Esta proposta de atividade de GEOGRAFIA é destinada aos estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental anos iniciais.
Fonte: Os bandeirantes. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gravura_seculo_XVIII_bandeirantes.jpg>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
Formação do território goiano
O conceito de território é central na Geografia e vai muito além de uma simples delimitação espacial. Ele representa o espaço apropriado, transformado e controlado por grupos sociais, carregando marcas das relações de poder, cultura e economia.
O estado de Goiás
Fonte: Estado de Goiás. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Goias_in_Brazil.svg>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
A formação do território goiano é um processo histórico que reflete as interações humanas com o espaço ao longo do tempo, passando por ocupações indígenas, ciclos econômicos coloniais, expansão agropecuária e processos de urbanização e modernização. Analisar essa formação permite entender não apenas a organização espacial do estado de Goiás, mas também as desigualdades e os desafios socioambientais que persistem até hoje.
O conceito de território na Geografia
Território, na perspectiva geográfica, é mais do que um espaço físico; é um espaço apropriado e transformado por uma sociedade ou grupo que exerce poder sobre ele. Esse poder pode ser político, econômico ou simbólico, e sua manifestação está diretamente ligada às relações sociais e aos interesses dos diferentes atores que disputam o controle sobre o espaço.
No contexto do território goiano, é essencial compreender que a sua configuração não é estática, mas dinâmica, moldada por processos históricos, culturais e econômicos. O conceito de território ajuda a analisar como diferentes grupos, como indígenas, colonizadores, agricultores e empresários, estabeleceram suas territorialidades, ou seja, as formas como organizam, utilizam e controlam o espaço.
As primeiras territorialidades: a ocupação indígena
Antes da chegada dos colonizadores, o atual território de Goiás era habitado por povos indígenas, como os Xavantes, Xerentes, Kayapós e Avá-Canoeiros.
Os Xavantes
Fonte: Os Xavantes. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Xavante.jpg>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
Esses grupos possuíam modos de vida que se adaptavam às características naturais do Cerrado, utilizando os recursos disponíveis de forma sustentável. Suas territorialidades refletiam uma organização social voltada para o equilíbrio com a natureza, sem a necessidade de transformar radicalmente o meio ambiente.
Esses povos delimitavam seus territórios com base em tradições culturais e práticas econômicas, como caça, pesca e agricultura de subsistência. No entanto, com a chegada dos bandeirantes no final do século XVII, essa relação harmoniosa foi interrompida. A apropriação do território pelos colonizadores resultou em conflitos, deslocamentos forçados e a perda de terras indígenas, que enfrentam ainda hoje dificuldades para retomar seus territórios ancestrais.
O período colonial e a transformação territorial
A formação do território goiano no período colonial foi marcada pela busca de ouro e pedras preciosas. A partir do final do século XVII, os bandeirantes exploraram a região do Cerrado, resultando na fundação de vilas e povoados, como Vila Boa de Goiás (atual Cidade de Goiás), que se tornou o principal núcleo administrativo da Capitania de Goiás.
Os bandeirantes
Fonte: Os bandeirantes. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gravura_seculo_XVIII_bandeirantes.jpg>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
Nesse período, o território passou a ser controlado pela Coroa portuguesa, que implementou políticas de exploração e arrecadação de impostos. A territorialidade colonial impunha um modelo de uso do espaço voltado para a extração de riquezas naturais, com pouca preocupação com a sustentabilidade ou com a preservação das populações indígenas. Além disso, as atividades mineradoras resultaram em impactos ambientais significativos, como o desmatamento e o assoreamento dos rios.
O declínio da mineração e a consolidação da agropecuária
Com a exaustão das jazidas de ouro no século XVIII, o território goiano passou por uma reorganização econômica e espacial. A atividade agropecuária emergiu como a principal base econômica, com a criação de grandes fazendas de gado que utilizavam extensas áreas do Cerrado. Esse modelo consolidou a concentração fundiária, caracterizada pela posse de terras em mãos de poucos proprietários.
A territorialidade rural que se estabeleceu nesse período reforçou as desigualdades sociais, já que pequenos agricultores e comunidades tradicionais tinham pouco acesso à terra e aos recursos. A expansão da agropecuária também resultou na transformação da paisagem natural do Cerrado, com impactos ambientais significativos que continuam a ser um desafio para o estado.
A modernização e o papel da urbanização
No século XX, a construção de Brasília (inaugurada em 1960) foi um marco para a modernização e integração do território goiano. A nova capital federal impulsionou o crescimento de cidades próximas, como Goiânia e Anápolis, e consolidou a infraestrutura rodoviária que ligava Goiás a outras regiões do Brasil.
Plano Piloto de Brasília
Fonte: Plano Piloto de Brasília. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Brasilia_-_Plan.JPG>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
A urbanização trouxe novas dinâmicas de territorialidade, com a criação de espaços urbanos voltados para o comércio, a indústria e os serviços. No entanto, essa modernização também evidenciou desigualdades territoriais, como a segregação urbana e a concentração de infraestrutura em áreas específicas, deixando comunidades periféricas sem acesso a serviços básicos.
