Esta atividade de Língua Portuguesa tem como base o DC/GO – Ampliado e está destinada a estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental.
O gênero literário conto surgiu da tradição oral, antes mesmo da escrita. Com o passar do tempo, esse gênero foi ganhando forma e características particulares, colocando em evidência a cultura e os valores de um povo.
Os Irmãos Grimm entraram para a história como folcloristas e por suas coletâneas de contos infantis que foram coletados da tradição oral alemã. Eles coletaram mais de 150 contos e, em 1812, lançaram o primeiro volume “Contos de Fadas para o Lar e as Crianças”, em nossa língua.
O conto atravessa gerações, e frente à passagem do tempo é natural que a estrutura do gênero vá se modificando. Assim, podemos afirmar que o conto é um gênero de definição delicada, pois suas características vão mudando com o tempo.
Há diversos tipos de contos: realistas, populares, fantásticos, de terror, de humor, infantis, psicológicos, de fadas, por exemplo. O conto é um texto curto em que um narrador conta uma história desenvolvida em torno de uma situação que dá origem aos acontecimentos de uma narrativa. Em geral, há poucos personagens e poucos locais, até porque a história é breve, o que dificulta a presença de muitos lugares e personagens diferentes.
A estrutura do conto costuma ser composta por quatro partes: apresentação do enredo, desenvolvimento dos acontecimentos, momento de tensão – clímax, e solução – desfecho. É importante ressaltar que nem todos os contos possuem um desfecho fechado (como o conto de fadas e o “felizes para sempre”), com a resolução da situação.
A marcação do tempo pode ser cronológico (quando as coisas acontecem numa sequência normal, de horas, dias, anos) ou psicológico (quando as coisas não acontecem em outra sequência, mas de acordo com a imaginação do narrador ou de um personagem).
Assim como o tempo, o enredo pode não ser linear. Essa possibilidade e tantas outras, associa-se ao estilo de quem escreve. O narrador do conto pode ser personagem, observador, onisciente… não há limitações para essas vozes que organizam a narrativa.
Assista à videoaula do professor Marlon Santos sobre essa temática.
Responda às questões a seguir.
Leia o conto para responder às questões.
O primeiro dia de aula
Lucas estava parado diante do portão da nova escola, sentindo o coração bater acelerado no peito. O enorme prédio parecia imponente, com suas janelas altas e corredores que, do lado de fora, pareciam infinitos. Ele respirou fundo e olhou ao redor, vendo grupos de alunos conversando animadamente. Todos já pareciam se conhecer, menos ele. O primeiro dia em uma escola nova sempre tinha sido o seu maior medo, e agora, aqui estava ele, prestes a enfrentar exatamente isso.
Alice e Clara estavam ao seu lado. Elas também estavam um pouco nervosas, mas Alice, como sempre, tentava esconder isso com seu habitual otimismo.
– Relaxa, Lucas – disse Alice, dando-lhe um leve empurrão no ombro. – Vai ser divertido. Um monte de gente nova pra conhecer! A escola parece enorme. Vai ser como uma aventura!
Lucas deu um sorriso fraco, mas suas mãos ainda suavam. Ele não conseguia compartilhar o entusiasmo de Alice. Para ele, “aventura” era uma palavra assustadora, cheia de incertezas. E o desconhecido o deixava desconfortável.
– E se ninguém quiser falar com a gente? – perguntou ele, quase sem perceber que estava falando em voz alta.
Clara, mais tranquila e observadora, o encarou com um olhar suave, mas firme. – A gente vai se virar. Sempre nos viramos, não é?
Lucas sabia que Clara tinha razão. Eles eram amigos há anos e sempre tinham enfrentado os desafios juntos. Ainda assim, a ideia de passar pelos portões, encarar professores novos, colegas novos e se adaptar a tudo isso era como uma grande muralha diante dele.
O sinal tocou, e os três se entreolharam. Era o momento. Alice deu um largo sorriso e puxou Lucas pelo braço.
– Vamos nessa, gente! Melhor entrar antes que a gente fique preso do lado de fora.
Assim que atravessaram o portão, Lucas se viu cercado por rostos desconhecidos. Pessoas riam, se abraçavam, se cumprimentavam como velhos amigos. Ninguém parecia notar a presença dos três recém-chegados, o que, de certa forma, aliviava um pouco Lucas. Mas, ao mesmo tempo, ele se sentia invisível, como se estivesse fora de lugar.
Quando entraram na sala de aula, o nervosismo voltou. As carteiras já estavam quase todas ocupadas, e todos os olhares se voltaram para eles. Lucas sentiu o rosto esquentar, as mãos suadas apertando a alça da mochila.
Alice, sempre à frente, apontou para três carteiras vazias no fundo da sala e caminhou até lá sem hesitar. Clara a seguiu, e Lucas foi o último, com passos inseguros. Sentou-se na última cadeira, desejando que ninguém o notasse mais.
Conforme o professor começou a chamada, Lucas mal conseguia prestar atenção. Seu estômago estava embrulhado, e ele se perguntava se algum dia se sentiria confortável ali. Será que algum dos outros alunos viria falar com ele? Ou será que ficariam o ano inteiro invisíveis, como intrusos?
Alice, ao contrário, já estava conversando com a garota sentada ao seu lado, rindo de algo que a menina disse. Lucas olhou para ela com admiração. Como Alice conseguia ser tão confiante, tão à vontade em qualquer lugar? Ele desejava ter um pouco dessa coragem.
