Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base o DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.
Certamente, você já ouviu algo poético, algo que te sensibilizasse de alguma forma. Também, já deve ter lido e escrito poemas na escola e fora dela, experimentando um pouco da arte por meio da palavra. Você já refletiu sobre a diferença entre poesia e poema? Ou seriam a mesma coisa?
Poesia e poema são termos comumente usados como sinônimos, mas há uma diferença importante entre eles.
A poesia é uma forma de expressão artística, uma manifestação da criatividade humana que utiliza a linguagem para provocar emoções, reflexões e sensações. Ela é caracterizada pela musicalidade das palavras, pela escolha de figuras de linguagem, como metáforas e aliterações, e pela busca de uma forma estética na escrita.
Por outro lado, o poema é uma obra literária concreta, um texto específico que se insere dentro dessa forma de expressão chamada poesia. Ou seja, todo poema é uma poesia, mas nem toda poesia se materializa em um poema.
A poesia pode se manifestar também em outras formas, como a canção, a literatura de cordel ou até mesmo em textos livres, como a prosa poética. O poema, por sua vez, é uma estrutura textual, composta por versos e estrofes, muitas vezes com rimas e ritmo.
A poesia tem um papel fundamental no desenvolvimento humano e educacional dos estudantes. Quando trabalhada na sala de aula, ela não apenas desenvolve as habilidades linguísticas, como leitura, interpretação e produção de textos, mas também estimula a sensibilidade, a criatividade e o pensamento crítico dos alunos.
Através da poesia, temos a oportunidade de experimentar novas formas de ver o mundo, entender as emoções humanas e explorar a beleza da linguagem. Isso pode ser refletido no desenvolvimento do nosso gosto literário, nas formas que encontramos para nos expressar, seja na fala, seja na escrita. Além disso, o contato com o texto poético pode nos levar a uma compreensão maior da nossa subjetividade e com as experiências de outras pessoas, ampliando a empatia e o entendimento sobre diferentes realidades e sentimentos.
Um poeta que expressou muito a sua subjetividade e marcou sua geração, foi Casimiro de Abreu.
Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu nasceu em 4 de janeiro de 1839, na freguesia da Barra de São João, no estado do Rio de Janeiro, e faleceu prematuramente, aos 21 anos, em 18 de outubro de 1860, no Rio de Janeiro, vítima de uma tuberculose. Foi um dos mais importantes poetas do Brasil no século XIX, sendo amplamente reconhecido por suas poesias de temática romântica e sentimentalista, especialmente aquelas que abordam a saudade e o amor, sendo parte de um movimento literário chamado de Romantismo.
Desde muito jovem, Casimiro demonstrou uma grande aptidão para a literatura, mas sua vida foi curta, o que deu um caráter trágico à sua obra, que já era muito apreciada em vida. Suas poesias são marcadas por uma forte carga emocional e sensibilidade, características típicas do Romantismo, movimento literário que predominava na época.
A obra mais conhecida de Casimiro de Abreu é “As Primaveras”. O livro apresenta uma coletânea de poemas que expressam, de forma intensa, a busca pela felicidade, o amor, a nostalgia e a reflexão sobre a juventude e o tempo que passa.
A poesia de Casimiro de Abreu é considerada acessível e tocante, com versos simples, mas profundos, que cativaram gerações de leitores. Sua obra é um exemplo claro de como a poesia pode emocionar, educar e enriquecer a formação cultural e emocional de um povo.
Leia a seguir, um poema do poeta:
Saudades
Nas horas mortas da noite
Como é doce o meditar
Quando as estrelas cintilam
Nas ondas quietas do mar;
Quando a lua majestosa
Surgindo linda e formosa,
Como donzela vaidosa
Nas águas se vai mirar!
Nessas horas de silêncio,
De tristezas e de amor,
Eu gosto de ouvir ao longe,
Cheio de mágoa e de dor,
O sino do campanário
Que fala tão solitário
Com esse som mortuário
Que nos enche de pavor.
Então — proscrito e sozinho —
Eu solto aos ecos da serra
Suspiros dessa saudade
Que no meu peito se encerra.
Esses prantos de amargores
São prantos cheios de dores:
— Saudades — dos meus amores,
— Saudades — da minha terra!
ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Ática, 2007, p. 44.
O eu lírico (a pessoa que está falando no poema), no poema, descreve a sensação de estar sozinho, à noite, refletindo sobre a vida. Ele encontra beleza nas estrelas no céu e na lua que aparece cheia e brilhante, mas, ao mesmo tempo, essa tranquilidade toda só aumenta a sua saudade. Ele sente falta de algo importante – pode ser um amor, um lugar ou até uma época da sua vida que já passou.
O poeta usa várias imagens da natureza para expressar esses sentimentos. Ele fala sobre o mar calmo e as estrelas brilhando, que passam uma sensação de paz, mas que também tornam a solidão ainda mais forte. A lua, que aparece “majestosa” no céu, é comparada a uma “donzela vaidosa”, ou seja, algo muito bonito, mas distante e inalcançável. Isso reflete a sensação de desejo por algo que não pode ser alcançado.
Além disso, o som do sino de uma igreja, que soa sozinho à distância, transmite a ideia de um sentimento de isolamento. Ele descreve esse som como “mortuário”, ou seja, com um toque de tristeza, como se fosse um sinal de perda ou fim.