Os desafios atuais do território goiano
Hoje, o território goiano enfrenta desafios relacionados à gestão do espaço e à sustentabilidade. O agronegócio, principal atividade econômica do estado, ocupa grandes extensões de terra e promove a exportação de commodities, mas também contribui para o desmatamento do Cerrado, a perda de biodiversidade e os conflitos fundiários.
Plataforma logística multimodal de Rio Verde
Fonte: Plataforma logística multimodal de Rio Verde. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Plataforma_Log%C3%ADstica_Multimodal_de_Rio_Verde.png>. Acesso em 21 de jan. de 2025.
Por outro lado, comunidades indígenas, quilombolas e pequenos agricultores lutam pelo reconhecimento de seus territórios e pela preservação de seus modos de vida. A urbanização, embora tenha trazido progresso econômico, ainda apresenta desigualdades que precisam ser enfrentadas por meio de políticas públicas voltadas para o planejamento territorial e a justiça social.
A formação do território goiano
A formação do território goiano é um processo contínuo e complexo, marcado por disputas, transformações e adaptações. Desde as primeiras territorialidades indígenas até os impactos da modernização e da expansão do agronegócio, o território reflete as relações de poder e os interesses dos diferentes grupos sociais que o ocupam.
Compreender o conceito de território e sua aplicação na formação de Goiás é essencial para analisar as dinâmicas que moldaram o estado e refletir sobre os desafios futuros. A preservação do Cerrado, a justiça territorial e a busca por um desenvolvimento mais equilibrado são questões que demandam atenção e ação conjunta, para que o território goiano possa ser um espaço de inclusão, sustentabilidade e respeito às diversas formas de vida.
RESPONDA ÀS QUESTÕES
QUESTÃO 01
A agropecuária desempenhou um papel central na formação do território goiano após o declínio da mineração. Explique como esse modelo econômico influenciou a organização territorial do estado e quais foram os impactos sociais e ambientais dessa atividade.
QUESTÃO 02
O Cerrado é a base natural do território goiano e desempenha um papel essencial na sustentabilidade ambiental do estado. Explique como as atividades econômicas modernas, como o agronegócio, afetam o Cerrado e quais medidas poderiam ser adotadas para equilibrar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental.
QUESTÃO 03
A formação do território goiano é um processo histórico que reflete as interações humanas com o espaço ao longo do tempo, passando por ocupações indígenas, ciclos econômicos coloniais, expansão agropecuária e processos de urbanização e modernização. O conceito de território na formação do território goiano, pode ser compreendido
(A) pelo espaço físico ocupado por populações humanas, sem relação com o poder ou organização social.
(B) pelos aspectos culturais e históricos, mas não abrange as relações de poder que ocorrem no espaço.
(C) pelos fatores naturais e humanos, considerando também as relações de poder que estruturam o uso e a ocupação do espaço.
(D) exclusivamente por fronteiras geográficas fixas, sem mudanças ao longo do tempo.
QUESTÃO 04
O território goiano enfrenta desafios relacionados à gestão do espaço e à sustentabilidade. O agronegócio, principal atividade econômica do estado, ocupa grandes extensões de terra e promove a exportação de commodities. O agronegócio moderno impacta a organização territorial de Goiás, ao
(A) promover exclusivamente benefícios econômicos, sem gerar desigualdades ou problemas ambientais.
(B) contribuir para a expansão econômica do estado, mas trouxe desafios como o desmatamento do Cerrado e a concentração de terras.
(C) incentivar o aumento da urbanização sustentável em todas as áreas do território goiano.
(D) priorizar a preservação total do Cerrado e de todas as bacias hidrográficas do estado de Goiás.
Autoria: | Prof. Me.: Gabriel Ramos Paiva |
Formação: | Licenciatura em Geografia; Bacharelado em Geografia; Licenciatura em Pedagogia; Mestre em Geografia pelo IESA-UFG. |
Componente Curricular: | Geografia |
DCGO – AMPLIADO (1º corte) Habilidades: | (EF07GE03-A) Compreender e problematizar sobre a territorialidade e a sua importância para os diversos povos. |
Referências: | ARRAIS, Tadeu Alencar. O Território Goiano: Uma abordagem quase contemporânea do desenvolvimento Regional. XII Encontro da associação nacional de Pós-graduação e pesquisa em planejamento urbano e regional, Belém – PA, Brasil, 2007. Disponível em: <https://anais.anpur.org.br/index.php/anaisenanpur/article/view/1285/1268>. Acesso em 21 de jan. de 2025. LIMA, Sélvia Carneiro de; CHAVEIRO, Eguimar Chaveiro. O Cerrado goiano sob múltiplas dimensões: um território perpassado por conflitos. Espaço em Revista, vol. 12 nº 2 jul/dez. páginas: 66 – 83, 2010. Disponível em: <https://periodicos.ufcat.edu.br/index.php/espaco/article/download/16857/10279/69553>. Acesso em 21 de jan. de 2025. |