica dos que construíram a cidade quanto a condição de desigualdade: os rostos parecem iguais, quase diluídos no processo industrial. Essa obra nos faz refletir sobre quem constrói os espaços que habitamos e como a cidade molda vidas, muitas vezes reduzindo pessoas à repetição e ao anonimato.

Hoje, quem seriam os “operários” que mantêm a cidade funcionando, mas permanecem invisíveis?

Décadas depois, outro artista brasileiro, Eduardo Kobra, passou a transformar fachadas em murais monumentais. Com cores intensas e formas geométricas, Kobra recria rostos de personalidades históricas e culturais de Gandhi a Madre Teresa de Calcutá, sempre dialogando com a memória dos lugares onde intervém.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/atelier_tee/50661258617 Acesso em 08, set. 2025.

Um prédio cinza pode, de repente, se tornar uma explosão de cores que resgata histórias esquecidas e cria pontos de encontro na cidade. Ao olhar seus murais, percebemos como a arte pode valorizar a memória coletiva e dar novos significados a espaços que antes passavam despercebidos.

Se tivéssemos a chance de pintar um mural em nossa cidade, que memória ou personagem escolheríamos destacar?

No Reino Unido, o artista Banksy se tornou conhecido por usar a técnica do stencil para criar imagens rápidas, carregadas de ironia e crítica social. Suas obras questionam o consumismo, a guerra, a vigilância e a desigualdade. Ao pintar uma menina deixando escapar um balão em formato de coração, em um muro de Londres, Banksy provoca quem passa pelas ruas a repensar suas próprias certezas.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Banksyballongirl1.png Acesso em 08, set. 2025.

Sua arte é efêmera: pode ser apagada de um dia para o outro, mas justamente por isso carrega ainda mais força. O espaço público, para Banksy, é lugar de protesto e resistência.

Não seria esse também o papel da arte em nossas próprias cidades?

Já o francês JR escolheu as fotografias como forma de ocupar o espaço urbano. Em seu projeto Inside Out, ele amplia retratos de pessoas comuns e os cola em prédios, muros e escadarias em diversas partes do mundo.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/wwwuppertal/15331833518 Acesso em 08, set. 2025.

Assim, rostos de cidadãos anônimos ganham dimensões monumentais e passam a ocupar lugares de destaque. Ao caminhar por uma rua e se deparar com um rosto enorme, não somos convidados apenas a olhar, mas também a reconhecer a humanidade presente em cada pessoa. A cidade se transforma em galeria e palco para aqueles que geralmente permanecem invisíveis.

Quem, em nossa comunidade, mereceria ter seu rosto estampado em grande escala?

No Brasil, os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo, conhecidos como Os Gêmeos, criaram um universo onírico povoado por personagens amarelos e fantásticos.

Disponível em https://upload.wikimedia.org/wikipedia/de/0/01/Mural_Av.23_de_Maio%2C_S%C3%A3o_Paulo_%282009%29-01.jpg Acesso em 08, set. 2025.

Inspirados pelo hip hop e pela cultura popular, começaram no bairro do Cambuci, em São Paulo, e hoje espalham suas figuras por várias cidades do mundo. Suas obras misturam realidade e imaginação: o cotidiano se encontra com o fantástico, a cultura local dialoga com o global. Ao olhar seus murais, parece que a cidade ganha vida própria, atravessada por sonhos e histórias que não cabem apenas no concreto.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Exposi%C3%A7%C3%A3o_OsGemeos_na_Pinacoteca_(50537040067).jpg Acesso em 08, set. 2025.

Como seria um personagem inventado que representasse nossa cidade, com suas alegrias, contradições e afetos?

Ao observarmos essas obras, percebemos que a cidade é mais do que cenário: ela é personagem e narrativa. Cada intervenção artística ressignifica o espaço urbano e revela dimensões que antes estavam ocultas.

Disponível em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tarsils.png Acesso em 08, set. 2025.

Ao mesmo tempo, cada um de nós também pode se tornar autor dessas narrativas, criando retratos da cidade que falam não apenas sobre os lugares, mas também sobre nossas próprias histórias, um exercício de olhar crítico e autoral.


Assista o vídeo sobre Retratos da Cidade

Canal Estúdio Conexão Escola. “Artes Visuais – Retratos da Cidade – 9º ano – EF”. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=7WOYL3v0rVM Acesso em 12, set. 2025.

RESPONDA AS QUESTÕES

QUESTÃO 1

O grafite e os murais urbanos transformam os muros e fachadas da cidade em obras de arte, porque

(A) registram apenas eventos históricos locais e esquecem a memória coletiva da cidade.

(B) combinam cores, formas e narrativas, criando novos sentidos para o espaço urbano.

(C) seguem padrões rígidos de arquitetura, reproduzindo apenas imagens geométricas neutras.

(D) existem somente para publicidade e propaganda, sem diálogo com os moradores locais.

QUESTÃO 2

A obra Operários, de Tarsila do Amaral, representa a cidade e a vida urbana ao mostrar

(A) trabalhadores com diversidade étnica em frente às fábricas, refletindo desigualdades sociais.

(B) prédios modernistas vazios e ruas desertas, sem presença de habitantes ou histórias.

(C) espaços de lazer e praças arborizadas como únicas referências do cotidiano urbano.

(D) apenas retratos de figuras históricas famosas, sem relação com a população comum.

QUESTÃO 3

Observe o mural de Eduardo Kobra, e descreva como o artista utiliza cores, formas e dimensões para transformar o prédio em uma obra de arte que dialoga com a memória e a história.

Disponível em https://www.flickr.com/photos/jpellgen/51131511812 Acesso em 09, set. 2025.

QUESTÃO 4

Escolha um espaço da cidade e explique como suas cores, formas e marcas visuais, ajudam a contar histórias sobre as pessoas, seus afetos, memórias e as desigualdades presentes no cotidiano urbano.


AutoriaVeruska Bettiol
Formação Artes Visuais
Componente CurricularArte/Artes Visuais
Objetos de Conhecimento/ConteúdosProcessos de Criação: Processos de criação em artes visuais – Sentidos Plurais
Habilidade(GO-EF09AR06-A) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas cotidianos ou de interesses artísticos de modo autoral, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais, dialogando sobre a obra de artistas em contextos diversos, ressignificando sua própria produção artística e as dos colegas, para alcançar sentidos plurais, bem como ampliar seu repertório imagético e inventivo, dando sentido aos contextos afetivos, sociais e culturais, de modo crítico e reflexivo.
ReferênciasBARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 2019.
FORTUNA, Carlos (org.). Cidade, cultura e globalização. Oeiras: Celta Editora, 2002.
LAGNADO, Lisette; PEDROSA, Adriano (orgs.). Arte contemporânea brasileira: textos críticos. São Paulo: Fundação Bienal, 2010.
MAGNANI, José Guilherme Cantor. Da periferia ao centro: trajetórias de pesquisa em antropologia urbana. São Paulo: Terceiro Nome, 2012.