Outro tema forte do poema é a “saudade”, um sentimento que é bem conhecido por muitas pessoas, especialmente quando se está longe de algo ou alguém que amamos. O eu lírico sente saudade de “seus amores” e também da sua “terra”, que pode ser uma metáfora para casa ou um lugar importante em sua vida. Isso faz com que o poeta se sinta ainda mais sozinho, como se os seus sentimentos estivessem ecoando sem resposta, perdidos na solidão da noite.
O poema pode ressoar com qualquer pessoa que já tenha se sentido distante, triste ou em busca de algo que parece inalcançável. Ele fala sobre momentos de reflexão, quando a solidão nos faz pensar mais profundamente sobre nossas emoções. A natureza no poema ajuda a criar essa atmosfera de calma, mas também de tristeza, porque, mesmo com todo o seu esplendor, o mundo ao redor não pode curar as dores internas do eu lírico.
Assim, o poema é uma forma de mostrar como, mesmo nos momentos mais tranquilos da vida, podemos nos sentir cheios de saudade e solitários. Ele nos lembra que esses sentimentos fazem parte da experiência humana e podem ser expressos de maneira profunda e bela.
Casimiro de Abreu é um grande exemplo da riqueza da poesia brasileira, cujos versos continuam a ser lidos e admirados, revelando a universalidade e a força da expressão poética.
Você já leu algum poema de Casimiro de Abreu na escola? Que tal conhecer outros poemas com sua professora ou seu professor e colegas de classe?
Responda às questões a seguir:
QUESTÃO 1
Considere as seguintes afirmativas sobre poema e poesia.
I. A poesia é uma forma de expressão artística, que utiliza a linguagem para provocar emoções, reflexões e sensações.
II. O poema é um texto específico, que se insere dentro dessa forma de expressão chamada poesia.
III. Todo poema é uma poesia, mas nem toda poesia se materializa em um poema.
IV. A poesia é uma estrutura textual, composta por versos e estrofes, muitas vezes com rimas e ritmo.
Das afirmativas acima, estão corretas apenas
(A) I, II e III.
(B) I, II e IV.
(C) I, III e IV.
(D) II, III e IV.
QUESTÃO 2
Sobre Casimiro de Abreu, é correto afirmar que
(A) escreveu poemas sem expressão de sentimentos, como saudade e tristeza.
(B) escreveu poemas sobre o amor e a saudade, no período do Romantismo.
(C) é um poeta descoberto há pouco tempo, escritor da obra “As Primaveras”.
(D) foi um poeta do estado do Rio de Janeiro, que escreveu mais de 10 livros.
Leia o seguinte poema retirado do livro “As Primaveras”, de Casimiro de Abreu, para responder às próximas questões.
Minha mãe
Da pátria formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor;
– Minha Mãe! –
No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu pequenino feliz dormitava:
Quem é que esse berço com todo o cuidado,
Cantando cantigas alegre embalava?
– Minha Mãe! –
De noite, alta noite, quando eu já dormia
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
– Minha Mãe! –
Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna de noite e de dia
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
– Minha Mãe! –
Por isso eu agora na terra do exílio,
Sentado sozinho co’a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
– “Oh filho querido do meu coração!”
– Minha Mãe! –
ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Ática, 2007, p. 47.
QUESTÃO 3
Como o poeta descreve a figura materna no poema e qual é a importância dessa figura para o eu lírico?
QUESTÃO 4
Quais as diferenças entre a felicidade do eu lírico na infância e o sofrimento que ele sente no exílio?
QUESTÃO 5
O que a repetição de “Minha Mãe!” no poema revela sobre a relação do eu lírico com a figura materna e sua condição no exílio?
QUESTÃO 6
No poema, o sentimento predominantemente expresso pelo eu lírico é de
(A) esperança.
(B) saudade.
(C) alegria.
(D) raiva.
QUESTÃO 7
Pesquise outros poemas de Casimiro de Abreu para construir, com sua classe, uma roda de declamação de poemas do autor. Ao selecionar o poema, pense na mensagem que ele deseja transmitir e na expressividade que pode atribuir ao declamá-lo.
Autoria: | Marlon Santos |
Formação: | Letras – Português |
Componente curricular: | Língua Portuguesa |
Habilidades estruturantes: | (EF69LP44-B) Reconhecer, em textos literários, formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as identidades, sociedades e culturas, considerando a autoria e o contexto social e histórico de sua produção. (EF69LP49-A) Mostrar-se interessado e envolvido pela leitura de livros de literatura e por outras produções culturais do campo, apoiando-se nas marcas linguísticas, em seu conhecimento sobre os gêneros e a temática e nas orientações dadas pelo professor. (EF69LP53-C) Ler e/ou declamar poemas diversos, tanto de forma livre quanto de forma fixa (como quadras, sonetos, liras, haicais etc.), empregando os recursos linguísticos, paralinguísticos e cinésicos necessários aos efeitos de sentido pretendidos, como o ritmo e a entonação, o emprego de pausas e prolongamentos, o tom e o timbre vocais, bem como eventuais recursos de gestualidade e pantomima (gestos e/ou expressões faciais) que convenham ao gênero poético e à situação de compartilhamento em questão. |
Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 01, set. 2023 GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 4° Bimestre; Goiânia, 2024. ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Ática, 2007. |