Esta proposta de atividade de Língua Portuguesa é destinada aos estudantes do 4º Período da Educação de Jovens e Adultos – EJA.
JECA TATU, CRIAÇÃO E CRÍTICA
Jeca Tatu é um dos personagens mais icônicos da obra de Monteiro Lobato, aparecendo pela primeira vez no livro “Urupês” (1918). Jeca é a representação do caboclo do interior do Brasil, um homem rural, pobre, desleixado, resignado à sua condição de vida miserável e sem perspectivas de ascensão social.
A figura de Jeca Tatu vai além de uma simples caricatura do caboclo preguiçoso. Monteiro Lobato usa o personagem para criticar o abandono das populações rurais e a falta de políticas públicas para resolver problemas de saúde e infraestrutura no campo. Apesar de parecer uma figura de desprezo, ao longo do tempo, Lobato mudou sua percepção sobre o caboclo, reconhecendo que o problema de Jeca não era sua preguiça inata, mas sim as condições de pobreza extrema e falta de assistência do Estado. Essa mudança de visão fica clara em textos posteriores, nos quais Lobato reflete sobre a possibilidade de transformar a realidade do homem do campo com acesso a saneamento básico e educação.
Um dos trechos mais famosos de “Urupês” que menciona o personagem Jeca Tatu, resume bem a visão inicial que Monteiro Lobato tinha sobre o caboclo brasileiro, caracterizado pela preguiça e inércia. Observe esta passagem:
“Jeca Tatu não é assim, porém, por culpa sua. Não é ruim, nem perverso, nem imprestável por natureza. O meio é que o fez assim, a terra ruim, a falta de apoio, a doença entranhada. Se tivesse escola, se tivesse higiene, se fosse tratado como gente, Jeca seria outro homem.”
Neste trecho, Lobato começa a esboçar a ideia de que Jeca Tatu não é naturalmente preguiçoso ou incapaz, mas sim produto de um meio que o abandonou. É o início da mudança de percepção do autor sobre a figura do caboclo, que, como se vê, não é “preguiçoso” por escolha, mas resultado das condições de abandono social e econômico que enfrenta.
A criação do personagem Jeca Tatu, por Monteiro Lobato, é de fato uma crítica social porque ele simboliza o abandono e a miséria vivida no início do século XX. Jeca, com seu jeito apático, doente e preguiçoso, é uma personificação das más condições de vida no campo: falta de educação, ausência de infraestrutura básica, doenças endêmicas, como a verminose, e a ausência de qualquer apoio governamental para melhorar essa realidade.
Concluindo até hoje o personagem Jeca Tatu é considerado como uma crítica social porque evidencia as consequências da falta de políticas públicas e em especial a fata de educação, pois a pobreza e o atraso do homem do campo sempre foram causados por fatores externos, e não por uma condição inata de incapacidade.
RESPONDA AS QUESTÕES
QUESTÃO 1
O personagem Jeca Tatu representa a realidade do homem do campo no Brasil no início do século XX, refletindo as condições de pobreza, abandono e negligência das autoridades públicas. Reflita sobre a referida condição do personagem e responda, qual é o papel do personagem Jeca Tatu como crítica social na obra “Urupês”, de Monteiro Lobato?
QUESTÃO 2
Como Monteiro Lobato utilizou o personagem Jeca Tatu para mudar a percepção popular sobre o caboclo brasileiro?
QUESTÃO 3
Como o personagem Jeca Tatu reflete a visão de Monteiro Lobato sobre o progresso e a modernização do Brasil?
QUESTÃO 4
Na obra “Urupês”, o personagem Jeca Tatu é retratado principalmente como
(A) um homem urbano e trabalhador incansável.
(B) um camponês saudável e bem-educado.
(C) um homem do campo, doente e pobre.
(D) um líder político preocupado com o campo.
QUESTÃO 5
Monteiro Lobato inicialmente retratou Jeca Tatu como um homem preguiçoso. A mudança de percepção do autor em relação ao personagem foi considerar que
(A) Jeca era preguiçoso por escolha própria.
(B) Jeca era vítima de um ambiente social.
(C) Jeca se tornou rico com seu esforço.
(D) Jeca nunca foi preguiçoso ou pobre.
Autoria: | Regina Cácia |
Formação: | Letras – Língua Portuguesa |
Componente Curricular: | Língua Portuguesa |
Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento: | (EJALP0417) Compreender, com o auxílio do professor, como se realiza uma pesquisa, a partir de recortes e questões definidos previamente, usando fontes indicadas e abertas (EJALP0418) Ler para estudar, divertir-se, informar-se, instruir-se, emocionar-se, passar o tempo, recitar, compartilhar informações, apreciar, vivenciar diferentes situações de leitura |
Referências: | LOBATO, Monteiro. Idéias de Jeca Tatu. São Paulo: Brasiliense, 1964. ABREU, Márcia; SCHAPOCHNIK, Nelson (orgs). Cultura Letrada no Brasil: objetos e práticas. São Paulo: FAPESP, 2005. BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. 5ª edição. São Paulo: Perspectiva, 1999. CANDIDO, Antonio. Formação da Literatura Brasileira: momentos decisivos. 3° edição. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975 |