Clara, por outro lado, estava mais quieta, mas parecia tranquila. Ela fazia pequenas anotações no caderno, como se estivesse se concentrando apenas nas instruções do professor. Clara nunca parecia se deixar afetar pelas emoções ao seu redor. Lucas se perguntou como ela conseguia isso.
Enquanto o professor falava sobre as regras da escola e o cronograma do ano, Lucas se perdeu em seus próprios pensamentos. E se ele não conseguisse fazer amigos? E se ficasse sozinho durante os intervalos? Essas perguntas martelavam em sua mente, enchendo-o de insegurança.
De repente, uma folha de papel dobrada caiu em sua mesa. Lucas olhou ao redor, confuso, até que percebeu que tinha vindo de Clara. Ele a olhou, e ela apenas acenou com a cabeça para que ele abrisse o papel.
“Vai ficar tudo bem. Estamos juntos.”
Aquelas poucas palavras eram tudo o que ele precisava. Lucas sorriu para Clara, que lhe devolveu um pequeno sorriso tranquilizador. Alice, que percebeu o que estava acontecendo, virou-se e piscou para ele, como se dissesse: “Eu te disse!”
Ao final do primeiro dia, as coisas não pareciam tão assustadoras quanto no início. Lucas sabia que ainda teria desafios pela frente, mas com Clara e Alice ao seu lado, sentiu que talvez, só talvez, ele poderia encarar essa nova escola com menos medo e mais confiança.
E assim, enquanto eles caminhavam juntos para fora da escola, Lucas respirou fundo, sentindo o ar fresco da tarde e um alívio suave em seu peito. O primeiro dia tinha sido difícil, mas ele não estava sozinho. E isso, no fundo, fazia toda a diferença.
Elaborado pela Equipe do NEC/SME – Goiânia para fins didáticos.
QUESTÃO 1
No conto “O primeiro dia de aula”, o principal foco do narrador é contar
(A) as aventuras que os personagens vivem em seu tempo livre.
(B) a relação de amizade entre Lucas, Alice e Clara.
(C) os desafios emocionais e inseguranças de Lucas ao enfrentar o primeiro dia de aula.
(D) a descrição detalhada do ambiente escolar e dos professores.
QUESTÃO 2
A narração do conto é feita na
(A) primeira pessoa, com Lucas narrando suas próprias experiências.
(B) primeira pessoa, com Clara narrando os acontecimentos.
(C) terceira pessoa, com um narrador que sabe apenas o que Lucas está pensando.
(D) terceira pessoa, com um narrador onisciente que sabe o que todos os personagens estão sentindo.
QUESTÃO 3
Como as amigas de Lucas, Alice e Clara, lidam com a mesma situação que ele no primeiro dia de aula, e de que forma isso influencia a maneira como o garoto enfrenta suas inseguranças?
QUESTÃO 4
De que maneira o conto explora o tema da amizade no contexto de uma nova fase da vida escolar? Cite exemplos do texto.
QUESTÃO 5
A amizade é uma das forças mais poderosas nas relações humanas, sendo capaz de oferecer apoio, consolo e motivação em momentos de adversidade. Em meio a desafios, incertezas ou situações de conflito, um amigo pode representar a diferença entre se sentir perdido e encontrar força para seguir em frente.
Escreva um conto em que os personagens enfrentam um momento difícil em suas vidas, e a amizade se mostra essencial para superar o obstáculo. Você pode abordar diferentes tipos de desafios – pessoais, familiares, escolares, ou até mesmo questões mais complexas como mudanças na vida, perdas ou injustiças. Mostre, ao longo da narrativa, como o vínculo de amizade entre os personagens os ajuda a encontrar soluções ou encarar os problemas de forma mais leve.
Instruções:
Lembre-se de explorar os sentimentos e emoções dos personagens ao longo do texto.
O conto deve conter de 2 a 4 personagens, destacando o relacionamento entre eles.
Desenvolva um enredo com início, desenvolvimento e desfecho, evidenciando como a amizade influencia a resolução ou superação da dificuldade apresentada.
Utilize descrições e diálogos para construir a relação entre os personagens e o contexto da narrativa.
Autoria: | Marlon Santos |
Formação: | Letras – Português |
Componente curricular: | Língua Portuguesa |
Habilidade estruturante: | (EF69LP47-B) Perceber como se estrutura a narrativa nos diferentes gêneros e os efeitos de sentido decorrentes do foco narrativo típico de cada gênero, da caracterização dos espaços físico e psicológico e dos tempos cronológico e psicológico, das diferentes vozes no texto (do narrador, de personagens em discurso direto, indireto e indireto livre), do uso de pontuação expressiva, palavras e expressões conotativas e processos figurativos e do uso de recursos linguístico-gramaticais próprios a cada gênero narrativo. |
Referências: | Documento Curricular para Goiás (DC-GO). Goiânia/GO: CONSED/ UNDIME Goiás, 2018. Disponível em: <https://cee.go.gov.br> Acesso em: 01, set. 2023 GOIÂNIA. Secretaria Municipal de Educação. Aprender Sempre. 6° ao 9º ano – Ensino Fundamental; Língua Portuguesa; 3° Bimestre; Goiânia, 2024. |